Capítulo 24

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Eu estava terminando de limpar a mesa e Hélio estava terminando de tirar o lixo, ele malmente olhava para mim, acho que foi nossa briga mais longa.

-Vamos mesmo fazer o jogo do silêncio? – eu perguntei quando ele passou por mim, mas ele me ignorou.

Meu celular tocou e era o Hoseok, me afastei um pouco e atendi.

-Já está terminando? – ele perguntou.

-Sim, eu e o Hélio estamos terminando de limpar – eu respondi mais baixo, não que eu quisesse esconder algo, só queria deixar o clima menos desconfortável para o Hélio – Você vem me buscar?

-Daqui a pouco eu chego, tenho que passar em um lugar antes – ele disse e eu assenti.

-Que lugar? – eu perguntei.

-Em breve eu chego aí – ele disse e desligou. Olhei feio para o celular, mas não tinha nada o que pudesse fazer.

-Namoradinho lhe deu um bolo? – Hélio finalmente disse alguma coisa e eu me virei para ele.

-Resolveu falar comigo agora? – eu questionei e ele revirou os olhos.

Ouvimos a porta abrir e o sino tocar.

-Sinto muito, já fechamos... – eu comecei a dizer, mas me surpreendi – Detetive Potter?

-Eu passei na sua casa e você não estava – ele disse diretamente para mim – Sua tia estava lá, ela me disse que estaria aqui.

-Algo aconteceu? – eu questionei e ele olhou para o Hélio.

-Podemos conversar em particular? – ele me olhou novamente e eu assenti.

-Claro, eu só preciso terminar de limpar as coisas e fechar o restaurante – eu disse, mas fui interrompida.

-Hoje eu posso fechar – Hélio disse e coçou a garganta. Ele realmente não gosta de dar o braço a torcer.

-Obrigada – eu falei com um meio sorriso – Vou me trocar e a gente pode conversar em um café aqui perto – eu disse e Potter concordou.

[...]

-Obrigada! – eu agradeci a garçonete que trouxe o meu café – Então, o que queria conversar comigo?

-Na verdade, eu queria esclarecer algumas dúvidas, por isso procurei você pessoalmente – ele disse e eu assenti – Essa foi a cidade em que seus pais morreram, não é?

-... – eu bebi um gole do café e concordei.

-Por que voltou? – ele perguntou e eu me ajeitei na cadeira.

-Depois que meus pais morreram, eu fui morar em outra cidade com minha tia, se passaram muitos anos desde o incidente, a cidade mudou muito, decidi voltar e recomeçar – eu disse e ele balançou a cabeça, só agora tinha percebido que ele estava anotando coisas – Isso é um interrogatório?

-Não, de jeito nenhum – ele olhou para mim de novo – Essas são minhas anotações pessoais.

-Entendo – eu disse e bebi mais um gole do café.

-Na verdade, Agnes – ele começou a dizer e eu o encarei – O sequestro da sua irmã não faz sentido nenhum, eu comecei a ir além para tentar achar uma lógica.

-O que quer dizer? – eu questionei.

-O caso do incêndio, todos os arquivos estão confusos e contraditórios, o detetive se demitiu e sumiu após o resolver – ele disse e eu me inclinei sobre a mesa.

-Acha que o sequestro e o incêndio estão interligados? – eu disse pensativa – Mas o incêndio foi um acidente, a fiação da casa estava ruim.

-Na verdade, a dona da casa negou que a fiação da casa que ela alugou estava ruim – ele disse e eu fiquei meio confusa – Na verdade, ela, dias depois mudou o depoimento e assumiu que alugou a casa em más condições.

-Ela estava com medo de admitir a culpa – eu argumentei.

-Ou ela foi coagida a mentir – ele disse e muita coisa começou a passar pela minha cabeça – Andei pesquisando, antes dessa cidade, vocês moraram em outra, certo?

-Eu nasci e cresci na cidade de Clarinda, quando a Rebeca ficou maior, viemos visitar a cidade de Clinton, viemos só passar as férias, mas a Rebeca sumiu e tudo mudou – eu disse tentando me manter focada – Acabamos nos mudando para uma casa aqui na cidade por causa das investigações e depois de três anos houve o incêndio – eu fiz uma pausa – Fui morar com minha tia em outra cidade e depois de adulta voltei para cá.

-Sua mãe nasceu onde? – ele perguntou e eu fiquei confusa.

-Por que? – eu rebati e olhei para o lado – Ela também nasceu em Clarinda.

-Foi ideia dela? Vocês virem visitar Clinton? – ele perguntou e eu tentei pensar.

-Não tenho certeza, eu tinha apenas dez anos na época – eu disse e ele assentiu – Onde quer chegar com isso?

-Sua mãe não nasceu em Clarinda, ela nasceu em Clinton – ele disse e eu arregalei os olhos um pouco.

-Como assim? – eu indaguei.

-Eu irei pedir um café também, parece que essa conversa será longa – Potter disse chamando a garçonete logo depois.

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora