Favorite crime | JUKE

Capítulo 4

Luke's PoV

Dias depois...

— Atenção senhores passageiros com destino a Los Angeles. Já estamos sobrevoando o aeroporto internacional de Los Angeles.O avião pousará em poucos minutos. Afivelem os cintos e mantenham os encostos na posição vertical. Obrigado por voarem conosco.– A voz do piloto anuncia no alto-falante.

Estava sentado do lado da janela e olho por ela. Dá pra ver lá embaixo, bem pequenininha, Los Angeles.

Fui embora daqui com destino ao Canadá com meus pais adotivos quando tinha dez anos. Quase onze. Hoje, prestes a fazer vinte e um anos, estou de volta.

Meus pais, Emily e Mitch, me adotaram quando eu tinha dez anos. Até essa idade, eu vivia no orfanato comunitário St. Martin. Eu vivia lá desde bebezinho, quando fui abandonado pelos meus pais biológicos. Pessoas assim, que foram deixadas lá pelos pais, eram chamadas de "Rejeitados"

Eu era um dos poucos que permaneceu no orfanato até ficar mais velho. A maioria dos bebês ou crianças eram logo adotados, mas eu não. Com isso, os demais órfãos me maltratavam e faziam bullying comigo e viviam me chamando de "rejeitado". Eu passava a maior parte do tempo sozinho e sem ninguém pra conversar.

Aí eu conheci a Julie.

Estava me escondendo de uns meninos mais velhos que queriam me bater, e estava no corredor do quarto das meninas. Ouvi um choro baixinho e resolvi ver quem era. E era ela. Havia acabado de chegar ao Orfanato, pois seus pais haviam morrido. Ela era bem arisca, me expulsou várias vezes mas eu continuei lá. Até que ela se abriu comigo e nos tornamos melhores amigos.

Ela foi minha primeira amiga. A primeira que não me julgou e que me fez acreditar que eu não era um rejeitado. Queria saber como ela está hoje, se foi adotada, se está bem...pelas minhas contas ela deve ter uns dezoito anos agora. Quando me adotaram e depois quando me mudei pro Canadá com meus pais, acabamos perdendo contato. Perdi o endereço do orfanato e também o número de Victoria. Também procurei a Julie nas redes sociais, mas não a achei então, não sei como está a vida dela hoje em dia.

Nem sei se ela ainda lembra de mim ou se também pensa em como estou hoje. Só sei que sinto falta dela. Julie foi muito importante pra mim.

Quando éramos pequenos, dei a ela um anel que chamamos de "anel da amizade". Eu tenho um igual. Guardo ele até hoje. Não consigo me desfazer, mesmo que não sirva mais. É uma parte de mim e da minha história.

Quando estava arrumando as malas para vir para Los Angeles, ele caiu do meio das minhas coisas. Também achei o nosso "Contrato de amizade". Éramos tão pequenos que prometemos curar as brigas com sorvete. Bom, devia ser um sinal né? Peguei o anel e coloquei no meu colar, junto com minha primeira palheta de guitarra que meus pais me deram. E por falar neles...

A minha vida foi incrível depois que fui adotado. Demorei um tempo até conseguir chamar o Mitch e a Emily de pai e mãe. Mas eles sempre foram amorosos e carinhosos comigo. E me senti seguro pra falar que eles eram meu pai e minha mãe. Os verdadeiros. Foram eles que me deram amor e me educaram, foram eles que me trataram quando eu ficava doente e sempre estiveram lá comigo. Sempre.

Além disso, eles sempre foram muito parceiros e sempre me apoiavam em tudo que eu queria fazer. Quando disse pra eles que queria viver de música e que isso era o que eu amava fazer, eles me apoiaram. Além de sempre deixarem claro que não me amavam menos por eu ser adotado. E eles também  mostraram que entenderiam se eu quisesse procurar meus pais biológicos, afinal, era uma parte da minha história. Mas eu nunca quis. Sempre dizia que meus pais eram eles dois.

Mas então, aconteceu uma situação que me fez repensar isso.

Meu melhor amigo, na verdade já considero ele meu irmão, Alex, morava comigo e com minha família desde que o pai, que era a única família que ele tinha, descobriu que o filho era gay e o expulsou de casa. Alex foi morar comigo e com meus pais, que o acolhemos. Mas então, há alguns meses, o pai do Alex acabou falecendo. Ele morreu sem conversar ou se entender com o filho. Alex ficou arrasado. Ele dizia que o pai morreu odiando-o.