Capítulo 28

227 47 6
                                    

-Isso não é uma boa ideia! – ele disse apreensivo – Sua tia não está em casa?

-Você é tão covarde assim? Acha que vai passar seu pós-operatório naquele muquifo? – eu perguntei e ele me olhou estranho – Sem ofensas.

-Imagine – ele olhou para o lado e eu apertei os lábios para não rir.

Desci do carro e abri a porta, o ajudando a levantar.

-Não ia ser fácil te ajudar com você morando tão longe – eu disse e após ele sair do carro, eu fechei a porta.

Minha tia abriu a porta de casa, nós mal nos olhamos, depois da nossa briga, não conversamos mais. Ela até pediu mais dias de folga do trabalho, ela parecia empenhada em fazer as pazes comigo.

Ela se aproximou de mim, e ajudou o Hoseok segurando do outro lado, o clima estava meio estranho. O ajudamos a ir para o quarto e o deitamos na minha cama.

-Eu vou preparar um lanche para vocês – ela saiu meio desconfortável e eu fechei a porta.

-Eu perdi algo? – ele perguntou e eu neguei.

-Nada demais – eu respondi sem querer dar mais detalhes – Preciso que me dê a chave da sua casa – eu estendi a mão.

-Para que? – ele respondeu de imediato e eu olhei feio para ele.

-Você vai usar os meus vestidos, por acaso? – eu rebati cruzando os braços – Eu preciso pegar umas roupas para você.

-Eu não posso deixar você ir para lá sozinha – ele reclamou – Você mesmo viu como era o bairro.

-Eu vou com a Morgana, até com o Hélio – eu disse e ele revirou os olhos – Que foi? – eu ri.

-O Hélio? Sério? – ele disse ficando de mau-humor – Vocês estão se falando, por acaso?

-A gente sempre está se falando, só não estamos temporariamente – eu disse e ele fez cara de tédio.

-O Hélio é um idiota! – ele disse e eu olhei para cima.

-Pode até ser, mas só eu posso falar mal dele – eu disse e ele arqueou as sobrancelhas – Descansa um pouco – eu levantei da beira da cama e ele segurou meu pulso.

-Onde você vai? – ele perguntou meio acanhado e eu ri.

-Minha casa não vai devorar você – eu brinquei puxando meu braço de leve – Eu só tenho que falar com minha tia, você devia dormir, daqui a pouco está na hora do seu remédio.

-... – ele assentiu e eu dei um beijo de leve na testa dele.

Sai do quarto e fui para a cozinha, minha tia estava descascando laranjas e quando me viu ficou tensa de repente. Andei de um lado para o outro para fazer uma leve pressão.

-Potter falou comigo esses dias – eu comecei a dizer e ela colocou as laranjas sobre o prato – Ele procurou a senhora também?

-O que ele disse? – ela perguntou e eu andei até perto dela.

-Pela sua reação, você sabe muito bem – eu disse e ela se virou de vez.

-Dá para parar com isso, Agnes? – ela perguntou como se implorasse – Você está finalmente feliz agora, quer estragar isso?

-... – eu olhei para o lado – Eu devo viver na ignorância para sempre? Já não basta as memórias que eu perdi na infância?

-... – ela parecia estar mais emotiva.

-Minha mãe nasceu em Clinton – eu disse e ela arregalou os olhos – Por que ela mentiu? Por que viemos para cá naquele dia?

-Potter sabe disso? – ela pareceu preocupada.

-Fala tia! – eu disse exaltada e ela parecia estar assustada – Por que diabos ela mentiu? Por que ela fingiu não conhecer essa cidade? Por que viemos para cá?

-Ela precisava vir se encontrar com uma pessoa – ela disse olhando para baixo.

-Quem? – eu questionei.

-Agnes... – ela disse me olhando.

-Quem? – eu disse séria.

-Seu pai ameaçou aparecer em Clarinda, se ela não viesse – ela disse respirando fundo.

-Meu pai? Que história é essa? – eu perguntei confusa.

-O George não é seu pai de verdade – ela disse e eu arregalei os olhos.

-O que? – eu fiquei em choque.

-Sua mãe se meteu em muita coisa errada quando morava aqui, ela acabou engravidando e o George era ingênuo e gostava dela, não foi muito difícil de fazê-lo acreditar que era seu pai – ela disse e eu ainda estava incrédula.

-A senhora está dizendo que... – eu ainda estava atordoada – Isso não é possível.

-Eu sinto muito, Agnes – ela disse meio perturbada – Você quis saber... – ela se aproximou de mim – Era melhor viver na ignorância – ela engoliu seco e saiu da cozinha me deixando sozinha.

Continua...

De frente ao desconhecido (Fanfic Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora