Capítulo 6

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Luke's PoV

Sinto um nó na minha garganta quando Victoria diz que Julie nunca foi adotada e, pior do que isso, foi mandada embora daqui há poucos dias.

— Caramba!– Alex diz depois que Victoria fala– O quanto que ela deve ter sofrido...acho que sei exatamente o que ela passou por ser mandada embora...– ele reflete, certamente se lembrando da situação com o pai.

— Por que deixou que ela fosse? Ela não poderia ter ficado aqui mais um pouco?– pergunto.

— Luke, a lei é clara: o órfão não pode ficar no orfanato depois dos dezoito anos! Ele tem que sair. Não pude fazer nada para evitar que Julie fosse mandada embora. Ainda pedi que a dessem mais um tempo, é o que sempre faço com os órfãos que são mandados embora. Mas não dá certo.

— Mas você sabe pra onde ela foi, não sabe?– pergunto e Victoria nega.

— Olha, Luke não pense que eu fiquei satisfeita com essa situação. Julie era como uma filha pra mim. Se eu pudesse, eu a adotaria. Mas não pude. É contra as regras.

— E aí você deixou ela ir embora, sem ter lugar algum pra ir e sem saber pra onde ela foi?– pergunto exasperado.

— Luke, calma. Não acho que ela quis que isso acontecesse.– Alex diz.

— Exatamente, Luke. Não foi uma escolha minha, ok? Não posso saber pra onde ela foi! E, mesmo que pudesse, não creio que a Julie me contaria.– ela diz e acho a fala dela estranha. Como assim a Julie não contaria? É claro que ela ia contar. Ela faria questão que a Victoria soubesse.

— O que você quis dizer com "não me contaria"?– pergunto.

Ela entra na sua sala, ignorando minha fala e começa a procurar arquivos no computador.

— A Julie...mudou muito depois que você foi embora, Luke.– ela diz com o olhar fixo no computador– Ela era uma garota doce, carinhosa e alegre. Mas o fato de você ter ido embora e, principalmente, o fato dela nunca ter sido adotada, a endureceram. Ela se tornou uma menina solitária, triste. E depois se transformou numa adolescente rebelde e problemática. Tentei não deixar que isso acontecesse mas...não acho que consegui.

Ela coloca o documento, que certamente possui informações sobre mim, para imprimir.

— Acho que a culpa disso tudo é minha.– digo– Devia ter ficado aqui, devia ter cuidado dela. E devia ter insistido com meus pais para adotarem ela. Se eles tivessem feito isso...ela não passaria por tudo que passou...

— Claro que não foi culpa sua, querido!– ela diz pra mim.

— Eu concordo com ela!– Alex diz– Você não tinha como saber o que ia acontecer com ela, Luke.

— Olha, querido. Aqui o seu registro de quando chegou ao  orfanato!– Victoria diz– Você era tão pequeno quando chegou aqui! Hoje já está um homem!

Sorrio.

— A senhora lembra quem foi que me deixou aqui?– pergunto.

— Já disse pra me chamar de você! E, que eu me lembre...foram as enfermeiras do hospital em que voce nasceu! O nome até tá aí!– Ela diz pra mim. Leio o papel e tinha apenas meu nome, Luke, sem sobrenome. E o nome e endereço do hospital em que nasci. Embaixo tinha minha ficha de adoção. Sorrio ao ler os nomes dos meus pais e ao ver minha foto aos dez anos sorrindo pra câmera. Eu tinha que ficar sério, mas simplesmente não conseguia conter minha felicidade por ser adotado.

— E...meu nome? Quem foi que deu?– pergunto.

— Acho que foram as enfermeiras.– ela diz.– Resolvi deixar esse nome. Significa sorte.

Favorite crime | JUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora