Capítulo 50

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Simon

"Agora podemos seguir com sua pauta", disse, com um tom de diversão na fala.

"O que você acha de almoçarmos e pegarmos um cinema?" Wilhelm perguntou, beijando o topo da sua cabeça.

"Fechado."

"Só que agora quem precisa de um banho sou eu."

Wilhelm se levantou primeiro e, quando chegou na porta, ele tirou o edredom e o jogou no chão, o presenteando com a melhor visão do mundo: o corpo nu dele.

Simon sorriu e pulou da cama. 

Dentro do box, viu Wilhelm ligar o chuveiro e se mover sob a corrente de água.

"Você tem uma blusa ou jaqueta com uma gola mais alta?", ele perguntou, o deixando entrar debaixo da água morna.

Sua mão foi instintivamente para o pescoço. "Você fez uma marca no meu pescoço?"

"Não consegui evitar", ele confessou, ensaboando seu peito. "Desculpa."

Deu de ombros. "Não me importo."

Tomar banho com alguém era algo bem doméstico e Simon fez isso com Wilhelm sem desconforto algum. Se sentir à vontade com ele e compartilhar momentos íntimos como esse o fez sentir uma forte emoção.

Perguntou-se se essa forte emoção tinha relação com o toque dele? Às vezes não sabia se podia confiar nos sentimentos que ele o fazia sentir. Eram tão poderosos que sentia que poderia morrer se um dia não conseguisse ficar com ele. Era exagerado, dramático e assustador, mas não ligava. Isso significava que estava perdidamente apaixonado por ele. E amor em demasia nunca era ruim.

O chuveiro foi desligado e Wilhelm se enrolou em uma toalha.

"Para que o Nathan veio aqui?", ele perguntou.

"Ele queria ver como eu estava."

Ele fez uma careta. 

"Não precisa ficar com ciúmes", pediu, secando seu corpo com a toalha. "Ele não quer nada comigo."

"Como você sabe?" 

"Eu toquei nele."

Ele franziu o cenho e duros traços de reprovação apareceram no rosto dele. "Você fez o que?"

"Eu só queria saber o que ele realmente pensava de mim", tentou explicar, ciente de que havia agido errado. "E descobri que ele não quer perder nossa amizade, o que é legal."

"Legal?", ele falou, irônico. "Eu acho que ele ainda tem esperanças."

"Ele sabe que eu não correspondo aos sentimentos dele."

"Mas já correspondeu um dia?"

"Vamos parar de falar disso?" Simon o cortou e pegou um perfume no armário do banheiro em cima da pia. "Vamos para minha cidade no feriado?"

A expressão dele suavizou. "Na casa dos seus pais?"

"Podemos almoçar e depois ir pra praia", falou. "O que acha?"

"Acho bacana."

"O que foi? Tá com medo de conhecer seus sogros?", provocou e ele jogou a toalha na sua cara.

***

No feriado, Simon desceu do ônibus na cidade dos seus pais, junto com Wilhelm.

A viagem era longa, mas não foi chata como das outras vezes, porque Wilhelm estava ao seu lado. Conversaram sobre o que gostavam de fazer nos feriados quando crianças e ele explicou as artimanhas que usou para evitar toques das pessoas.

Sem Deixar Vestígio [Wilmon]Onde histórias criam vida. Descubra agora