20| Schwartz, no Controle

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Você me pediu para abrir mão, mas eu pensei que sabia melhor

Com medo de me render e do que eu não conheço

Eu sempre tive um plano, mas agora estou tão cansado

E não consigo ver claramente, esqueci quem eu sou.

Control, For King & Country.

''Algumas coisas são planejadas, outras não. Mas isso faz perder a importância delas? Planejar a vida inteira pode ser um erro, porque, ao perceber que as melhores coisas que aconteceram em sua vida vieram sem o seu planejamento, isso pode ser dilacerante. Para os bons controladores, aquilo teria que parar...Ao menos que eles estivessem gostando disso. Eles estavam? Também me perguntava isso. Não tinha todas as respostas. Mas podia notar que, a verdade era como penumbra nos seus olhos, porém, quando ela o olhava, era como se o sentido resplandecesse e se aquilo fosse o certo. Como se aquele fosse o caminho. Assim como ele, ela sempre escolhia. E assim como ele, ela também escolhia olhar para o fundo da alma dele.''

BELLA WALDORF

Não duvidem que com todo o afinco eu tentei. Tentei inventar mil desculpas e negações favoráveis para não comparecer ao baile. Mas foi totalmente impossível. Todos, sem exceção alguma, desde que Morris anunciou sobre o baile só falavam disso. Só falavam do baile, e propositalmente ou não, da possível rainha dele. No dia seguinte à anunciação das candidatas a rainha, eu fui à coordenadoria da faculdade. Entrar naquele ambiente me fez recordar dele. Não percebi quando meus dedos passavam lentamente sobre a porta e meus olhos passeavam sobre todo o local. Fazia praticamente duas semanas desde que eu ingressei e me deparei com os olhos mais atormentados da minha vida. Parecia que tinha passado tanto tempo...

Entro rapidamente na coordenadoria tentando ofuscar as lembranças e memórias que só me levavam a um certo cara tatuado de olhos verdes. Aquilo tinha que parar. Eu simplesmente não podia pensar tanto no Diabo ao ponto de não querer mais outra coisa. Eu teria que parar de vez em pensar nele, Zachary Schwartz precisava sair de mim. Ele precisava me deixar em paz.

Será que era esse o preço de ter desejado entrar no inferno do Schwartz? Minha mente ferver cada segundo em um purgatório de lembranças dele?

O ambiente está vazio e idêntico ao que entrei pela primeira vez. Eu tinha mudado tanto desde que entrei aqui, estremeci...Mary não trabalhava mais lá, pelo visto, pois uma secretária mais velha e que parecia ter sessenta anos de idade me aguardava com uma cara de poucos amigos. Me senti extremamente culpada pelo que aconteceu com Mary. Constatei que mesmo sem conhecer totalmente Zachary e seu lado infernal, duas pessoas tiveram suas vidas interrompidas somente por uma possível colisão. Era isso que temia. Quantas pessoas se destruiriam em troca de eu ter qualquer coisa com o Diabo? Não posso ser egoísta a esse ponto.

— Boa tarde, no que posso ajudá-la? — Me aproximo da bancada onde ela se encontra. Os olhos dela são escuros, e as ondas em seus cabelos vão até os ombros. Ela usa um cardigan verde.

— Boa tarde, a Mary não trabalha mais aqui? — Indago não querendo ouvir a resposta ideal. Sabia que uma parte de mim acreditava que Zachary não deixaria seu egoísmo beirar a imensidão. Ele não poderia demiti-la somente por...Eu precisava parar, por Deus. Aquilo me consumia. Eu não devo esperar sempre o melhor dele.

— Não acredite tanto nos boatos. Ela está de férias, com a família.

— Na Colômbia? — Não percebo quando as palavras saltam de minha boca.

OUTSIDE [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora