Capítulo 9

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Capítulo 9 – Eu sei o que você não sabe

"Antes tudo era diferente. Agora eu tenho você. Juro que continua diferente."


×××


Ana se deixou levar pelas mãos de Christian ajudando-a com o cabelo molhado, ele secava os fios com a toalha, tentando não se molhar com os pingos, o paletó descansando na cadeira do banheiro e as mangas da blusa de linho branco dobradas. 

_ Eu sei que não devia ter jogado comida na Elena e nem deveria ter apertado o copo de suco- a garota sussurrou para a surpresa de Christian. – Mas ela estava sendo irritante, eu odeio isso. 

A morena parecia novamente vulnerável, quase uma criança, enrolada em uma toalha grande demais, brincando com a barra entre os dedos enquanto a segurava para não cair. 

_ Está tudo bem. Só não faça de novo, você pode chamar outra pessoa... 

_ Eu chamei, Christian – ela se virou, fazendo o psiquiatra parar de secar seu cabelo. – Eu chamei você - confessou. – Mas você não apareceu. Eu sei que tem outros pacientes, mas você não apareceu em momento nenhum. Eu confiei em você, disse que não me doparia, mas eu tive pesadelos e não consegui acordar e nem me mexer. O que foi? Já está cansado de mim? 

_ Não, é claro que não que não – ele negou rapidamente. – Mas eu não moro aqui, Ana, eu preciso ir para casa, preciso dormir... 

_ Você pode dormir aqui. 

_ Não posso. É contra as regras. Você não tem que entender essas coisas, mas é como são. Sou seu medico, eu tenho que te fazer melhor e não te mimar. Não quero ser grosseiro, não estou tentando te magoar, eu quero que confie em mim, mas... 

_ Mas não pode ser legal comigo? 

_ O que? Não foi o que eu quis dizer. 

_ Foi sim!

O psiquiatra suspirou e passou a mão pelo rosto, balançando a cabeça em  descrença.

_ Às vezes eu esqueço que você é uma bomba relógio - sussurrou. – Vem, tem que  secar esse cabelo se não vai ficar doente.

_ Eu já sou doente – Ana resmungou, virando-se novamente para ter o cabelo seco.

Christian não contestou aquilo.

Minutos mais tarde, quando saíram do banheiro, com Ana já vestida e o cabelo seco penteado, o quarto estava limpo, sua cama perfeitamente arrumada e havia outro jantar esperando-a. 

_ Precisa comer – Christian insistiu quando a garota apenas deu a volta na mesa de carrinho e se sentou na cama.

Ana havia ficado calada desde a conversa, não emitindo nenhum som mesmo quando Christian partiu seu cabelo no meio – uma mania que ele havia adquirido só para fazer a garota querer pentear o cabelo novamente e ela mesma. 

_ Não quero – ela murmurou. 

Christian bufou, levando a bandeja até a garota. 

_ Eu tenho que ir, não posso sair... 

_ Até eu terminar de comer, eu sei – ela rebateu. 

50 Tons de Uma SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora