Capítulo 22

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Capítulo 22 – Choque analítico

"Na maioria das vezes, a gente só quer desesperadamente aquilo que não podemos ter."

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Ela o encarou em desafio, com petulância, como sempre fazia antes de ceder a fachada de durona e simplesmente desabar nele contando de seus dramas infinitos

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Ela o encarou em desafio, com petulância, como sempre fazia antes de ceder a fachada de durona e simplesmente desabar nele contando de seus dramas infinitos.
E ele não se importaria, claro. Amava cada uma de suas vontades e suas mudanças de humor constantes.

Ana usava o uniforme azul da PPS – Prisão Psiquiátrica de Seattle – mas de alguma forma ela mantinha aquela áurea de inocência. O cabelo preso num rabo de cavalo e a franjinha perfeitamente penteada grudava em sua testa por causa do suor, o rosto pálido como quando ela chegou em Priory, como se ela não tivesse pegado sol nas últimas semanas que esteve lá. De perto, Christian também pôde ver algumas manchas roxas em seus braços e pulsos, haviam alguns pontos vermelhos já quase roxos em seu pescoço também, com certeza resultado de muitas agulhas. Ele sabia que Ana era difícil, a garota provocava, irritava, fazia drama e o caralho a quatro, mas nada justificava a violência que todos lidavam com suas crises. Se ele conseguia ser paciente, por que ninguém mais conseguia?

_Oi – ela sussurrou, sorrindo de lado.

_ Oi – ele respondeu, tendo o cuidado de não tocar na garota mesmo que ela tenha estendido a mão e tocado em seu braço.

Ana tinha aquela coisa de querer ter as coisas no momento que sentia vontade de ter, não importava nada mais. E Christian a conhecia bem, sabia de todas as suas vontades, ele a estudou por semanas. Ela estava ali, se sentindo vulnerável com pessoas demais ao seu redor, entendia que era uma coisa de extrema importância que acontecia e ela tinha que se comportar. Mas saber aquelas coisas não impediu a garota de continuar puxando o braço de Christian, tentando trazê-lo perto o suficiente para que pudesse abraça-lo. E depois de duas semanas, um abraço era tudo o que Ana queria, de certa forma ela era carente. Foi tratada como incapaz por anos, falavam dela como se ela não estivesse a centímetros de distância, tocavam em seu corpo com violência porque ela não sentia nada, mexia com sua cabeça como se ela fosse uma marionete sem vida, faziam perguntas que ninguém sabia a resposta. Ela estava certa, machucaram-a de uma forma tão intensa que ela não sentia vontade alguma de estar com o ser humano. Mas Christian era diferente, ele mostrou que o contato era bom, que só porque ela não sentia fisicamente não queria dizer que ela não sentia nada.

_ Hey, calma, está tudo bem – ele tentou persuadi-la, tirando suas mãos de seu braço.

A garota passou uma delas pela testa, limpando o suor que era embebido em sua pele e respirando fundo.

_ Eu não consigo respirar – ela forçou sua fala, dessa vez se levantando enquanto o puxava.

_ Ana, você precisa se acalmar – ele insistiu, mas se assustou a ver a roupa da garota completamente molhada de suor.

50 Tons de Uma SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora