Capítulo 27

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Eu estava sentada na porta do hospital bebendo um café quando Morgana chegou apressada e se sentou do meu lado.

-Meu deus, você está bem? – ela tocou no meu ombro – O que aconteceu com seu namorado?

-Esse café é horrível e está gelado – eu disse deixando o copo sobre a outra cadeira – Ele está bem, houve um assalto.

-Isso é horrível! – ela disse preocupada e eu olhei para o lado – Ele já prestou queixa? Os homens que fizeram isso com ele tem que pagar.

-Sim, com certeza – eu disse com desdém e ela percebeu.

-Ei! O que foi? – ela perguntou e eu a olhei – Você parece meio distante.

-Não foi nada, eu só fui pega desprevenida – eu disse e ela assentiu compreensiva.

-O Hélio também soube, minha mãe ligou para ele – ela disse normalmente.

-Por que ela Tia Magda ligou? – eu questionei – O Hélio deve estar até comemorando.

-Para Agnes, você sabe que ele não é assim – ela disse e eu assenti.

-Desculpa – eu disse e peguei o café de volta.

-Eu tenho que ir para a faculdade, qualquer coisa me liga – ela disse e eu balancei a cabeça – Você devia descansar um pouco em casa, ou pelo menos atender as ligações da mamãe.

-Certo – eu dei um meio sorriso e ela deu um beijo na minha bochecha, indo embora.

[...]

Voltei para o quarto e Hoseok estava acordado, eu estava me sentindo um pouco culpada, fui muito dura com ele. Mas ao mesmo tempo eu sabia que eu tinha razão, tanto segredo entre nós, está me deixando louca.

-Eu pensei que você tinha ido embora – ele falou baixo e eu me sentei no sofá mais longe do leito.

-Você precisa de um acompanhante, deduzi que o Yan não iria lhe visitar – eu disse com raiva e ele ficou em silêncio. Percebi que eu tinha novamente estragado o clima.

-Quando foi que você começou a odiar nosso trato? – ele perguntou e eu o olhei – Você parecia mais feliz antes.

-Quando não há sentimentos sérios é mais fácil – eu disse e ele me encarou – Como você se sentiria ao me ver numa cama de hospital defendendo quem me espancou e sem nem dar uma explicação decente?

-Eu juro, Agnes – ele começou a dizer – Eu estava tentando tirar o Yan da minha vida, agora vamos poder ficar em paz.

-Como? – eu rebati – Como tem certeza que o Yan vai te deixar em paz? Você disse que ele era seu irmão, seu pai adotou ele.

-Ramiro era o chefe e agora que ele morreu, Yan virou o chefe – ele disse e eu fiquei meio confusa – Quando eu sai da gangue, eu apenas fui embora, sem pagar o preço – ele fez uma pausa – O Ramiro fez vista grossa porque eu era o filho dele.

-Gangue? – eu perguntei – Seu pai era chefe de uma gangue?

-Agora você entende minhas cicatrizes? – ele perguntou e eu ainda estava meio incrédula.

-Esse era seu segredo? – eu questionei e ele pareceu não ter entendido – Você evitou tanto esse assunto.

-O que quer dizer? – ele parecia estar confuso.

-Uma surra foi o preço que o Yan fez você pagar? – eu ri sem acreditar – Ele é muito ridículo mesmo.

-Agnes, eu não estou entendendo muito bem – ele começou a dizer e eu fiz um sinal para ele parar.

-Você poderia ter me dito bem antes – eu disse me levantando e sentando na beira do leito – Com certeza você não fez coisas boas no passado, mas se você se arrepende agora, podemos recomeçar.

-Você realmente acredita nisso? – ele perguntou e eu assenti sorrindo.

-Eu acredito em você, é o bastante, não é? – eu questionei e ele deu meio sorriso. Seu rosto estava todo inchado.

-Eu não queria isso, Agnes – ele começou a dizer – Eu também não sou filho biológico do Ramiro, mas ele me ofereceu um lar, me ofereceu uma família.

-Você já matou alguém? – eu perguntei e ele desviou o olhar. O silêncio reinou por alguns segundos – Por que decidiu sair?

-Eu queria poder viver, aquilo não era vida – ele respondeu e eu toquei na sua mão.

-Acha que realmente o Yan vai te deixar em paz? – eu perguntei meio preocupada – Ele não é confiável.

-Confie em mim, ficaremos bem agora – ele disse e apertou levemente a minha mão.

-Você devia parar de fugir da minha família – eu comecei a dizer olhando para baixo e depois olhei para ele – Até a Morgana ficou preocupada com você.

-Esse é um passo muito grande, vamos mais devagar – ele disse e eu sorri assentindo.

-Você não tem família? Parentes? Algo assim? – eu disse calma.

-Tudo que eu tinha era o Ramiro, eu não conheço além disso – ele disse e eu concordei.

-Você tem a mim agora, seu amuleto da sorte e sua nova família – eu disse e percebi que seus olhos estavam brilhando.

-Eu sinto muito, Agnes – ele disse e eu fiz carinho no seu braço.

-Vamos ficar bem, eu juro – eu disse e ele concordou.

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora