Dangerous Game

Capítulo XVIII

O impecável piso com padrões em preto e branco estava tingido de vermelho, o rastro não era de sangue fresco, a coloração já flertava com o tom vinho do coágulo e as gotas de vermelho vivo eram tão escassas que causavam pavor, indicavam que os corpos já não tinham uma reserva considerável para despejar. Hermione estava tão pálida e fria que se não fosse por sua respiração já poderia ser dada como morta, Draco estava em um estado igualmente deplorável.

Não sabia dizer se Tom havia feito algo mágico ou se sua persuasão funcionava até mesmo com bebês, mas Alice estava calada em seu colo, balbuciava no máximo, quando olhava para os pais estirados no sofá, carregando um olhar assustado, mas estava quieta com seus bracinhos segurando firme o pescoço de um homem do qual não fazia ideia um dia ter quase ceifado sua vida. Wally, a seminviso, estava agitada e se segurando para não aproximar demais, mostrando ter sabedoria o bastante para conformar-se que não poderia fazer nada para ajudar.

Thomas reforçou inúmeras vezes desde o momento em que Harry havia caído no gramado que deveria desistir e deixar que aqueles dois morressem, era um desperdício de energia tentar salvá-los agora, até parecia estar gostando da ideia de assumir a guarda de Alice e criá-la como sua herdeira, mas desistiu quando percebeu que Harry não lhe daria ouvidos. Não ajudou a transportar os dois, mas também não atrapalhou. Potter se conformou que pedir ajuda seria o mesmo que falar com uma parede, o máximo de colaboração que teria era a disponibilidade do apartamento e a certeza de que não seriam atacados caso os deixasse sozinhos por alguns minutos e despejou xingamentos mentais para essa postura cretina de Riddle, mas nada podia fazer a respeito.

Durante esse processo de minutos, percebeu que a ligação agia de acordo com as emoções que fossem mais fortes, a indiferença de Tom agiu em seu emocional por apenas alguns segundos até seu desespero ofuscá-la e refletir nele. Quando isso ocorreu, gerando um desconforto enorme no sonserino, Thomas saiu da sala sob o pretexto de comer a maldita ceia que já devia ter esfriado na cozinha e levou consigo Alice.

Sozinho, pôde pensar melhor por onde começaria e, obviamente, sua prioridade era tratar Hermione. Começou abrindo as blusas para avaliar os ferimentos em cada torso, reconheceu o padrão das feridas como de um feitiço que Grindelwald julgava ser amadorismo de aspirantes a bruxos das trevas, algo que aprendeu a usar no primeiro mês de treinamento com ele. Vasculhou o espaço do sofisticado armário onde colocou suas poções e outras misturas feitas majoritariamente para lidar com ferimentos de duelos, tinha exatamente o que precisava para fechar a ferida e parar o sangramento. Mesmo sabendo que funcionaria, um enorme alívio tomou seu peito quando viu o buraco no peito de Granger se fechar – levaria alguns dias para realmente cicatrizar e ficaria uma marca de queimadura permanentemente – e aplicou o mesmo tratamento em Malfoy. O próximo passo exigiu que saísse de perto deles por alguns minutos, foi até a suíte com a finalidade de pegar bolsas de sangue no cofre encantado para manter a temperatura correta e levou todas sem pestanejar.

A compatibilidade não era um fator limitante, três gotas de uma poção roubada dos arquivos de Regulus bastaram para evitar que houvesse rejeição.

Por mais que parecesse ter sido algo rápido de resolver, os socorros, Harry só pregou os olhos quando já estava amanhecendo, no momento em que as bochechas de Hermione ganharam cor novamente e sua respiração já estava mais evidente, dando segurança o bastante para adormecer com a certeza de que tudo ficaria bem.

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Alice era uma criança enérgica até mesmo dormindo, quando Tom acordou na manhã seguinte avistou mais da metade dos travesseiros que usara para fazer uma barreira jogados no chão e a pequenina dormindo perto da borda. Não conteve o desejo de rir ao perceber que a sobrevivência daquela criança era, assim como a de Harry, baseada em pura sorte.