Capítulo 3

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— Jessica, baixe a arma — Xerife Ji ordenou gentilmente.

Jessica analisou a cena diante de si. Homens moviam corpo após corpo para grandes sacos pretos de cadáveres.

— Senhor? — Ela respirou fundo e firmou a mão que segurava a arma.

— É uma ordem, oficial — seu chefe repetiu com firmeza.

— Mas... — Ela observou enquanto Ravn continuava processando a cena. A incrivelmente grande pilha de corpos tornou-se seu foco principal. — Por que você não reportou isso?

— Por quê você está aqui? — ele perguntou.

— Você e Ravn saíram correndo do escritório, é claro que eu iria segui-los. — Ela amava o xerife como um segundo pai. Ele a treinara e ajudara a se tornar a policial que era hoje. Jessica sabia em seu coração que ele nunca teria nada a ver com tantas mortes. — Senhor? — ela perguntou novamente, sentindo-se perdida.

Ji se aproximou e colocou a mão em seu ombro.

— Eu preciso que você volte para o escritório e esqueça que já viu isso.

— Bem, isso não parece super suspeito — Ravn murmurou.

— É o que ele disse — apontou Jessica.

Ji suspirou.

— Há coisas que você não sabe. Coisas que eu ia te contar quando você assumisse o cargo de xerife.

— Coisas? Pilha de cadáveres, esse tipo de coisas? — ela exigiu.

Ji pestanejou de surpresa.

— Na verdade, não, isso não é normal nem mesmo para nós. Ferals sem cérebro atacando faes, shifters, vampiros e bruxos, é o de praxe.

Ravn deu uma risadinha.

— Deuses, você é terrível nisso.

Jessica sentiu o olho começar a tremular.

— O que?

— Pode ser mais rápido simplesmente mostrar a ela — um loiro lindo disse, enquanto se aproximava deles tirando as roupas.

— Senhor, preciso que pare — disse ela, tentando manter a voz calma.

Um, ela não tinha ideia de por que ele estava se despindo, e dois, ele era absolutamente deslumbrante, e três, ele estava se despindo!

— Deuses acima, Baekho — Ji exclamou, balançando a cabeça.

Os olhos de Jessica nunca se desviaram do belo homem diante de si. Segundos depois, pareceu que toda sua cabeça ficara envolta em algodão. Sua audição estava abafada e ela sabia que estava entrando em choque, mas quem não entraria? O modelo de passarela agora era a porra de um leão!

— Senhor?! — ela gritou.

— Calma, Jessica, podemos explicar — Ji começou.

Quando ela se virou para encará-lo, seu corpo se moveu junto com a cabeça, e agora estava com a arma apontada para o chefe.

— Jessica, está tudo bem, querida, apenas abaixe a arma — Ji continuou.

Um movimento de canto de olho a fez balançar para trás para encarar o enorme leão.

— P-p-pare — ela ordenou.

Jessica sentiu Ji se aproximar dela e o leão começou a rosnar ferozmente. Quando seu chefe envolveu um braço reconfortante por sobre seus ombros, o grande felino rugiu alto o suficiente para machucar seus ouvidos. Sem pensar, ela disparou um tiro de advertência, sua pontaria normalmente perfeita distorcida por suas próprias mãos trêmulas. Quando o leão caiu, ela ficou horrorizada.

Encanto e Confusão 12 - Meu GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora