Capítulo 7 - Confiar em você
"Ela se fechou num mundo só dela, onde só ele pode entrar."
***
Os laços que nos unem às vezes são impossíveis de explicar, a maioria na verdade. Eles nos conectam até mesmo depois de parecer que não existe sentido ele estar ali. Alguns laços desafiam o tempo e a lógica, porque algumas conexões simplesmente devem existir. Aquilo aconteceu com Ana e Christian. Ela não confiava em ninguém, a garota não virava as costas nem para seus pais porque não confiava neles. Mas ela dormia sem sedativos com Christian na poltrona ao lado da sua cama, ela deixava ele leva-la para o jardim de inverno - mesmo com o risco de ela tropeçar e se machucar - e também não se importava em esticar seu braço para tirar sangue ou que ele colocasse eletrodos em sua cabeça.
Confiar em Christian foi como respirar: automático e necessario. Ele não havia feito nada, ela apenas confiava nele. Foi tão de repente, que tinha que dar errado, não é?
O problema era que Ana confiar no psiquiatra não queria dizer que ela dormia a noite toda, que ela não tinha crises de pânico e que não queria matar os outros enfermeiros. Era surpreendente ela confiar em Christian, mas aquilo fazia apenas ele poder cuidar dela... Vinte e quatro horas por dia.
Inclusive naquela noite madrugada, ja passava das duas, Christian mexia no próprio celular sem sono depois de Ana acordar com um pesadelo e ele acalmá-la. Seu plantão ja tinha acabado, ele deveria estar em casa, ele deveria ter ido para casa nas últimas duas noites, mas não fora. Ele também não deveria estar ali naquele dia, mas esteve, e naquela madrugada ele devia estar dormindo em sua cama macia, mas estava ali, naquela poltrona ja família, jogando Candy Crush enquanto Ana ressonava baixinho, virada para ele.
A porta não estava trancada, estava ate aberta, apenas encostada, e por isso ele não ouviu quando Elena Lincoln - a chefe das enfermeiras - entrou no quarto.
_ Por que está aqui? - ela disparou num sussurro, fazendo o psiquiatra quase jogar o próprio celular no chão.
_ Qual é o seu problema!? Por quê entrou sem fazer barulho? - ele questionou irritado, a mão contra o coração disparado.
Elena suspirou._ Eu estou fazendo ronda, com certeza não iria querer acordar a Garota Tyson - resmungou ela com acidez, dando um olhar de relance a menina dormindo na cama.
Christian revirou os olhos, tomando compostura._ Os sedativos dela estão lacrados desde que ela chegou. Disseram que você suspendeu. Por que? Não é possível que...
_ Minha paciente, eu sei o que é melhor para ela. E também sei que coloquei uma restrição do quarto dela, não quero mais ninguém aqui a não ser eu.
Com pacientes da Ala Z, todas as normas e regras da casa deveriam ser em prol e apenas para o tal, tudo era moldado para eles e por eles. Entao, se Christian - como psiquiatra de Ana - percebe que a garota não quer contato com nenhum dos outros profissionais, ele faria com que nenhum deles entrasse em seu quarto. Elena estava ultrapassando as regras de Ana._ Eu só estou fazendo ronda, como disse - a enfermeira falou na defensiva.
Christian a mirou seriamente.
Não gostava de Elena, não a achava uma boa enfermeira mesmo que ela fosse ótima em mandar nas outras. Ela estava sempre fazendo comentários indevidos e lixando as unhas grandes que estavam sempre pintadas com uma cor exuberante. Aquilo não era postura de enfermeira.
_ E você? Com certeza não deveria estar aqui - ela rebateu.
Christian bufou.
_ Isso não é da sua conta - devolveu.
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50 Tons de Uma Salvação
Fanfiction* Descrição * Ana é classificada como um "caso perdido" numa clínica psiquiátrica, mas Christian está determinado a salvá-la.