Plumas, festas, cânion e neblinas

103 17 58
                                    

Draco

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Draco

Na manhã do dia 21 de dezembro desço à cozinha e, apesar da ressaca avassaladora, da cabeça que roda e da vista embaralhada, dou um de ator  e preparo meu café da manhã normalmente quero que  Régulos và trabalhar convencido de que tudo está bem, de modo que eu possa voltar ao quarto e novamente me anestesiar de vodca .

Assim que ouço o barulho do carro dele na garagem, despejo o cereal no triturador da pia, subo para o quarto, tiro a garrafa, que escondi debaixo da cama e a abro, contando os segundos para dar o primeiro gole do dia e afogar nele minhas dores, ansiedades e medos, esvaziando a mente por completo.

Por algum motivo, no entanto, não consigo parar de olhar para o calendário sobre a escrivaninha, a data de hoje saltando do papel, gritando e acenando para mim, só faltando me cutucar. Então, pulo da cama e paro diante dele, do quadradinho vazio que não marca nenhum compromisso, nenhum aniversirio, nenhuma tarefa a cumprir, nada, a não ser as palavras SOLSTICIO DE INVERNO em letras miúdas, informação importante para quem fez o calendário, mas não para mim.

Volto para a cama, afundo a cabeça em um monte de travesseiros empilhados e dou mais um longo gole na garrafa, fechando os olhos ao sentir o quentinho gostoso que corre por minhas veias e cala os ruídos da mente __ o que Harry costumava provocar apenas com o olhar.

Dou mais um gole, depois outro, rápido demais, nem um pouco preocupado em cumprir o que havia prometido a mim mesmo menos de 24 horas antes. Mas agora que tirei do baú a lembrança de Harry faço questão de apagá-la novamente. Então continuo a beber, gole atrás de gole, engasgando aqui, tossindo acolá, até que finalmente consigo dormir, e a imagem de Harry evapora.

  
🌷🌷🌷

Quando acordo, percebo uma estranha sensação de paz e segurança, uma alegria interior que só os apaixonados conhecem. Como se eu estivesse cercado apenas de raios dourados de sol, muito seguro, protegido, feliz. Então fecho os olhos com força, determino a permanecer nesse mesmo lugar, a prolongar esse momento de felicidade para sempre. Até que sinto uma cosquinha na ponta do nariz, quase imperceptível, e novamente abro os olhos, saltando da cama logo em seguida, os braços recolhidos contra o peito, o coração em disparada. Quando observo, sobre meu travesseiro, uma pluma preta.

A mesma pluma que usei na fantasia de Maria Antonieta.

A que Harry guardou como lembrança.

E agora tenho certeza de que ele esteve aqui.

Vendo as horas no relógio, custo a acreditar que pude dormir tanto. E ao correr os olhos pelo quarto vejo, pendurada em uma das paredes, a pintura que eu havia deixado no porta-malas do Miata, colocada ali para que eu vise. No entanto, não é a versão de Harry para Mulher de Cabelos Amarelos, tal como eu pensava, mas a imagem de um garoto de pele muito branca e cabelos claros correndo através de um cânion escuro e nebuloso.

Para sempre (Drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora