Capítulo 15

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Mais uma vez, Jungkook está na câmara. Como já fazia todo dia. Porém, hoje está mais estressado que o normal. 
Todos querem lhe dar a responsabilidade de liderar a alcateia sem nem se importarem com o que pensa. Jungkook sabe que como filho do último líder, antes de Yoongi, deve tomar o posto como direito e fazer de Busan sua vida. Defender, honrar e proteger. 
Na sua cabeça, só se passa as cenas que fez Taehyung e Luna presenciarem. A garota ainda o ignora. Não sai do quarto quando ele chama. Não toma café com ele, muito menos almoça. Sai e entra em casa sem olhar ou falar uma palavra para o irmão. Que mal ele fez? Apenas fez o que deveria, protegeu quem ama.
Ainda não teve uma conversa adequada sobre o assunto com o namorado. Taehyung dá apenas mensagens diretas e sem detalhes. Ainda está abatido. Sabe que estando em uma relação com Jungkook, passará por muitos riscos, como os que já viveu desde que o conheceu. Por algumas noites, passou por sua mente, que iria morrer se continuasse com o alfa Jeon. Ele é rodado por mortes, por suas mãos, ou patas, e outras sem ligação direta com ele. Mas como Jungkook disse uma vez, com Taehyung por perto, poderá protegê-lo e garantir mais segurança.

— Preste atenção, Jungkook — Yoongi bate com o livro na mesa, chamando a atenção do amigo.

— Estou ouvindo.

— Ah é? Então o que acabei de falar?

Ele não sabe. Sua mente está longe. Quer retomar a ligação que tinha com Luna. Pensou várias vezes, só no dia de hoje, que talvez teria sido melhor para eles se tivesse continuado na chácara, longe de civilizações, pessoas e responsabilidades. O dever de ser o próximo líder com a aposentadoria de Yoongi, aposentadoria a qual ele quer só para ficar mais em casa e deprimido, perturba seu sono, seu apetite e sua vontade de viver. Mas o que aconteceria se ele morresse? Em vez de cometer suicídio, poderia se entregar e ser morto pelas mãos de Nestus. Assim, não seria taxado de covarde por não querer seguir o caminho do pai. Mas se fosse morto por Nestus, talvez, também, seria chamado de covarde. Mesmo sendo uma briga entre raça pura, lúpus, e meia raça, meio lúpus, Jungkook teria chances de vencer se lutasse pela vida de que ama.

— Não faço ideia e não me importo de saber o que merda estava falando — Jungkook esbraveja.

— Então preste mais atenção. Estou aqui me colocando a disposição e você não se esforça — Yoongi solta o livro na mesa.

— Por que quer tanto se aposentar? Para ter mais tempo para chorar? Você não é um bebê. Tem mais de 50 anos. Honre sua posição.

— Você quem deve honrar alguma coisa. Deve ser o líder de Busan.

— E enquanto eu for o maravilhoso líder que você quer — Jeon diz em tom de deboche — Quem vai proteger sua filhinha querida?

— Você só teve o destino de ter imprinting com ela. Isso não impede de eu ser alguém para protegê-la.

— Então por que não cuidou dela nesses 15 anos? Onde você estava quando ela precisou? Quando ela deu o primeiro uivo, primeiro passo, quando a primeira presa caiu.

— Você a tirou de mim — Yoongi bate as mãos na mesa, causando um barulho que ecoou pela sala, incomodando Liandra, que apenas tentava acompanhar a discussão — Quando ela tinha apenas meses de vida, você a levou. Você e aquela bruxa tiraram ela de mim e fizeram feitiços com minha cabeça. Eu nem tive a oportunidade de me despedir da minha esposa.

— Eu não pude me despedir dela também. E ela foi uma mãe para mim. Eu não pude me despedir dos meus pais e os vi sendo atacados. A última lembrança que tenho são dos uivos e latidos deles brigando para me proteger. Olavo me criou e o vi morto. Eu o enterrei — Jungkook bateu no peito — E nem por isso você me vê chorando e querendo passar meu posto para outro.

A Família - Vkook, Taekook ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora