Capítulo 13

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Wilhelm

O sol entrou pela janela do quarto de Wilhelm, destacando o cabelo escuro nos braços e pernas de um homem deitado ao seu lado na cama.

Wilhelm não sabia o que esperar ao acordar, então manteve seus olhos fechados para evitar a realidade o máximo possível. Ele conseguiu um mero minuto antes do seu despertador começar a gritar loucamente. Rolou no colchão para desligá-lo e o homem ao seu lado não se moveu um centímetro.

Muito bem, Wilhelm, parabéns.

Abriu os olhos se sentindo como um saco de lixo chutado e voando em uma rua vazia. Não devia ter usado seu toque. Na verdade, não deveria ter feito um tanto de coisas no dia anterior.

Wilhelm saiu lentamente da cama e vestiu sua camisa que estava no chão. O cara continuou a dormir e, por um momento, temeu que ele demorasse para acordar.

Uma vez no banheiro, deu uma boa olhada para si no espelho. Seu reflexo parecia julgá-lo. Wilhelm não estava orgulhoso de si. E não era para estar. Isso foi um erro. Um grande erro.

Wilhelm respirou fundo, para firmar a respiração, e fechou os olhos.

Inferno.

Sua vontade era de voltar 500 e poucos dias atrás, assim, não teria mais um apaixonado em sua lista e um homem na sua cama. Tudo estava indo bem. Estava quase se formando, logo iria parar de frequentar a sala de aula e iria precisar sair de casa apenas para trabalhar.

Se isolar era tudo que precisava fazer.

Que patético.

Era o que precisava fazer, mas não era o que realmente queria. Conhecer alguém como Simon foi uma das coisas mais divertidas que aconteceu nos últimos anos. A reação dele ao seu toque foi diferente. Ele era diferente. Ele teve inúmeras oportunidades para perder o controle e tocá-lo, mas... Não fez.

Pelo contrário, flagrou ele com outro cara.

Inacreditável.

Seus pensamentos eram revoltantes. Estava com ciúmes? Se realmente quisesse Simon, era só estalar o dedo, mas seria um golpe baixo.

Como o golpe que deu nesse cara na sua cama.

Wilhelm jogou água no rosto, uma, duas, três vezes até sentir que estava totalmente acordado. As gotas de água deslizavam sobre sua pele e caiam na pia do banheiro, enquanto sua mente tentava identificar quando começou a perceber as pequenas coisas em Simon, como a maneira que ele se movia ou como a forma que ele gesticulava ao falar.

Era errado querer explorar seu poder para se aproximar de Simon? Se não fosse pela sua maldição, nunca teria a chance de conversar com um cara como ele.

Simon era bonito, extrovertido, bem-humorado e trabalhava em uma prestigiada emissora.

Não podia usá-lo dessa forma. Tinha que continuar afugentando ele, até a magia perder o efeito.

Quando Wilhelm saiu do banheiro, ficou surpreso ao ver o homem, que nem sabia o nome, olhando pela janela do seu quarto.

"Ótima vista que você tem."

Wilhelm franziu a testa. Sua janela dava para a sala do vizinho e uma bicicleta enferrujada acorrentada a um poste.

"Obrigado."

"Você gostou de ontem?"

Já faziam uns 500 dias e mais um pouco que não fazia algo que não envolvia sua própria mão, mas ainda assim, mal conseguiu sentir prazer.

Sem Deixar Vestígio [Wilmon]Onde histórias criam vida. Descubra agora