Dezessete de Abril

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Fazia um tempo desde que Namjoon o estava tratando. Não entendia perfeitamente a cabeça do garoto em sua frente. Ele estava perturbado pelo passado, pelo que perdeu duas vezes e quando parecia se recuperar ele provava mais uma vez que não havia chegado nem perto. Aumentou as dosagens de remédio e o número de sessões terapêuticas quando percebeu que ele era um perigo para si mesmo e para outras pessoas. Pensou em recomendá-lo para um psiquiatra, mas ele insistiu que não iria nem fazer questão de vê-lo, preferia contínuar com as simples sessões. Namjoon até mesmo entrou em contato com os pais do garoto, os informando da situação delee. Mas por algum motivo eles não retornaram.

O Kim o via como uma incógnita, difícil de entender, e ainda mais de resolver. A cabeça de seu paciente era um labirinto em que podia se perder facilmente. Suas respostas eram sempre curtas, não importava o que perguntasse. Aparentemente o garoto tinha uma vida social perfeita, sorria para todos e até mesmo tinha uma queda por alguém, além de ser rico. Tudo o que tornou ele uma pessoa normal no meio de várias outras pessoas. Ninguém desconfiava de sua mente maltratada e perturbada. Ele era perfeito e passava despercebido por todos.

Sentado naquela poltrona vermelha. Ele respondia de forma breve as perguntas feitas por Namjoon.

— Me diga, como se sente hoje? — o psicólogo perguntou especificando aquele dia em si. Sabia o que ele significava para o paciente.

— Oco, vazio... — ele respondeu olhando para a lâmpada acesa que o deixava um pouco distraído.

— Pretende fazer algo diferente hoje?

— Sim..., e isso me deixa ansioso e animado, espero por hoje a muito tempo.

— O que vai fazer? — Namjoon perguntou sentindo real curiosidade naquilo. Ele sabia que deveria tentar ir além das palavras do paciente. Porque muitas das vezes ele podia o enganar, ele podia o influenciar no momento em que achava que era ele quem estava influenciando.

— Você sabe, eu te contei.

— Não, acho que você não contou — o psicólogo disse. Ele tinha quase certeza de que ele não havia contado, mas as vezes aquele paciente em específico conseguia confundir sua mente com metáforas, músicas, citações ou até filmes. Metade do que ele dizia tinha algo por trás, mas era difícil identificar o que era e em quais eram.

— Acho que você se esqueceu então..., tente lembrar — ele tombou a cabeça para o lado e sorriu.

•••

Algumas coisas nunca poderão ser mudadas. Yoongi percebeu isso quando se viu diante do apartamento de Taehyung, em dezessete de fevereiro esperando que ele abrisse a porta naquele mesmo horário da manhã, sempre as nove. Mas era a última vez que faria aquilo, era a última vez que se submeteria a sentir a dor de Taehyung. Depois disso ele iria finalmente transformar as coisas no que elas deveriam ser.

A porta foi aberta e ele teve a visão do melhor amigo – do qual nem sabia se poderia realmente chamar assim – usando uma calça de moletom larga e uma blusa preta, ele tinha olheiras fundas e escuras, seus olhos e nariz estavam vermelhos como se ele tivesse chorado por horas, além do cabelo bagunçado e o sangue nos nós de seus dedos como se ele tivesse socado a parede.  Ele estava realmente péssimo. Se encararam por breves segundos e então Yoongi entrou no apartamento e foi direto para a cozinha enquanto Taehyung trancava a porta usando sua nova senha.

O Min preparou um café forte e torradas para o amigo comer e colocou diante dele que só mordeu um pedaço da torrada e tomou o café com uma expressão angustiada no rosto. No fim aquilo nunca mudaria, Taehyung nunca mudaria mesmo que aquela data se repetisse por mais cem anos. O dia em que Sejeong morreu sempre será um inferno na vida dele.

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