Capítulo 21

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Era um lugar pequeno, tinha uma sala dividida com a cozinha, um banheiro e um cômodo que eu deduzo ser um quartinho. Havia caixas por todos os lugares e um colchão no chão.

-Eu vim para cá recentemente, por isso toda essa bagunça – ele disse e eu assenti, ainda olhando ao redor.

-Onde você morava antes? – eu perguntei curiosa.

-Em outro quarto de aluguel, mas cansei de lá – ele disse olhando para o lado. Ele estava mentindo.

-A gente já chegou na fase perguntas? – eu andei até o colchão e me sentei, ele me lançou um olhar estranho – Para com isso! – eu reclamei – Eu gosto de você, Hoseok! E eu confio em você, eu só quero saber mais um pouco, okay?

-Okay, eu vou tentar – ele disse e eu dei um meio sorriso.

-O que o Yan é seu? – eu perguntei.

-Meu pai o pegou para criar – ele suspirou – É como se fossemos irmãos.

-Você não o considera seu irmão? – eu cruzei as pernas sobre o colchão.

-Temos uma relação complicada – ele disse e eu assenti. Eu senti que aquele era o limite sobre aquele assunto.

-Entendo... – eu disse olhando para cima e ouvimos batidas na porta, na verdade, pela intensidade parecia mais pontapés.

Levantei do colchão um pouco assustada e Hoseok me olhou indo em direção a porta.

-O que está fazendo? – eu sussurrei e grudei no braço dele.

-Eu sei que está aí! Vai continuar se escondendo de mim, seu rato? – uma voz conhecida gritou com raiva.

-Yan? – eu pensei alto.

-Caralho! – Hoseok aparentemente pensou alto também.

-Se você não abrir a porra dessa porta eu derrubo – ele ameaçou e Hope se soltou de mim abrindo a porta.

Foi tudo muito rápido, Yan deu um murro no Hoseok, fazendo ele cair no chão e derrubar algumas caixas próximas. Eu olhei para aquela cena em choque, na verdade, a vida não me ensinou bem a lidar com situações extremas.

Finalmente o Yan, notou minha presença no local, enquanto Hope levantava do chão, havia sangue em sua boca.

-O que merda ela está fazendo aqui? – Yan perguntou para ele, mas me olhando.

-A gente conversa depois – Hoseok começou a empurrar ele levemente para a porta, e ele deu um empurrão no Hope, quase o desequilibrando.

-Você realmente é uma idiota, não é? – ele se aproximou de mim ficando muito perto – A demonstração do hospital não foi o suficiente para te afastar? Você é burra?

-Chega Yan! – Hoseok o virou e eu percebi que havia uma tatuagem de flor do deserto na nuca dele, igualzinha à do pai.

-Nosso pai morre e você falta até o enterro dele? Que belo filho você é – ele disse com raiva.

-Você sabe bem o motivo – ele encarou com raiva o Yan e eles permaneceram assim por alguns segundos até ele se soltar.

-O que foi fazer? Comer ela? – ele olhou para mim e naquele momento eu não pensei em nada, apenas dei um tapa na cara com toda raiva que eu tinha, deixando até o Hoseok chocado.

-Chega disso! – eu disse com raiva, minha respiração estava mais pesada agora – Quem você pensa que é?

-... – ele colocou a mão no rosto e sorriu me olhando – Você vai se arrepender tanto disso.

-O que vai fazer? – eu falei alterada – Vai me ofender? Vai falar da minha família? Vai me bater? – eu surtei.

-Não se preocupe – ele aproximou o rosto do meu – O seu amado Hoseok vai cuidar da minha vingança, ou melhor, da vingança do pai dele.

-Vai se fuder, Yan – eu o empurrei e Hope me puxou.

-Chega Agnes! – ele me colocou para trás dele – Yan, vai embora.

-Não pense que nossa conversa acabou – ele fez uma pausa – Nem tente se esconder de mim... Você não quer que ela saiba, não é?

Yan saiu e bateu a porta, eu ainda estava meio alterada.

-Você ficou louca? Por que bateu nele? – Hoseok disse irritado.

-O que é? Está defendendo ele? Ele te deu um soco – eu rebati na mesma intensidade.

-Eu estou defendendo você! – ele gritou e eu olhei para o lado, meus olhos estavam quase marejando – Desculpa.

-Foi por causa dele que você foi espancado naquele dia, não é? – eu questionei e ele virou a cara. Respirei fundo para tentar me acalmar – Que dia seu pai morreu? Por que não me contou?

-No dia que eu fui para a sua casa, era o enterro dele – ele disse e eu o encarei.

-Você foi transar comigo por isso? – eu ri incrédula – Por isso que você apareceu lá em casa?

-O que você está insinuando? Que fui transar com você de raiva? É isso que você pensa de mim? – ele disse e eu senti a mágoa no seu tom de voz.

-Não, desculpa – eu olhei para o lado e suspirei – Você devia estar mal pela morte do seu pai – eu me aproximei dele e ele se afastou um pouco.

-Eu vou te levar para a casa, o bairro é perigoso – ele disse e eu neguei.

-Não posso ficar? – eu perguntei e ele me olhou – Eu não quero ir assim, vamos fazer as pazes.

Eu me aproximei dele e o abracei apertando forte.

-Desculpa, eu não quis insinuar nada – eu disse passando a mão no cabelo dele – Quando eu tenho as crises, é difícil pensar antes de falar – ele retribuiu o abraço.

Olhei para o chão e havia várias coisas esparramadas junto as caixas, uma coisa me chamou atenção me fazendo sair do abraço na hora e me abaixando para pegar.

-O que foi? – ele me olhou.

Uma pulseira dourada, idêntica à que a Rebeca usava, eu estava sensível, então meus olhos começaram a marejar imediatamente.

-O que foi? – ele se abaixou ao meu lado e olhou o que eu tinha nas mãos – Agnes? – ele me tocou.

-A Rebeca tinha uma igual – eu disse tocando nas ondulações da pulseira – Fazia muito tempo que eu não via uma dessas.

-... – ele pegou a pulseira da minha mão e eu o olhei – Sinto muito por ela, Agnes.

-... – eu assenti e ele me abraçou.

-Pode ficar aqui hoje – ele disse e eu me aconcheguei no seu peito.

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora