Capítulo 52

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Wilhelm

Um golpe rápido no rosto. Um estalo curto de um tiro. Um momento de choque. Então a câmera corta a cena e a vida continua.

Fácil.

O desfecho de um drama poderia ser fácil assim como nos filmes e séries, e, para ser justo, a prisão do irmão do Túlio foi fácil.

Ele foi preso e na casa dele, onde foi encontrado drogas, armas e velas e garrafas, possivelmente usadas em feitiços. Tudo foi destruído. Os médicos o colocaram na terapia para ajudá-lo a superar o trauma da perda do irmão e entender o envolvimento dele com a magia negra.

O difícil foi depois.

Simon foi levado para o hospital, onde passou um dia apenas, e depois foi levado para a casa dos pais dele.

Sentado na cama ao lado dele, Wilhelm observou ele acordar e respirar fundo várias vezes, com a mão no peito. Ele se esforçou para abrir os olhos e quando conseguiu, assimilou o cômodo ao redor.

"Ei, meu bem."

Simon ajeitou o corpo para se sentar na cama, encostado na cabeceira. "Ei."

"Como você está?"

"Estou bem", disse ele, voz trêmula.

"O médico falou que você só precisa descansar, a ferida na cabeça não foi grave."

A mão dele se ergueu para tocar o curativo na têmpora. "Eu não sinto dor."

Wilhelm soltou um suspiro aliviado. Era tudo que queria escutar. "Que bom."

"Você?", Simon perguntou, apontando o dedo para seu rosto, indicando seu olho roxo.

"Só ganhei um belo de um golpe, mas está tudo bem", disse, deixando de lado a dor que sentia na barriga.

Simon assentiu e começou a se levantar da cama. "Cansei de ficar deitado."

"Sua mãe preparou o almoço."

Quando Simon se sentou na mesa de jantar, Wilhelm foi capaz de respirar fundo pela primeira vez nos últimos. Surpreendeu-se com a calma que o invadiu.

Simon estava bem, sem maldição, e o caos havia acabado.

O garfo tilintava no enquanto Simon saboreava os pedaços de carne e comia os legumes. O rosto dele esboçava uma expressão mais viva, o que aqueceu seu coração. Podia sentir a pele dele pulsar. Ele estava ao seu lado, pulsando.

Tudo iria ficar bem, Wilhelm pensou, e, sem ele pedir, colocou mais uma concha de legumes no prato dele.

"Você precisa comer para recuperar rápido."

"Eu já me sinto bem, muito bem."

"Isso é ótimo", Wilhelm comemorou.

"Wilhelm", Simon chamou, colocando o talher em cima do prato vazio.

"Sim."

"A caneta", Simon perguntou após uma pausa, o mirando com olhos vacilantes. "O que aconteceu?"

"Ela foi quebrada, a maldição acabou", explicou e no segundo seguinte ele desviou os olhos para o prato.

"E o que isso quer dizer?"

Uma mão de Wilhelm viajou pela mesa e, quando seus dedos estavam quase encostando na mão de Simon, ergueu o olhar para fitar os olhos dele. "Quer dizer que você pode me tocar."

E, com isso, ele tornou a olhar em seus olhos. A expressão dele era mais de confusão do que felicidade e não mudou muito depois que sua mão alcançou a mão dele. Seus dedos se entrelaçaram aos dele e houve silêncio.

Sem Deixar Vestígio [Wilmon]Onde histórias criam vida. Descubra agora