Três semanas depois...
Vejo Draco mais uma vez voltando com a bandeja, pelo menos dessa vez está vazia.
- Enfim ele comeu? - Perguntei e ele Suspirou.
- Comeu, mas não me deixou entrar. - Respondeu e então escutamos o choro baixinho vindo quarto de Harry.
Depois daquele dia no shopping...acho que todos estamos devastados, tivemos perdas...muitas perdas. Cho, Emília que ainda não sabemos se está viva ou...enfim. Theo, Neville, Padma e quase o Harry. Ainda me lembro quando ele viu o corpo do Theo, que ainda estava vivo, respirando os seus últimos minutos de ar...
Flashback on:
Estava segurando sua mão. Sangue saia de sua boca e ele tentava permanecer vivo, ele queria permanecer vivo.
- Tudo bem, tudo bem. - Eu repetia e mesmo quase morrendo ele revirava os olhos.
- G-gina... - Ele chamou com dificuldade e eu o olhei, esperando ele completar o quer que seja. - O-o Nev...o Nev...ele está lá...lá embaixo, nos túneis. Eu tentei...te...tentei ajudá-lo, mas...mas não consegui.
Assim que ele disse, Lilá se levantou e saiu correndo para os túneis. Meu coração se apertou e as lágrimas retornaram a cair. Ouvi passos e olhei para as escadas vendo Draco trazer Harry que estava em um estado péssimo, péssimo demais. De longe eu conseguia ver que ele estava em estado de choque, alguma coisa tinha acontecido lá encima e me dei conta quando não vi nem Emília e nem Cho com ele.
- Não... - Nego levando minha não até a boca para abafar o choro, mas eu não consigo.
Ao me ouvir, Harry olha para mim e para de andar quando seus olhos se voltam para o corpo a minha frente. Se antes ele não conseguia se manter de pé, agora ele tirou forças de algum lugar para se desvencilhar do Draco e correr até o corpo de Theo. Ele gritou, um grito que doeu em minha alma.
Harry se agarrou ao corpo de Theo como se podesse o salvar, mas ele não podia...ninguém mais podia.
Flashback off.
Depois voltamos para o hotel em que estávamos e desde então, Harry não sai do quarto e não deixa ninguém entrar. Todos ouvem ele chorar, seja de dia, de tarde ou de noite. E sei que ele se culpa pela morte de Neville, mas ele não tem culpa. Ninguém tem culpa, até porque foi uma armadilha.
- Será que ele vai ficar bem? - Perguntei mesmo sabendo a resposta. Ele nunca iria ficar bem.
- Vai sim. Ele tem que ficar. - O loiro respondeu e nem ele mesmo acreditava nas próprias palavras ditas.
Sabíamos que ele poderia parar de chorar, sair do quarto, rir novamente, mas sempre teria um vazio no coração dele. Não que Harry seja o único a sofrer pelas perdas, ele não é o único. Parvati também está ruim, quase tão ruim quanto Harry, mas ela sai do quarto para comer e então volta para o quarto. Lilá vem tentando ser forte, mas pelo o que eu vejo ela não está nada bem e se ela ficar guardando mais um pouco, ela vai explodir.
A porta da frente é aberta e vejo Pansy entrando com muitas sacolas. Foi ela quem achou Theo, foi ela quem levou ele até mim. E é ela quem parece melhor entre todos nós.
- Trouxe algumas coisas, Gina, pode me ajudar a guardar? - Perguntou e eu confirmei e levantando do sofá e indo para a cozinha.
Ela havia contado que sempre esteve com Draco, sempre entre aspas, na maior parte da vida dela. Eles só se separam quando ela saiu do orfanato e foi para a Argentina com a família que adotou ela. Também disse que quando Draco a achou e contou toda a história, ela só seguiu com ele porque era ele, mas que ela não havia acreditado em nenhuma palavra do homem.
- Torta de maçã, vou tentar fazer ele abrir a porta. - Diz tirando a torta de uma sacola e me olhando, provavelmente estava esperando eu dizer se é uma boa ideia. - Acha que ele...não sei, era a sobremesa preferida dele, não sei se ainda é.
- É sim. - Digo e ela sorri.
Pega um prato e corta uma fatia bem generosa da torta e coloca no prato. Estava se esforçando e eu gosto disso nela. Ainda colocou chantilly, Harry iria amar aquilo.
- Harry passou por muitas coisas. - Comecei a dizer e ela me olhou prestando atenção. - Não sabemos sobre tudo, nem Cho sabia sobre tudo, mas ele passou por maus bocados e não sabe lidar com eles, ele se trancou e não diz nada. Não foi só a fulga do orfanato, ou a prisão do padrinho dele, e eu acho que foi nos três anos que ele ficou nas ruas de Nova York.
- Acha que...
- Não, mas algo grave aconteceu. Por isso, não pressione ele para abrir a porta ou falar com você, vamos esperar o tempo de luto dele. - Ela confirmou e pegou o prato saindo da cozinha.
Suspirei e me encostei na bancada. As coisas estavam prestes a piorar.
¥¥¥¥¥¥
Passei pela sala e vi Draco me olhar como se perguntasse se eu queria mesmo fazer aquilo. Só sorri para ele, dizendo que estava tudo bem.
Lembro de um passado em que eu e Harry éramos próximos. Claro, dois pirralhos da mesma idade em um orfanato chato e sem graça, brincando de achar esconderijos secretos. Mas depois de alguns meses, acho que desistimos da aventura e de toda adrenalina que ela trazia. Então Harry fugiu e foi isso, ninguém mais tinha animação para nada.
Balancei a cabeça para tirar esses pensamentos da minha mente, não adianta ficar remoendo o passado. Fui em direção a porta que a muitos dias se encontra fechada e bati duas vezes.
- Harry... é a Pansy, trouxe torta de maçã. Acho que ainda é a sua preferida, eu não sei. - Mordo o lábio e penso no que falar para que ele abra a porta, mas nenhuma das minhas palavras pareciam certas. - Não precisa abrir, sério, eu só...eu entendo você. A dois anos eu vi meus pais adotivos sendo assassinados na minha frente e creio que a minha dor tenha sido parecida com a dor que você está sentindo agora, até porque Emília é sua afilhada...
Isso não está soando muito delicado. Eu sou péssima com as palavras. Me abaixei, pensando se seria melhor deixar a torta ali e quando ele quisesse ele pegava e comia, mas me levantei ao ouvir o barulho de chave na porta e ver um Harry de rosto meio inchado e vermelho abrir a porta. Eu não sabia oque falar.
- Oi... - Digo e ele sorri meio triste, pega a torta da minha mão e me dá espaço para entrar no quarto.
- Oi... - Sua voz saiu meio falhada e rouca, talvez seja por causa do choro. - Torta de maçã é jogar baixo comigo.
Sorri com isso e entrei no quarto que surpreendentemente não estava escuro ou cheirando mal. As cortinas e a janela se encontrava abertas, e o quarto tinha um leve cheirinho de maçã, o clássico cheiro do Harry. Ele se sentou no chão mesmo e se encostou na parede, levando um pedaço de torta para a boca. Me sentei ao lado dele e ficamos em um silêncio confortável, no momento não precisava de palavras, só precisávamos do silêncio e eu aproveitei a companhia dele e a companhia do silêncio.
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Once Upon A Time
FanfictionLivro 1 Uma maldição foi lançada em cada canto do reino encantado. A única solução foi enviar treze crianças para o mundo real, com a esperança de que elas um dia voltariam para salvar a todos que foram pegos pela cruel maldição. Mas quando se é cr...