Capítulo 37

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"Com dificuldade para respirar você me explicou o infinito, e o quão raro e belo é até mesmo existir."

Ana se lembrava com clareza das instruções da Dra. Greene, ela fazia tanto aqueles exercícios que já nem precisava mais da psiquiatra lhe ditando, as vezes se pegava fazendo sozinha no banho, ou então antes de dormir. Aquilo estava gravado em sua mente. Era os exercícios de respiração. Para dentro para fora, para por longos cinco segundos. Para dentro o máximo que conseguir e para fora bem devagar. Também havia os sinais físicos, ela precisava apertar o dedo polegar na ponta de todos os outros dedos num cinco de dez.

Ana usava muito aquelas etapas, em qualquer situação.

Primeiro, elas foram usadas para lhe fazer se controlar, um modo de tentar fazer a morena ter as drogas calmantes evitadas. Logo depois foi para a terapia contra a Riley Day. E funcionou mais que os outros esperavam até.

Era uma terapia bastante física e mental, a deixava completamente exausta, mas acima de tudo assustada. Era suposto que ela sentisse algo além de medo quando pequenos fiozinhos cobertos de energia eram colocados nas laterais de sua cabeça e leves choques eram acionados por ele.

E Ana esperava pela dor e aquilo a deixava paralisada.

Ela fora bastante estimulada a sensibilidade de seu cérebro para que registrasse algum desconforto em seu corpo, mas em dois meses que começaram, Ana nunca teve qualquer resultado físico, mesmo que de acordo com a ciência mental em si, ela estava pronta.

Até que Greene sugeriu algo mais avançado, arriscado até: causar dor a Ana. Claro que não fora bem visto por seus pais e muito menos por Christian. Aquela altura a morena já até concordava.

Queria sentir, mas era tão necessário assim? Valia o sofrimento e exaustão apenas para sentir dor?

Claro que ela entendia que não era apenas a dor. Sua expectativa de vida aumentaria bastante a sensibilidade, e também ela poderia começar a se sentir normal finalmente.

Mas valia a pena?

Nos últimos dias Ana havia pensado bastante sobre aquelas questões, quando via Christian irritado com a terapia que a deixava completamente fora de si ou então num estado letárgico, quando via sua mãe tendo os olhos lacrimejantes ao que Ana era imposta a mais um daqueles exercícios físicos.

Para eles ela era normal, e era eles que importavam.

Ana se lembra de ter aquelas conclusão naquela semana em algum dos dias.

Ela não sabe bem porque estava com aquilo em sua cabeça naquele momento, mas era o que tomava sua mente  enquanto fechava os olhos com força ao sentir um incômodo muito desconfortável em seu braço direito e sua cabeça pesava uma tonelada.

_ Ana - a voz de Christian pareci distante, mas ela sabia que ele estava bem ao seu lado, tocando em seu corpo.

Ela abriu e fechou os olhos novamente, a fumaça estava ficando densa naquele andar também, e de repente tudo estava tão quente, e o barulho muito alto.

_ Merda! - Christian xingou. - Nós temos que sair daqui, você consegue levantar? Amor, fala comigo.

Ele tocou em seu rosto, tirando o cabelo do caminho, e Ana sentiu que ali estava molhado.

50 Tons de Uma SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora