Bato na porta do seu quarto após uma hora e entro com alguns curativos. O vejo penteando o cabelo de frente para o espelho do banheiro, apenas de samba canção. Como é lindo.
— Está cansado? — pergunto atrás dele.
— Demais, não dormi esses dias — faço careta e me sento no pequeno balcão da pia de frente pra ele. Ficando do seu tamanho.
— Amanhã é domingo, vai ter muito tempo para descanso — ele ri. Pego o álcool e passo no algodão. Timothée olha tudo com muita atenção. — Vem mais perto, idiota. Não mordo, não.
— Não é o que parece — ele debocha chegando mais perto apertando minha cintura. Sem pensamentos, Melanie. Coloco uma mão em seu ombro e começo a passar o produto em sua ferida. — Aí Melanie, isso doi — ele se afasta. Eu o puxo para mais perto e coloco minhas pernas em volta da sua.
— Você levou uma facada no peito, como dói mais? Você é homem ou não? Aguenta.
— Aconteceu hoje, ainda está sensível — ele faz bico e eu sorrio.
— Tá dodoi é? — pergunto como se estivesse falando como uma criança e ele concorda abaixando o olhar.
— Acho que vou até precisar de um beijinho — ele fala como uma criança, e aponta para seus lábios.
Safado.
— Depois disso — falo e passo álcool rapidamente em seu peito.
— Porra — ele volta com a voz normal, apertando mais minha cintura. — Você não tem um pingo de dó — rio.
— Pensava em dó antes de desaparecer por dias e voltar ensanguentado e todo machucado — olho para a ferida e passo soro.
— Como você sabe o que está fazendo?
— Andava muito de skate na adolescência — eu termino o que estou fazendo e aplico o curativo. — Está pronto.
Dou uma leve analisada em seu corpo, é definido, claro. Mas há outras cicatrizes.
— Como você se cuida depois disso, normalmente?
— Bem, eu lavo.
— E?
— Deixo passar — ele ri.
— Caso perdido... — nego com a cabeça guardando as coisas. — Há mais um lugar que precisa das minhas experiências medicais?
— Não que eu saiba — ele zoa e eu o olho sério. — Relaxa, princesa. Estou brincando.
— Pois então não brinque mais — coloco minhas mãos no seu braço. — E tire suas mãos da minha cintura, já terminei.
Ele me encara direto.
— Obrigado por cuidar de mim — ele diz e me solta. — Ninguém faz isso.
— Mas você tem a quem pedir.
— Eles não são nada, comparado a você — eu sorrio. — E além do mais, gosto do seu jeitinho mandão.
— Desculpa ter batido na sua cara... — comento. — Estava nervosa.
— Você parece estar sempre nervosa — ele ri. — Mas com razão. Foi bem sexy, na verdade.
— Idiota, pervertido — rio o afastando com a minha mão. — Acho melhor você ir dormir. Está cansado.
Eu me levanto e o acompanho até a cama.
— Deite aqui — ele imperativa. — Posso admitir que estava com saudades?
Eu rio me deitando ao seu lado.
— Pensei que estava muito ocupado quebrando a cara de uns filhos da puta aí.
— Também... Mas depois de alguns dias, vendo você todos os dias. Faz falta.
— Eu sei, também estava. Mas estava mais ainda preocupada.
— Você já se sentiu apaixonada?
Penso bastante na resposta. Me lembro de ter beijado bastante na minha adolescência, me lembro de namorar sério com dois caras, me lembro deles terem sido babacas.
— De verdade? Não. Acho que quando namorei, foi uma necessidade de aprovação masculina, não foi paixão.
— Como se sua vida dependesse aquilo?
— Sim — sorrio. — O que você faz, Timothée? — mudo de assunto. — Sabe, por que você ficou tanto tempo fora?
— Não é um bom assunto.
— Eu não quero conversas boas, quero conversas sinceras — digo mais séria. — Você é de algum tipo de gangue?
— O que? Não — ele ri.
— Então por que guarda arma na sua casa? É ilegal isso.
— Para me proteger, já disse.
— De quem? Me diz.
— Acho melhor você ir, estou ficando com sono — ele se vira, o que me irrita. Sento na cama.
— Não, eu quero saber que porra você faz. Durmo na mesma casa que você. Como vou saber se estou segura?
— Pensava nisso antes de aceitar dividir as contas com um completo desconhecido! — ele praticamente grita. — Não enche a porra do meu saco.
Sinto minha pele queimar de raiva, olho para o chão em choque do modo como ele falou comigo.
— Você não tem o direito de gritar comigo! — berro e me levanto da cama, ele também, irritado. — Eu cuidei de você — empurrei seu ombro.
— Eu pedi? Não. Se for pra cuidar de mim e depois ficar me enchendo de pergunta, não faz nada.
— Porra, você é tão idiota — eu grito. — Eu só queria saber que porra você fez. Não ache feito um cuzão com quem se importa.
Eu me viro indo embora, mas tropeço na sua mochila. Derrubando alguns bolos de dinheiro. Fico parada, perplexa.
Não entendo muito bem o que acabou de ocorrer, mas sinto meu corpo sendo colocado na cama com força. Ele não me jogou, apenas me deu um pequeno empurrão para cair na cama. Assim colocando todo o dinheiro na mochila novamente.
Eu me levanto rápido e empurro ele.
— Nunca mais toca em mim assim de novo — grito. — Ouviu? Nunca mais! Ou eu te mato, caralho.
Saio do quarto ele irritada e fecho a porta com força. Vou até meu quarto e me deito na cama ainda em choque com o que acabou de acontecer.
Após algumas horas eu acordo sentindo uma luz invadir meus olhos. É Timothée. Estou meio grogue de sono, então ignoro.
— Mel? — sinto ele se deitar ao meu lado, se cobrindo. Abro os olhos de leve e vejo o relógio. 03 da manhã. — Não estou conseguindo dormir.
— Acho que está me confundido com a sua mãe — resmungo virando o corpo com os olhos fechados.
— Eu sinto muito pela briga — ele chega mais perto. — Você está certa em tudo, prometo de contar um dia — ele beija minha cabeça. — Eu nunca devia ter te tratado assim e...
— Tá, tá. São 3 da madrugada, amanhã você fala. Deita aí e dorme.
Escuto sua risada e finalmente ele se cala.
— Boa noite, minha princesa — ele acaricia meu cabelo e escuto a porta se fechando.
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one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁
Fanfictionmelanie foi expulsa de casa e precisa de um lugar para passar a noite. por ironia do destino ela acha uma casa que está tendo uma festa. futuramente, melanie e timothée se tornam mais próximos do que deviam. entretanto, o amor será suficiente para f...