Capítulo 6

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Estava me arrumando para trabalhar, quando ouço a porta abrir, fui até a sala e Morgana estava jogada no sofá.

-Você sumiu por dois dias! – eu disse estressada e ela me olhou.

-Bom dia para você também – ela disse e eu suspirei.

-Se for para você me dar mais uma preocupação, acho melhor você ir embora daqui – eu disse séria e ela se sentou.

-Ave! Calma! – ela disse defensiva – Eu só estava numa festa, acabou durando mais que eu pensei – ela fez uma pausa – E eu te mandei uma mensagem.

-Você me mandou uma mensagem dizendo "estou bem" – eu rebati – E não atendeu nenhuma ligação.

-Eu não ouvi, o celular descarregou, sei lá – ela disse e eu concordei.

-Tanto faz – eu disse e respirei fundo.

-O que houve? Você parece irritada – ela disse e eu mudei a feição.

-Eu tenho zero motivos para isso, não é? – eu peguei meu celular sobre a mesinha de centro – Estou indo trabalhar.

Sai de casa e decidir ir andando para espairecer, essa semana não poderia estar pior. Meu celular tocou, era um número desconhecido, rejeitei mas, ligaram de novo logo em seguida, decidir atender e infelizmente admito que esperei que fosse uma pessoa específica.

-Agnes? – ela disse assim que eu atendi – Aqui é a produtora Andrade – ela disse rápido – Não desligue.

-O que foi dessa vez? – eu respondi impaciente – Eu não vou fazer uma entrevista sobre a Rebeca.

-Eu sei – ela falou – Mas eu descobri uma coisa que pode ajudar no caso dela.

-Da última vez que você me deu esperança desse jeito, eu tive que voltar para a terapia – eu disse séria – Então não, obrigada.

-Acharam restos mortais de uma criança semana passada, mas eles ainda não conseguiram identificar – ela disse e eu senti meu coração apertar.

-Você me ligou para dizer isso? – eu disse meio angustiada.

-Até hoje, o sequestro da sua irmã é um caso sem explicação – ela falou – Sua família não tinha dinheiro, nunca pediram resgaste dela, simplesmente sumiu.

-Se isso é tudo... – eu ameacei desligar.

-Você é a única testemunha do sequestro dela – ela disse e as memórias começaram a passar pela minha mente – Eu sei que a polícia não acreditou em você, porque você tinha apenas dez anos e bateram na sua cabeça com força – ela fez uma pausa – Mas eu acredito, por favor, aceite a entrevista.

Flashback on

Rebeca estava de mãos dadas comigo, quando de repente uma pessoa a puxa de mim e assim que me virei, sinto algo acertar minha cabeça com muita força e eu cai no chão. Não fiquei inconsciente de vez, minha visão estava turva e eu estava sentindo muita dor, mas mesmo assim consegui ver o homem a levando enquanto ela chorava, até eu apagar de vez.

Flashback off

-Você mencionou que o homem tinha uma tatuagem, certo? – a produtora insistiu – Mas isso não está na declaração oficial.

-Minha memória de infância não é mais confiável, você sabe disso – eu disse um pouco mexida.

-Se mudar de ideia, por favor, não deixe de me ligar – ela disse e eu olhei para cima, para não chorar.

-Okay, eu irei pensar – eu disse rápido, para ela não notar meu tom de choro.

-Sua irmã merece descansar, Agnes – ela disse e uma lágrima desceu pelo meu rosto.

Eu desliguei o celular e respirei fundo.

-Acharam restos mortais, mas não significam que é a Rebeca – eu disse para mim mesma – Eu preciso apenas seguir em frente.

Assim que cheguei no restaurante, fui no vestiário me arrumar e saí para ajudar a servir as mesas com o Hélio. O movimento estava fraco, então sentamos no cantinho e ficamos conversando.

-Você está calada hoje – ele comentou e eu assenti.

-Eu estou bem – eu disse e ele suspirou.

-Eu acho que essa frase virou um vício seu – ele disse e eu dei um meio sorriso.

-Lamentar todo dia não vai trazer nada do que eu perdi de volta – eu respondi e ele me olhou, aquele olhar de pena dele acabava comigo. Mesmo não sendo intencional.

-Fingir estar bem, não irá te deixar bem também – ele disse e a porta do restaurante abriu.

Hélio foi recepcionar o cliente e assim que eu bati o olho nele, era ele, o Hoseok. No impulso, eu acabei levantando da cadeira e acho que essa minha reação ficou óbvia.

-Ela! – ele apontou para mim – Eu quero que ela me atenda!

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora