Hermione sabia que não seria fácil pisar no território de Hogwarts novamente, só não esperava que acabaria sendo tão difícil assim. Não se tratava apenas do traumático episódio da grande batalha que acabou com a morte de Dumbledore, mas sim das lembranças que tinha com seus amigos, as inúmeras vezes em que deitou naquele gramado com Ron e Harry para rir das maiores futilidades que um estudante poderia ver e fazer, que parou em uma das janelas do castelo e observou de longe o lago que rodeava a ilhota onde jazia o corpo do diretor, conversando com os garotos sobre o quanto desejava quebrar o nariz de Malfoy, aquele mesmo Malfoy que agora estava com a mão em sua cintura para mantê-la perto enquanto os olhos percorriam atentamente o minúsculo perímetro daquela porção de terra.
Acima disso tudo – algo que Hermione nunca pensou ser possível – doía estar longe de Alice.
─── Acho melhor eu entrar em contato.
─── Não. ── Draco respondeu instantaneamente.
Hermione tentou parar a caminhada e recuar para abrir o pergaminho mágico, mas Draco apertou sua cintura e forçou a caminhada para frente.
─── Já faz tempo, eu preciso saber se está tudo bem!
─── Hermione, faz literalmente uma hora que deixamos Alice com Ron.
─── Exatamente! E se ocorreu uma emergência? Uma invasão? Talvez algum acidente doméstico. Já viu as estatísticas de acidentes domésticos sofridos por babás carregando bebês?
─── Tenho certeza que quem fez esse tipo de estatística era tão neurótico quanto você. ── Malfoy murmurou praticamente arrastando a esposa pelo chão forrado de folhas secas e neve.
Granger tentava ir contra, mas o chão por baixo da neve estava um pouco lamacento e suas botas deslizavam ao menor esforço de ir contra o fluxo da caminhada. Provavelmente se corresse ali acabaria caindo e escorregando direto para o lago gelado, não daria esse gostinho para Draco.
─── Foi uma péssima ideia eu vir.
─── Definitivamente não foi. Se você passasse mais um mês trancada em casa eu acabaria ficando maluco e Dobby também.
Abismada com a alegação, Hermione conseguiu interromper a caminhada para olhar boquiaberta para o marido. Franziu o cenho para ele, mas Draco parecia não ter problema algum com o risco de levar uma surra se continuasse sustentando aquele assunto.
─── Dizendo dessa forma até parece que sou uma maluca!
A audácia de Draco em mostrar um sorriso ladino por si só já fez o rosto de Hermione enrijecer mais ainda.
─── Você disse, não eu. ── deu os ombros e seguiu caminhando, dessa vez não se deu ao trabalho de arrastá-la pela cintura, sabia que ela o seguiria para começar a discursar como não era neurótica ou enérgica demais para ficar parada em casa fingindo ser uma dona de casa típica.
Dito e feito, Hermione começou a falar e falar sobre apenas estar preocupada, sobre o quão pequena Alice era para ficar longe dos pais ainda, a importância de estarem juntas nos primeiros três meses e como podia perfeitamente ser uma mulher caseira, partindo assim para um fervoroso discurso feminista sobre ser dona de casa não tornar uma mulher menos forte ou irrelevante para a sociedade. Draco, por sua vez, seguia olhando para frente e tentando não deixar a enxurrada de palavras causarem tontura.
─── ... E você sabe que os primeiros seis meses são cruciais na amamentação, ela pode não querer a mamadeira durante o dia e-
─── Hermione! ── Draco falou com a voz sobressaindo a dela, um tom de voz tedioso, jogando a cabeça para trás. Tendo meio segundo de silêncio, agarrou a oportunidade segurando o rosto da bruxa e quase colando sua testa na dela ── Essa missão é rápida e vai fazer bem a você. Você precisa respirar um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dangerous Game
FanfictionCansado de tantas perdas, imerso em uma profunda dor do luto pela morte de seu padrinho bem diante dos seus olhos, Harry aceitou pagar um alto preço para ser pupilo de Gellert Grindelwald e assim mudar o rumo da guerra contra Voldemort. Com o passa...