Valentina
Estou no banheiro terminando de usar o secador nos cabelos depois do banho quando tenho a impressão de ouvir o toque do meu celular. Desligo o secador na mesma hora e fico prestando atenção se ouço o barulho novamente, mas nada. Devo ter ouvido errado. Nessas últimas semanas se tornou rotina as ligações de Dante, tanto que fico aflita quando demora a ligar.
Saio do banheiro e por sorte já estou vestida, porque dou de cara com Roger sentado na poltrona do meu quarto. Estranho o jeito como me olha, como se não confiasse mais em mim.
- Aconteceu alguma coisa, Roger? - eu o encaro
- Não. Nada! - ele levanta da poltrona e sai enigmático. Vou até a porta e o sigo com os olhos, pensando que cada dia que passa ele parece mais estranho. Ouço novamente o toque do meu celular, agora é realmente ele que toca.
- Ei miliciano! Saudades de mim? - na verdade eu que já estava sentindo falta de ouvir sua voz.
- Você tem que sair dai o quanto antes, o Espanhol está indo para o morro. Encontro você no caminho! - diz aflito
- Dante, o que ... Droga!! - barulho de tiros me interrompem, pego minha arma na cômoda antes de espiar pela porta.
- Se proteja! Já estou indo! - ele encerra a ligação e eu torço para que a ajuda não demore.
Saio do quarto de arma em punho, atenta a todo movimento a volta. Dou uma rápida espiada pela janela, alguns homens armados cercam minha casa e já consigo ouvir sons de tiros dentro de casa, no primeiro piso. Mal sinal! Sigo o caminho me esgueirando e paro atrás de uma pilastra quando os tiros soam muito perto.
Olho rápido e volto a me proteger. Três invasores estão atacando meus homens que estão atrás de uma mesa deitada, ambos atirando sem parar. Aproveito que ainda não me notaram e miro em um deles, acertando de primeira. Menos um. Os outros dois percebem onde estou e miram em minha direção.
Não sei o que está acontecendo, meus dois homens devem ter sido atingidos, pois os tiros contra mim são muitos e não consigo sair de trás da pilastra. Preciso sair daqui o quanto antes. Respiro fundo tentando acalmar meu peito que bate descompassado, conto até três e viro atirando na direção deles.
Um deles é abatido e cai enquanto o outro se abaixa atrás de um sofá. Consigo finalmente me movimentar e me aproximo devagar, mirando onde o homem se esconde. Ele levanta e antes que foque onde estou, aperto o gatilho.
- Tuc, tuc !! - a porcaria da minha arma falha. Vejo minha vida e meus arrependimentos passando bem em frente de meus olhos quando o homem em minha frente abre um sorriso diabólico e mira minha cabeça.
- BAM!!! - paro de respirar junto com o som do tiro! Ainda me encarando, vejo os olhos do homem a minha frente perdendo o foco e ele cai devagar no chão, descobrindo a imagem de Roger logo atrás dele.
Roger abaixa a arma e sorri. Finalmente solto a respiração que estava presa e uma lágrima escorre do meu rosto, sorrio de volta agradecendo ao amigo que salvou minha vida. Mas tudo muda num segundo...
Os olhos dele mudam dos meus para algo além de mim e seu sorriso apaga, ele levanta o braço voltando a mirar e giro meu corpo, mas antes que consiga ver nitidamente, um estrondo e uma queimação em meu corpo, me jogam para o chão.
- TINA! FALA COMIGO! - ele corre até onde estou desesperado. Meu peito e o braço esquerdo queimam numa dor quase insuportável. Olho para baixo e vejo sangue escorrendo por minha blusa.
- Vamos para o andar de cima! - Roger diz quando ouvimos barulho de alguém se aproximando. Ele me ajuda a levantar e mesmo com muita dor, faço o maior esforço para sairmos dali o mais rápido possível.
Entramos em meu quarto e Roger me senta gentilmente em um canto, assim que estou protegida, vai para a frente da porta preparado para impedir qualquer um que tente entrar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O miliciano e a dona do morro ( Brutos que amam - Livro 2)
Romance( Brutos que amam - livro 2) Para o miliciano Dante, ordem dada é ordem cumprida. Depois de receber uma tarefa de seu amigo capo fará de tudo para realizá-la, mas nada o prepara para os obstáculos que aparecem em seu caminho. OBS: Não é um romance d...