Capítulo 29

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Sai da cozinha e a parei no corredor, a levando para dentro do quarto.

-Quem é meu pai então? – eu perguntei angustiada – Como minha mãe pôde fazer isso com o papai?

-Ela se meteu em confusão, George gostava dela, e após ela descobrir a gravidez, ela se aproveitou disso e eles se casaram – minha tia disse e eu estava boquiaberta – A Clarissa era imatura na época, ela estava confusa e preocupada com o futuro.

-A senhora sabia e deixou que ela enganasse o papai? – eu perguntei e desabei na cama.

-Você não viveu o que sua mãe viveu, não a culpe – ela a defendeu – Você foi feliz, você teve uma família boa, teve um bom pai, isso não é o mais importante?

-Ele descobriu? – eu disse emotiva.

-Depois que a Rebeca desapareceu, ele acabou descobrindo – ela disse e eu senti meu coração apertar.

-É por isso que ele me odiava? – eu questionei e ela se sentou do meu lado, segurando minhas mãos.

-Ele nunca te odiou – ela disse e eu puxei minhas mãos.

-A senhora viu tudo, a senhora viu como ele me tratava depois que ela sumiu – eu disse e minha tia parecia ter ficado abalada.

-Foi difícil para ele – ela disse e eu respirei fundo.

-Cadê meu pai? – eu perguntei a olhando.

-Ele morreu, a última notícia que eu soube dele, foi sobre sua morte – ela disse e eu assenti.

-Por que não me contou isso antes? – eu indaguei.

-Você passou por tanta coisa na vida, Agnes – ela tocou na minha mão e eu a olhei – Eu só queria que visse as coisas boas agora – seus olhos estavam marejados, fazendo os meus marejarem também – Você finalmente encontrou alguém, está feliz... Não deixe isso te abater, nada pode ser mudado de qualquer jeito.

-A Rebeca era realmente filha dele? – eu perguntei e minha tia me repreendeu com o olhar.

-Claro que era – ela confirmou – Sua mãe sempre foi muito grata ao George, mesmo ele inicialmente não sabendo o motivo – ela fez uma pausa – Ele acolheu sua mãe, ocultou o passado dela.

-Eu sempre tive a sensação que não conhecia meus pais – eu disse e ela assentiu – Eles às vezes pareciam estar ali, mas estavam tão distantes... Depois que a Beck sumiu, foi como se nossa família tivesse acabado.

-Não diga isso – minha tia passou a mão no meu cabelo – Perder um filho é devastador, não os culpe por não saber lidar com a situação.

-Eu não consigo tirar da minha cabeça o qual estranho é o desaparecimento da Rebeca – eu a olhei e ela olhou para baixo triste – Realmente minha mãe nunca recebeu um pedido de resgaste?

-Não – ela negou – Não sabemos o que aconteceu.

-Isso é muito esquisito – eu comentei e minha tia me olhou – Não houve motivos para o sequestro dela e também não houve pedido de resgaste?

-Existem pessoas maldosas no mundo – ela disse e suspirou – Não precisam de motivo.

-Eu sei, mas o corpo dela ficou ocultado por quatorze anos, não é como se parecesse um crime comum – eu disse conformada – Eu queria que as coisas pudessem ter sido diferentes.

-Eu sei – ela tocou no meu ombro.

Ficamos em silêncio e quando eu levantei, eu me lembrei de algo.

-Por que ficamos em Clinton, tia? – eu questionei e ela pareceu meio surpresa – Por que meus pais quiseram continuar nessa cidade terrível?

-Seu pai que quis, ele tinha esperança nas investigações – ela disse, mas tinha algo errado.

-Não! – eu neguei – Meu pai sempre quis ir embora, ele perdeu a fé depois de um ano, minha mãe que quis ficar, eu lembro disso claramente.

-Sim – ela mudou de opinião – Faz muito tempo, eu não me recordo bem.

-Não vamos ter mais segredos, não é tia? – eu perguntei a encarando fixamente e ela levantou da cama.

-Eu prometo, sem mais segredos – ela me abraçou de repente e eu retribui o abraço – Agora você finalmente sabe de tudo, podemos virar a página.

[...]

Entrei no quarto de fininho para não acordar o Hoseok e peguei a chave sobre a cômoda perto da cama. Ele segurou meu braço de repente e eu quase gritei com o susto.

-Ficou maluco? – eu coloquei a mão no peito.

-Você e sua tia brigaram? Vocês estavam falando alto! – ele disse e eu sentei ao lado dele.

-Não foi nada, apenas descansa – eu disse carinhosa.

-Por que está fugindo de me dizer as coisas? – ele perguntou e eu neguei.

-Eu não estou fugindo, eu só quero que descanse um pouco, não se preocupe com nada – eu dei um meio sorriso.

-Podemos comprar roupas novas, não precisa ir pegar lá em casa – ele disse meio apreensivo.

-O que foi? Tem algo que eu não posso ver lá? – eu falei atrevida.

-Não, só estou preocupado – ele disse e eu assenti olhando para o lado – O que foi? – ele perguntou e eu neguei.

-Não se preocupe, eu sou bem grandinha, posso cuidar de mim mesma – eu disse e ele apenas me olhou.

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora