Capítulo 40

864 66 123
                                    

Simon

O dia do lançamento do livro de Nathan chegou e Wilhelm não estava contente por ser o fotógrafo do evento.

Quando se encontraram na recepção da Editora Prime, mal se cumprimentaram. Foi um combinado que fez com Wilhelm para respeitar Nathan. Em compensação, na primeira oportunidade que ficaram sozinhos, um avançou no outro.

Jogando sua mochila sobre o ombro, pegou a mão de Wilhelm, como se fosse o movimento mais natural do mundo, e puxou ele para dentro do elevador.

"Tudo bem?", ele perguntou.

Simon mal respondeu, mas quando Wilhelm se inclinou e juntou suas bocas, gemeu um sim.

Sozinhos dentro das quatro paredes de aço, agarrou a cintura dele e colou o corpo inteiro no corpo dele, como se quisesse atravessar as roupas para sentir o calor da pele dele. E como seria incrível se realmente pudesse fazer isso.

Devoraram um ao outro, respirações frenéticas cada vez que seus lábios se separavam e voltavam juntos. O elevador apitou e os dois foram impelidos a pararem o beijo. Ofegante, Wilhelm enterrou o rosto na curva do seu pescoço.

"Tava querendo te beijar a semana toda."

"Eu também."

Wilhelm sorriu e passou um dedo pela sua bochecha. Adorava esses pequenos anos de carinho dele. "Eu reservei um restaurante pra gente jantar depois daqui."

"Você fez uma reserva?"

"O restaurante é muito chique e romântico", Wilhelm disse meio tímido e Simon teve que se segurar para não beijar ele de novo.

"Por que isso de repente?"

Ele sorriu e coçou a nuca, era evidente o quanto estava envergonhado. "Eu preciso te falar uma coisa muito importante."

"Muito importante?" Seus olhos brilharam. "E o que seria tão importante?"

"Mais tarde você vai saber."

"Quanto suspense", disse e depois concordou com um sorriso.

Wilhelm sorriu um sorriso nervoso, como se tivesse ensaiado a semana toda para convidá-lo para jantar. Achou graça e perguntou-se o que era esse assunto tão importante.

Será que ele iria pedi-lo em namoro oficialmente? O eu te amo que ele não disse no feriado o chateou um pouco, porém, compreendia. Wilhelm não era um cara bom com as palavras.

As portas do elevador abriram no terraço do prédio, onde o evento aconteceria. Sua mão quase apertou o botão no painel para fazer as portas de aço se fecharem, mas Nathan começou a andar na direção do elevador, com olhos no seu rosto.

"Até mais tarde", sussurrou antes de Nathan chegar. "Tô ansioso pro nosso jantar"

"Vamos, Simon, já está na hora", ele falou assim que o alcançou.

"Por onde você quer que eu comece?", Wilhelm perguntou, mantendo o sorriso no rosto, como um perfeito profissional disposto a agradar um cliente.

"Comece pelo estande com os livros que irei assinar", ele ordenou com uma expressão dura, para não dizer desprezível.

Wilhelm acenou com a cabeça e, em seguida, tirou a Canon de dentro da bolsa e caminhou em direção ao estande.

"Vocês estão juntos?", Nathan perguntou.

"Esse não foi nosso combinado", alertou. "Por favor, sem perguntas sobre eu e Wilhelm. Hoje é seu grande dia, se preocupe apenas com isso."

Nathan coçou a testa e soltou um suspiro comedido. "Beleza, você tá certo, tudo que eu menos quero agora falar é sobre esse menino."

"Ele tem nome, Nathan."

Ele revirou os olhos. "Vamos? Não quero me atrasar."

Havia uma mesa no meio do ambiente onde Nathan se sentaria para assinar os livros. A atmosfera era boa. Estantes repletas de livros publicados pela editora criavam corredores pelo local e pessoas circulavam ali, como se estivessem em um labirinto.

Nathan ocupou o lugar na mesa e Simon ficou em pé ao lado dele, como prometeu a ele que faria. Era um sonho dele desde de criança publicar um livro. Estava satisfeito por ter ajudado ele a passar por todas as etapas, desde a escrita até a escolha da capa.

"Me empresta sua caneta", ele pediu. "Pra dar sorte."

"Claro." 

Enquanto tirava da mochila a caneta que usava todos os dias na faculdade, procurou por Wilhelm. O rosto dele estava atrás da câmera. Com certeza ele vigiava suas interações com Nathan pela lente.

Sorrindo, entregou a caneta.

Uma linha se formou na frente da mesa e Nathan começou a escrever as dedicatórias com sua caneta.

"Foi difícil escrever o livro?" Um homem alto, de cabelos pretos, sobrancelhas grossas e barba rala, perguntou e entregou um exemplar para Nathan assinar.

"Um pouco", ele respondeu, olhando para cima. "Qual é o seu nome?"

"Não." O homem gesticulou. "A dedicatória vai ser para meu irmão."

"Claro." Nathan abriu o livro na primeira página e posicionou a caneta abaixo do título da sua obra. "Como ele se chama?"

"Túlio. Meu irmão se chama Túlio."

FIM PARTE 2

Sem Deixar Vestígio [Wilmon]Onde histórias criam vida. Descubra agora