EQM

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Draco

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Draco

__Adivinha!

As mãos  quentes e úmidas de Pansy apertam minhas bochechas,e seu anel,um crânio de prata escurecido,deixa uma marca de sujeira sobre minha pele. E mesmo que meus olhos estejam fechados,sei que os cabelos dela, tingidos de verde, estão partidos ao meio;um espartilho de vinil preto se sobrepõe a uma blusa de gola rulê__mantendo-se conforme com o código de vestimenta de nossa escola;a saia comprida de cetim preto,apesar de novo, já tem um furo próxima à bainha,de quando ela pisou com o bico das botas Doc Martens;os olhos parecem dourados,mas só porque ela está usando lentes amarelas.

Também sei que o pai dela não está viajando "a trabalho",como ela mesmo disse;que o personal trainer  de sua mãe é muito mais "personal" que trainee e que o irmão caçula quebrou um venil dela,do Evanescence,e agora está com medo de contar.

Mas não sei isso tudo porque andei bibislhotando a vida dela,nem porque alguém me contou. Sei porque tenho poderes sobrenaturais.

__Anda logo,adivinha! Daqui a pouco o sinal vai tocar!__ela diz com uma voz rouca,como se fumasse um maço de cigarro por dia,embora só tenha tentado fumar uma vez.

Enrolo um pouco enquanto penso na última pessoa com quem ela gostaria de ser confundida.

__Olivia Rodrigo?

__Eca! Vai tenta de novo.__ Ela aperta ainda mais forte,nem sequer desconfiando de que não preciso  ver para saber.

__Será a Sra. Marilyn Manson?

Ela ri e desencosta as mãos,e então lambe o polegar para apagar a tatuagem de sujeira em minha bochecha,mas levanto o braço antes que ela possa me alcançar. Não porque tenho nojo da saliva dela (que dizer sei que Pansy não tem doença nenhuma),mas porque não quero que encoste em mim novamente. O toque humano é muito revelador, muito cansativo então procuro evita-ló a todo custo.

Com um gesto rápido,ela tira o capuz e aperta os olhos ao me ver de fone de ouvidos.

__O que você está ouvindo?

Levo a mão ao um dos meus Air Pods e a entrego.

__Puxa... __ela diz com os olhos arregalados. __Que dizer,que barulheira é essa? Quem é que está cantando isso?

Ela tenta pegar meu celular da mão para poder ver o nome da banda e ver que é Sid Vicious berrando sobre a anarquia no Reino Unido. Na verdade,nem sei se ele e a favor ou contra. Sei apenas que berra o suficiente para dar uma acalmada em meus supersentidos.

__Sex Pistols__respondo,desligando o celular e guardando-o de volta no bolso do moletom.

__Nem sei como você pôde me ouvir.__ Pansy sorri ao mesmo tempo que o sinal toca.

Simplesmente dou de ombros. Não perciso escutar para ouvir. Claro, não é isso que digo a ela. Falo apenas que a gente vai ser ver de novo na hora do almoço e vou para minha aula, atravessando o campus da escola  e encolhendo-me ao aproximar dos dois garotos que se aproxima  pelas costas de Pansy e pisam a bainha da saia dela__por pouco não a fazem cair. Mas quando ela se vira para trás,faz o sinal do Mal (certo,não e o sinal do Mal,mas algo que ela mesmo inventou) e os encara com aqueles olhos amarelados, eles imediatamente se afastam e a deixam em paz . Quanto a mim, suspiro aliviado e entro na sala de aula, sabendo que não vai demorar muito até que eu deixe de sentir a energia persistente do toque de Pansy.

A caminho de meu lugar,no fundo da sala, me  desvio da bolsa de Cho Chang que deixou de propósito em meu caminho e ignoro a serenata que ela diariamente sussurra ao me ver__ "Per-de-dor!". Em seguida,sento na minha cadeira,tiro o livro,caderno,e a caneta da mochila,e coloco os fones de novo,visto o capuz,jogo a mochila na carteira ao lado que está vazia ao meu lado e espero pela chegada do Sr. Binns.

O Sr.Binns está sempre atrasado. Sobretudo porque gosta de tomar uns goles de seu cantil de prata entre uma aula e outra. Mas bebê apenas porque a mulher dele grita com ele o tempo todo,a filha o considera um fracassado e ele,quase sempre,destesta a própria vida. Descobrir isso tudo em meu primeiro dia de aula nesta escola,quando acidentalmente toquei na mão dele ao entregar o formulário de transferência. Agora, portando,sempre que tenho de entregar algo,deixo na beirada da mesa.

Fecho os olhos e espero, enquanto dedos deslizam para  o bolso do moletom a fim de trocar minha playlist barulhenta para algo mais leve. A gritaria do Sid não é mais necessária agora que estou em aula. Acho que a relação entre professor e alunos ajuda a conter,pelo menos até certo ponto,minha energia mediúnica.

Nem sempre fui essa bizarrice que sou hoje. Já fui um adolescente normal, do tipo que ia às festinhas de escola, se apaixonava por celebridades e tinha tanto orgulho dos cabelos louros qua jamais pensaria em predê-los num rabo de cavalo ou escondê-los sob um capuz. Eu tinha uma mãe,pai e um irmão caçula chamado Scorpions e um labrador chamado cookie,fofíssimo. Morava numa casal legal,num bairro bacana de Eugene,no Oregon. Era popular feliz e mal podia esperar para chegar ao segundo ano,pois tinha acabado de me tornar líder de torcida da principal equipe da escola. Mesmo eu sendo um garoto eu conseguir ser líder,não levava bullying por ser do sexo masculino por usar saia e roupas classificadas como femininas. Minha vida era completa,e o céu era o limite. Essa história de céu pode ser um tanto gasta,mas no meu caso, ironicamente,é também a mais pura verdade.

No entanto,sei tudo isso por ouvir dizer,pois desde o acidente só me lembro claramente de uma coisa:eu morri.

Tive o que as pessoas chamam de "experiência de quase morte", ou EQM. Acontece que as pessoas estão erradas. Podem acreditar,não ouve nada de "quase" no que aconteceu. Foi assim: num instante, Scorpious e eu estávamos no banco de trás do SVU do papai,cookie com a cabeça pousada no colo do meu irmão e o rabo batendo suavemente em minha perna, e a próxima lembrança... Os airbags inflados,o carro inteiramente destruído e eu lá a assistindo a tudo do lado de fora.

Olhando para os destroços__os estilhaços,as portas amassadas,o para-choque dianteiro agarrado ao tronco de um pinheiro num abraço letal__,fiquei me perguntando o que poderia ter acontecido de errado, esperando e suplicando que todos tivesse conseguido sair dali como eu. De repente,ouvi um latido familiar;virei para trás e vi minha família seguindo por um caminho guiado por cookie,que abanava o rabo.

Fui ao encontro deles. De início,tentei correr e alcança-los,mas depois fui mais devagar, querendo me demorar e passear por aquele campo vasto e perfumado de flores e árvores vibrantes que reluziam,e apertando os olhos diante da névoa deslumbrante que refletia e brilhava intensamente, iluminando tudo .

Prometi a mim mesmo que seria rápido,que logo voltaria para encontrar minha família. Mas , quando enfim olhei, só deu tempo de,num relance,eles sorrirem e acenarem para mim ao atravessarem uma ponte,sumido de vista pouco depois.

Entrei em Pânico. Olhando para todas as direções,comecei a correr de um lado para o outro,mas tudo parecia igual:uma névoa sem fim, fria,branca, brilhante,iluminada, bonita e estúpida. Então, cai no chá e fiquei ali morrendo de frio, chorando, gritando, xingando, implorando, fazendo promessas que sabia que íamos poderia cumprir.

Foi então que ouvi alguém dizer:

__Draco? É esse seu nome? Abra os olhos e olhe para mim.

Aos tropeços,voltei para a superfície,onde tudo era dor e sofrimento,o meu corpo  estilava de tanta dor , uma dor lancinante. Então olhei fixamente para o sujeito que se curvava sobre mim,olhei dentro dos  seus olhos verdes como esmeralda e sussurrei:

__Sim, sou Draco.__ E desmaiei outra vez.

desculpe qualquer erro na escrita

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até🌷

Para sempre (Drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora