Capítulo 23

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-Vamos nos ver hoje? – eu mandei uma mensagem para o Hoseok e guardei o celular.

Peguei a chave e destranquei a porta, tia Magda estava tricotando algo e assim que me viu, sorriu e me chamou para o sofá. Fechei a porta e me sentei ao lado dela.

-O que está fazendo? – eu perguntei.

-Estou tentando tricotar luvas para a Rebeca – ela disse e eu fiquei um pouco sem reação – Ela me pediu quando eu a vi pela última vez, acho que iria ficar bom pra deixar junto com as cinzas dela no columbário.

-A senhora concorda com a cremação? – eu questionei e ela assentiu.

-Claro, eu vou fazer o que você quer, querida – ela tocou no meu braço e eu dei um meio sorriso.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até eu ter coragem de falar novamente.

-Tia? – eu a chamei.

-Sim? – ela me olhou terna.

-A senhora lembra de uma pulseira dourada que a Rebeca usava? Depois que ela ganhou, ela nunca tirava do braço – eu comentei e ela concordou.

-Eu não lembro direito, mas havia muitas delas, não é? – eu disse e ela pareceu pensar.

-Uma atriz mirim usou numa novela e virou febre – ela disse como se finalmente tivesse lembrado – Eu comprei uma para a Rebeca, mas pintei o fecho de prata, para poder ficar exclusiva.

-A senhora falou com o detetive, não foi? – eu perguntei e ela confirmou, ela parecia estar mais triste agora – Ele disse que a pulseira não foi achada.

-Faz quatorze anos, Agnes – ela disse tentando se manter forte – Não dá para pensar no sumiço de uma pulseira – ela respirou fundo – Por que mencionou isso agora?

-Eu vi uma parecida recentemente e acabei me lembrando disso – eu comentei e ela assentiu.

Tia Magda voltou a tricotar, eu acho que ela ficou meio mexida com a conversa.

-No dia que a Rebeca foi levada, eu falei sobre uma tatuagem – eu comecei a dizer e ela me olhou – A senhora lembra o que eu disse sobre o desenho?

-Por que está me perguntando isso? – ela se virou totalmente para mim.

-Lembra da Andrade? – eu disse e ela concordou como se tentasse lembrar – A produtora, na verdade, na época que a senhora a conheceu, ela era uma repórter novata.

-Aquela louca? – ela perguntou e eu concordei meio sem jeito – Ela voltou a te incomodar?

-Não – eu sacudi as mãos de imediato – Mas conversamos há um tempo atrás e ela me disse que voltou a investigar o caso do zero para tentar achar mais pistas.

-Nem a polícia conseguiu pegar o responsável por isso, por que ela conseguiria? – minha tia perguntou e eu suspirei – Isso não vai trazer nada de bom.

-Não acha que devíamos dar mais credibilidade a Andrade? – eu insisti – A senhora sabia que o detetive responsável na época se matou de repente? – eu disse e ela me olhou de imediato.

-A Andrade está indo tão longe assim? – seu tom de voz mudou – Você devia dar um basta nisso, não a incentive mais.

-A senhora o conheceu? Acha que ele realmente se matou? – eu indaguei e ela parecia cada mais vez desconfortável.

-Eu não posso ter certeza do que se passa na cabeça de outra pessoa – ela disse e levantou – Eu estou um pouco cansada, vou deitar um pouco.

Ela começou a andar e eu levantei a chamando.

-Você e a mamãe andavam cheias de segredinho quando eu era mais nova – eu disse sem rodeios – Desde que a Rebeca sumiu, a senhora vivia grudada aqui em casa.

-O que está querendo dizer? – ela se virou para mim, mas parecia insegura.

-A senhora sabe de algo, não é? – eu respondi – Algo que eu não sei.

-Nada, Agnes, vai mudar o passado – ela disse mais séria – Não há nada que podemos fazer para trazer de volta a Rebeca ou seus pais.

-Eu não mereço saber a verdade? – eu disse mais firme e ela suspirou.

-Eu vou me deitar um pouco, você devia fazer o mesmo – ela disse e se virou indo embora.

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora