Capítulo 51

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Wilhelm

Um, dois, três.

Sem resposta.

Wilhelm afrouxou as roupas de Simon e abriu os botões da camisa dele, para facilitar a respiração, porque, céus, ele não respirava.

"Simon, está me escutando?", repetiu pela décima vez e verificou novamente a lesão na cabeça dele.

Senhor, por favor.

Tudo aconteceu muito rápido.

Em questão de minutos, encontrou Simon deitado no chão do corredor, com uma ferida sangrando na cabeça e o portão escancarado.

Começou a massagem de novo.

Um, dois, três.

Nada ainda.

Wilhelm sentiu a ardência nos braços e teve que parar. Com as mãos trêmulas, apanhou o celular no bolso e chamou uma ambulância. Não, não, não, por favor.

Fechou os olhos e rezou, sua prece se misturando com a contagem, enquanto tornava a pressionar os punhos de novo e de novo no coração de Simon. Não estava funcionando. O pânico encheu seu peito e engoliu em seco.

Cadê a ambulância, Deus?

Voltou a fazer massagem cardíaca, mãos tremendo, tentando desesperadamente recordar Simon.

Simon que o enchia de vida agora estava deitado no chão sem pulsação. Era um castigo de Deus? Simon não merecia isso. Um, dois, três. Nada. Então, em algum momento entre Wilhelm desistir e escutar as sirenes ao longe, Simon balbuciou.

"Graças a Deus", murmurou, sua voz chorosa, e suas costas foram de encontro a parede do corredor.

Sentia a pressão baixar e estava prestes a desmaiar também, mas se esforçou para se manter firme.

Limpando as lágrimas que escorreram sem perceber pelo seu rosto, Wilhelm correu para dentro da casa para pegar qualquer pano e encontrou uma camisa jogada no sofá.

De volta ao lado de Simon, pressionou o tecido na ferida dele, o confortando com carícias no rosto.

"Tudo bem? Consegue me escutar?", perguntou e Simon tossiu, querendo falar, mas tudo que conseguiu soltar foi um som do ar escapando de seu corpo. "Não fala nada, meu bem, está tudo bem."

"A caneta", ele finalmente soltou entre respirações dissonantes. "Ele está com minha caneta."

"Respira, calma, vá com calma", pediu e escutou o som alto e claro das sirenes. "A ajuda está vindo."

"É o dedetizador", ele gaguejou. "Ele está com minha caneta."

Wilhelm saiu disparado para a rua assim que um enfermeiro começou a cuidar de Simon. Deu uma volta correndo no quarteirão a procura de alguém que não sabia quem era. Era um homem baixo ou baixo? Cabelos curtos ou longos? Desgraçado. Simon quase... Não queria nem pensar.

Parou para descansar, inspirou o ar longamente, e com um tremor, o expirou. As palavras de Simon só tiveram lógica quando sua cabeça se lembrou da cobertura do suicídio de Túlio.

O irmão dele tinha uma empresa de controle de pestes. O maldito era o dedetizador. Mas e a caneta? Como e por que ele estava com uma caneta do Simon?

Wilhelm olhou para um lado da rua e para o outro, as luzes vermelhas e azuis da ambulância dançando diante dos seus olhos. Quanto mais ficava parado, menos tinha certeza do que deveria fazer. Qual a chance de encontrar ele?

Sem Deixar Vestígio [Wilmon]Onde histórias criam vida. Descubra agora