Capítulo 32

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Valentina

Sou praticamente arrastada para dentro do ginásio de treinamento, assim que entramos, ele solta meu braço e volta até a porta para fechá-la.

- O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO, IMBECIL? ABRA JÁ ESSA PORTA! - grito e tento chutá-lo.

- Primeiro, nós vamos conversar - ele desvia e vem em minha direção.

- Não temos nada a conversar, fica longe de mim! - eu recuo.

- Vamos voltar a ficar juntos de novo, ok? - ele levanta a mão para passar os dedos em meu rosto, mas dou um tapa nela antes que encoste em mim, ele age rápido e segura meu pulso.

- Se não quer por bem ... - ele aperta meu pulso a ponto de doer - Você vai obedecer e voltar comigo pianinho* - ele fala rangendo os dentes

- Espere sentado por isso! - uso o mesmo tom de voz dele, antes que eu consiga me defender, ele dobra meu braço com força, fazendo com que eu bata minha mão na ferida do meu ombro, grito e curvo o corpo com a dor que sinto. 

- Eu tenho um grupo pronto, só esperando minhas ordens para invadir o Morro do Alemão e tomar conta de tudo - ele mostra os dentes numa risada sinistra e um arrepio na espinha faz a dor ficar ainda pior. Ouço um estrondo e a porta do ginásio se abre.

- SOLTA ELA AGORA! - viramos o rosto ao mesmo tempo para ver Dante furioso que acaba de entrar. Ele avança e dá um soco no rosto de Seco, fazendo com que me solte antes de cair no chão. Cambaleio para trás, mas Dante me firma antes de se colocar em minha frente para me proteger.

- ELA É MINHA MULHER! - ele grita com uma mão tapando o lado do rosto ainda estirado no chão.

- Ela não é mais a muito tempo! Valentina está comigo agora! - ele rosna a frase e o que consigo pensar no momento é "desde quando estou com ele?", mas sei que é para que o traste me deixe em paz. Seco me encara esperando que eu negue por ter medo de sua ameaça.

- Estou com ele! - falo baixo pela dor, tendo a satisfação de ver a cara de ódio estampada na cara de Seco pela minha resposta quando levanta.

- Isso não vai ficar assim! - ele aponta o dedo em minha direção, me ameaçando. Respiro fundo aliviada quando ele vai embora.

- Você está bem? - Dante me olha de cima abaixo e foca num ponto em meu ombro, sigo seus olhos e vejo uma pequena mancha de sangue ali, provavelmente um ponto que abriu.

- E-estou bem - minto, realmente meu ombro arde assim como meu pulso

- Prometo que isso não vai acontecer de novo! - ele diz olhando em meus olhos e acredito em suas palavras. Fico feliz por ele ter aparecido e me livrado daquele traste. Dante me acompanha até meu quarto, que antes era seu, para tomar um analgésico, perguntando a todo momento se estou com dor e se estou mesmo bem, realmente se importa comigo, mostrando-se preocupado e gentil.

Logo o remédio começa a fazer efeito e Dante senta ao meu lado no sofá para limpar e refazer o curativo, ele está tão perto que sinto o cheiro amadeirado de sua colônia. Pela primeira vez encaro seu rosto me perdendo cada detalhe, o corte de cabelo mais alto no topo e raspado dos lados, o rosto bem traçado, seus olhos escuros, a barba cheia, o bigode de pontas viradinhas, a boca ... meu coração acelera e sinto meu rosto esquentar.

- O que foi? Será que está com febre? Está vermelha! - ele me olha preocupado e me pega o encarando. Acredito que fico mais vermelha ainda, "droga de pele clara que me entrega fácil". Dante me ajuda a ajeitar a blusa que abri alguns botões para que pudesse verificar o machucado, depois segura gentilmente meu rosto fazendo um carinho com o polegar e deixa um beijo em minha testa.

- Descanse. Preciso resolver um assunto urgente e depois volto para ver como você está - ele levanta e vai em direção a porta.

- Dante, espera! - chamo antes que atravesse o batente

- Eu volto depois! - abro a boca para falar, mas ele sai apressado antes que eu consiga dizer que finalmente não posso mais lutar contra o que estou sentindo.


voltar pianinho* = sem falar nada, nem reclamar

O miliciano e a dona do morro ( Brutos que amam - Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora