Capítulo 6

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Capítulo 6 - Um sonho ruim

"O que você sabe pode ser diferente do que você vê, mas parece que ninguém acredita nisso."

***

O relógio marcava três e quinze quando Ana deu o primeiro sinal. Não foi um estardalhaço, ela se mexeu para um lado e então para o outro, deitando de barriga para cima e forçando os olhos: um pesadelo.

Christian nada orgulhosamente havia caído no sono, mas com o costume leve de dormir, seus olhos se abriram no momento que a garota se mexeu. Os papeis em seu colo estavam completamente espalhados e a pasta de Ana no criado mudo.

_ Não... - ela sussurrou em seu sono agoniado. - Por favor... Eu não quero.

Ela apertou o lençol da cama com força e pressionou a cabeça.

Christian se levantou devagar, colocou os papeis na poltrona e se virou para a garota no momento em que ela paralisou.

Foi instantâneo, era como se ela tivesse chegado em um momento específico de seu sonho, um momento que a fez ter tanto medo que a paralisou por completo.

Christian observou cada centímetro do corpo dela, se surpreendo quando viu seus dedos brancos demais ainda agarrando o pano do lençol.

Uma paralisação de sono não era assim, a pessoa não conseguia prender a respiração - como Ana estava fazendo - e muito menos mexer as mãos daquela forma, ter uma força tão grande que Christian ja podia ver o pano azul cedendo.

Era só um sonho ruim - muito ruim.
Ele tocou em seu cabelo, era apenas acordá-la, sem qualquer técnica psicológica ou coisa do tipo. Era um pesadelo e só.

_ Anastasia - ele sussurrou, escorrendo a mão por seu cabelo embaraçado.

A garota que ainda prendia a respiração, soltou-a devagar, o peito subindo e descendo ritmicamente, as mãos soltando o lençol, os nós dos dedos mais do que brancos.

_ Está tudo bem, foi só um sonho - Christian continuou, num tom gentil e baixo.

Ana não demorou abrir os olhos, completamente apagados e perdidos por um segundo e então ganhando vida ao que reconhecia onde estava.

Pela primeira vez depois que dormiu, não havia acordado na sala de força, com amarras e totalmente grogue. Ela estava no quarto, numa cama confortável e podia se mexer livremente.

_ Eu acordei - ela murmurou.

_ Com o que você estava sonhando? - Christian disparou.

Ana mirou seus olhos e reconheceu a expressão preocupada e confusa.

Preocupada...

Aquela expressão ela viu muito em seus pais ao longo de sua vida, mesmo que nos últimos tempos via mais cansaço e tristeza do que qualquer outra coisa. O negocio era que ela nunca vira em outra pessoa, não consigo, não para ela.

_ Eu não sei - respondeu a garota honestamente.

_ Como?

_ Eu não lembro, nunca lembro - ela murmurou.

Christian franziu o cenho e desviou o olhar.

_ Por que?

Ele voltou a encará-la. Como diria à garota que era um pesadelo, do tipo tão ruim que a fazia paralisar e pelo visto esquecer também, seu cérebro não processava tanta emoção.

_ Você não deixou que eu me machucasse, não é? - ela questionou apressada de repente, sentando-se na cama enquanto se autoavaliava.

_ Não, você não está machucada-  ele garantiu.

50 Tons de Uma SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora