Capítulo 22

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Simon

Simon tirou os chinelos, antes de colocar os pés na areia. Com eles em uma mão, caminhou pela areia, como fizera tantas vezes quando era mais novo.

Já quase entardecia. O mar estava com um tom quente de azul, que ficava mais profundo na direção do horizonte. Numerosas conchas que haviam sido trazidas pela maré alta estavam espalhadas ao longo das marcas das ondas na areia. Gaivotas circulavam, mudavam de direção e guinchavam. 

Ao longe, bem distante do restante das pessoas, estava Wilhelm deitado na areia, a cabeça apoiada em um dos braços.

"Está se escondendo de quem?"

Ele abriu os olhos, colocando a mão na testa em seguida para conseguir enxergar. "Dos paparazzi, eles não me deixam em paz."

Simon se sentou na areia e olhou em volta. Estavam debaixo de uma árvore e cercados por palmeiras. Próximo a eles havia uma escada de madeira que dava acesso a praia, mas quase ninguém usava esse caminho.

"Por que não foi almoçar lá em casa?"

"Não queria incomodar."

"O que você comeu?"

"Peixe frito com batata-frita."

Sorriu com a escolha certeira dele e reparou que ele ainda vestia a camiseta. "Não tá com calor?"

"Tô bem assim."

Simon tirou a sua, a colocando no ombro. "Pode tirar a sua, não precisa ficar com vergonha."

"Eu não estou com vergonha", ele repetiu, se sentando na areia.

Os dois olharam ao mesmo tempo para o horizonte e assim ficaram, observando o eterno flerte entre a água do mar e a areia.

"Quando eu era mais novo, eu tinha medo dessa árvore", Wilhelm disse, apontando para uma das maiores palmeiras que os rodeavam. "Na verdade, eu ainda tenho um pouco de medo."

"Sério?" Simon ficou genuinamente surpreso.

"Minha mãe falava para eu bater palma quando estivesse com medo de alguma coisa, então, sempre quando via uma palmeira, eu batia palma."

Simon sorriu. "Gostei, é uma boa tática."

"Pra criança, né."

"Não, pode ser muito útil ainda."

"Bater palma quando sentir medo?"

"É", Simon olhou para o rosto de Wilhelm. "Sempre quando estiver com medo, pode bater palma. Eu vou correndo te encontrar."

Ele ficou vermelho e não era por causa do sol. "Você e suas cantadas bregas."

"Você curti elas que eu sei."

Wilhelm sorriu e olhou para baixo. Ficou brincando com a areia até erguer a cabeça e dizer: "Você sabe o que uma árvore falou para outra?"

"É sério que você vai contar uma piada agora?"

"Essa é boa."

"O que?", perguntou, já rindo.

"Poxa, nos deixaram aqui plantadas."

"Nossa, essa foi horrível."

"Você tá rindo", ele falou, rindo também. 

E eles não conseguiam parar de rir. Simon quase perdeu o fôlego. Há muito tempo não se divertia e um sentimento bom inundou seu corpo, o fazendo se sentir vivo. Poderia facilmente ficar viciado nesse sentimento.

Sem Deixar Vestígio [Wilmon]Onde histórias criam vida. Descubra agora