Capítulo XI

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Mesmo sendo manhã, nuvens carregadas impossibilitavam qualquer passagem generosa de luz solar, causando uma sensação de ser quase noite. A ilha estava protegida por um escudo invocado por Lavender para não deixar a chuva atingir aquela pequena porção de terra e mesmo que ainda não vissem qualquer gota cair do céu, estrondosos trovões lembravam de dois em dois minutos que a qualquer momento o céu desabaria em água.

Ronald não estava subestimando a inteligência de Hermione e Draco – até porque era de senso comum que aqueles dois eram igualmente (e irritantemente) inteligentes –, mas tinha acesso a peças nesse quebra-cabeça que aqueles dois não se atentaram fosse por falta de tempo ou porque não assimilaram um pequeno detalhe. A varinha das varinhas, como já é de senso comum, passa sua fidelidade para quem desarmou seu portador. Grindelwald foi desarmado por Dumbledore e este, por sua vez, pegou para si a poderosa varinha e usou por anos até ser supostamente morto.

A varinha era poderosa demais para ser deixada enterrada com Dumbledore e Grindelwald por várias vezes disse aos garotos que daria um jeito de pegar de volta o que um dia já havia sido seu, mas não fazia sentido ele ter roubado algo tão poderoso para não usar.

E Grindelwald, Ron reparou bem em suas lembranças mais frescas, não estava usando a mesma varinha que Dumbledore carregava na foto.

─── Só estou dizendo ── Lavender prosseguia com indignação, aquela discussão já estava ocorrendo desde o café da manhã ── Que você precisa ser mais atencioso e dedicado. Agora mesmo parece estar amando mais a esse maldito sanduíche do que a mim!

─── Pare de ser tão dramática, amor ── murmurou com a boca cheia, afinal Ron nunca saía de casa sem trazer uma pós-refeição consigo. Engoliu com dificuldade a porção que estava mastigando, então prosseguiu ── Eu só disse que ainda é cedo demais para termos um bebê.

Novamente essa pauta, como havia sendo nas últimas semanas.

─── Eu vou acabar ficando velha demais para ser mãe e você sabe que eu sonho com isso!

─── Estamos ótimos só nós dois por enquanto, não precisa de pressa.

─── Você sempre vai arranjar uma desculpa para não ter uma responsabilidade a mais nesse casamento. ── disse na sua forma mais dramática possível ── Já é muito que lembre nosso aniversário.

Bastou Lavender olhar para o marido e percebeu que este já não estava sequer mastigando, apenas mantinha os olhos arregalados para o vazio.

─── Você não lembra, não é?

─── Eu... claro que lembro! É no dia vin... deze... eu lembro que era par...

O rosto de Brown ficou cada vez mais vermelho, os lábios estavam comprimidos e as bochechas estufavam como se as palavras estivessem tentando sair a todo custo, mas ela engoliu o seu discurso dramático e carregado de decepção, só soltando um grunhido agudo. Sua irritação apenas serviu para tirar risos de Ron, que logo deu um jeito de se redimir a envolvendo por trás e dando um beijo exagerado em sua bochecha ainda corada.

─── Sabe que eu amo você.

─── Hm... ── murmurou fingindo um ar de dúvida ── mais do que aquele sanduíche estúpido?

Ron riu.

─── Mais do que o melhor sanduíche do mundo.

Lavender deu um beijo igualmente exagerado na bochecha do rapaz e enfim voltaram ao foco do que vieram fazer na ilhota.

Juntos, emergiram a sepultura do ex-diretor de Hogwarts e abriram o tampo para averiguar o cadáver. Havia as roupas, a barba, a ossada em tamanho equivalente, tudo exatamente como deveria ser, o que gerou um suspiro de frustração em Weasley.

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