Valentina
Alguns dias depois finalmente me senti um pouco melhor e aceitei o passeio de Olívia. Quando o carro para, fico olhando admirada o prédio colorido e cheio de vida a nossa frente. Mesmo da calçada é possível ouvir sons das risadas de crianças, que enchem o peito de qualquer um com uma sensação boa.
Sentamos no carpete e então entregamos os brinquedos que Olívia trouxe para as crianças que ficam eufóricas com a nossa presentes. Elas brincam animadas em nossa volta e duas crianças pequenas sentam coladas em nós, Olívia pega o menininho no colo e a garotinha do meu lado, escora sua cabecinha em meu braço, tímida. Entendendo seu recado, a pego no colo também, a criança me olha e sorri, ela nem tem ideia de como esse sorriso tão doce é capaz de amenizar a tristeza que vinha sentindo.
Bruno e mais alguns homens vem conosco no passeio, o celular dele perturba tocando a todo momento mesmo que ele recuse as chamadas da pessoa insistente. Na vigésima vez que toca, ele vai para um canto atender finalmente a ligação. Olívia para de brincar com as crianças e presta atenção nele que discute com uma pessoa em italiano, mesmo com toda a agitação em nossa volta é possível ouvir sua voz irritada.
- Sei solo la mia fidanzata, non mia padrone !* - ele rosna antes de desligar a ligação. Bruno fica com o olhar vago e aperta o aparelho entre os dedos parecendo querer quebrá-lo, depois acena para Olívia e marcha furioso em direção a rua. Sua expressão normal de quem está a ponto de matar alguém está um pouco mais carrancuda que a de sempre.
- Aconteceu alguma coisa? - pergunto preocupada com Dante e Andreas que ficaram na base. Ela balança a cabeça em negativo.
- Esses mafiosos que insistem em viver no século 18 - ela divaga
- O que quer dizer? - franzo minha testa sem entender o que ela diz
- Eles tratam o casamento como um negócio! Fazem acordos sem nem ao menos conhecer as futuras esposas. Andreas e eu nos apaixonamos um pelo outro, mas nem todos tem essa mesma sorte - ela diz com pesar olhando o caminho por onde Bruno seguiu e meu queixo cai com a informação, sem acreditar que isso ainda é possível nos dias de hoje.
Depois de passar uma tarde agradável com as crianças vamos embora, fico o caminho todo quieta, com meus pensamentos a mil e uma ideia formulando na mente.
- Não quero mais fazer parte do tráfico! - digo firme. Depois de chegarmos na base estamos todos sentados na sala conversando sobre nossa ida ao orfanato. A sala silencia e todos me olham atônitos
- O que quer dizer, pimentinha? - diz Dante
- Essa visita ao orfanato mexeu comigo. Vou terminar com os pontos e dar um novo rumo para minha vida! - digo animada
- Pois então eu tenho a ideia perfeita! Porque você não monta uma ONG para ajudar as crianças do Morro do Alemão? - diz Olívia também animada
- Parece uma boa ideia! - diz Dante
- Muito mais que isso. Não só crianças, mas também um projeto social que integre os homens que trabalham comigo e suas famílias para que ninguém mais precise do tráfico para sobreviver - digo
- Que tal uma sociedade? Conte conosco para esse projeto - diz Andreas segurando a mão de Olívia
- Eu também ajudo no que for preciso! - diz Bruno
- Isso seria maravilhoso! - digo de olhos marejados. Essa é realmente a mudança que preciso.
*Sei solo la mia fidanzata, non mia padrone - vc é só minha noiva, não minha dona!
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O miliciano e a dona do morro ( Brutos que amam - Livro 2)
Romance( Brutos que amam - livro 2) Para o miliciano Dante, ordem dada é ordem cumprida. Depois de receber uma tarefa de seu amigo capo fará de tudo para realizá-la, mas nada o prepara para os obstáculos que aparecem em seu caminho. OBS: Não é um romance d...