Capítulo 3

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             - EU PENSEI QUE VOCÊ FOSSE GAY! - Cho gritou, mas parecia aterrorizada. - Meu Deus, Harry Potter, me explica isso agora mesmo.

                   - Não é... - Tentei explicar, mas a garota me interrompeu.

                   - Eu sou Emília Weasley, e você é Cho Chang. - Ela disse e Cho não conseguia tirar aquela cara de susto e choque. - Relaxa, eu não sou filha dele. Eu sou afilhada dele.

                  - Não, ela não é nada minha. - Digo rápido e a expressão de susto e choque de Cho é trocada por uma expressão de confusão. - Ela é só uma garota que me irritou o suficiente para que eu abrisse a porta. E eu não sou gay, eu sou bi.

                   - Não estamos falando sobre sexualidade, estamos falando sobre a cidade mágica. Agora que Cho está aqui, vai ser mais fácil para reunir todos. - A pirralha diz e Cho se aproxima se sentando na cadeira ao meu lado e a garota empurra a carta e Ronald na mão dela. - Lê isso, você era uma das mais velhas entre todos eles, vai saber oque fazer e no que acreditar, já que Harry não acredita.

                A mulher não falou nada, só abriu a carta e começou a ler. Concerteza ela vai acreditar em cada vírgula que tiver na carta, Cho é uma doida sonhadora, que acredita na merda do príncipe com o cavalo branco. Olhei para a garota, ela parecia cansada ou até exausta, mas não queria dormir...estava lutando contra isso. Como se estivesse segurando o último fio daquilo que ela verdadeiramente acredita, talvez ela acredite que se dormir pode acordar sozinha denovo.

                - Eu sempre soube. - Exclamou a asiática em uma animação descomunal. - Sempre soube que tinha alguma coisa de errado com aquele bando de criança. Você nunca parou para pensar o porquê de 13 crianças chegarem ao mesmo tempo, no mesmo orfanato? Nunca seria coincidência. E ainda tinham bebês, Ginny por exemplo, era uma recém nascida, deveria ter entre 1 mês mais ou menos.

                   - Então você lembra, mamãe e Papai não se lembravam de nada, até porque papai também era um bebê e mamãe tinha pouco mais de um ano. - A garota diz e sorri para Cho. - Do que você se lembra?

                   - Não muito, na verdade não lembro de quase nada. - Revelou e ficou pensativa.

                   - Qualquer coisa, qualquer coisa que se lembrar já é alguma coisa. - A pirralha insistiu.

                   - Tudo foi confuso nesse dia, só me lembro de algumas horas dele...eu só tinha 5 anos, apesar de ser uma das mais velhas, eu era a mais assustada entre todos...

21 anos atrás...

                 - Deixa que eu seguro ele para você. - Digo para Draco e estendo os braços para pegar o pequeno Harry. - Deve estar pesado.

                  - Só um pouquinho, eu gosto de segurar ele. - O garotinho me disse, mas me deu o bebê mesmo assim. - Para onde vamos Cho? Eu estou com medo.

                  - Vamos para um lugar seguro, Cedrico e Theo falaram que tem uma idéia de algum lugar. - Digo e olho para frente, vendo os dois mais velhos segurando em seus colos, Ron e Pansy. - Vai ficar tudo bem e nem parece que está com medo, me parece que é o mais corajoso daqui.

                     Parece que andamos por horas, a cada passo eu me lembrava da mamãe, me lembrava de cada palavra que ela sempre me dizia. Uma mulher forte e destemida que eu sempre admirei e sempre vou admirar, só tenho medo de esquecer ela. Chegamos em uma casa bem grande, estava escrito algo como: Ofanato da senorita Ubridge...ou algo assim.

              A mulher que abriu a porta parecia uma bruxa, uma coisa de cara feia e roupas mais feia ainda, nos olhavamos como se tivéssemos cometido um crime.

                  - Oque querem aqui? - Perguntou de forma ríspida e cruel.

                  - Fomos abandonados, não temos para onde ir. - Cedrico disse e meu coração apertou, senti vontade de chorar e gritar para ele que era mentira, que ele é um mentiroso e que não fomos abandonados. - Porfavor senhora, nos ajude.

                    Era um lugar sombrio, quase caindo aos pedaços. Não sei como uma pessoa como aquela senhora teve a ideia de criar um orfanato, ela parecia tão moribunda.

                  Já no primeiro instante, ela separou as meninas dos meninos, os mais velhos dos mais novos e os bebês ela levou para o outro lado do lugar. A noite, eu consegui ouvir o choro de todos nós e os gritos de outras crianças e outros adultos que nos mandava ficarem quietos.

Atualmente...

                - Falei que são coisas sem sentido, eu estava beirando ao desespero e as lembranças de antes disso...foram apagadas da minha memória. - Cho relatou e enxugou algumas lágrimas que caiam. - Isso não ajuda em nada, se tiver alguém entre todos aqueles que se lembram de alguma coisa... é Cedrico e Theo, os dois tinham oito e sete anos, eram os mais velhos do grupo todo.

                 - Esse tal de Theo é oque está mais perto. - A garota entregou a lista para Cho. - Também está aqui em Londres e podemos o achar mais rápido. Por isso temos que ir agora.

                 - Não! - Eu e Cho dissemos ao mesmo tempo e a garota bufou e cruzou os braços. - Não posso largar tudo para ir em uma aventura. - Cho continuou a dizer. - Tenho uma casa, um emprego meia boca, mas tenho. Um carro do ano, um quase possível namorado milionário. Não posso me dar o luxo de deixar tudo para trás e ir procurar pessoas que não vejo a mais de dez anos.

                 - Claro que pode, tem que largar tudo!

                 - Não é assim que funciona as coisas, garota. - Eu a Interrompo. - Não pode chegar aqui e esperar que larguemos tudo por causa de uma história de conto de fadas, a vida não é um conto de fadas e você precisa entender isso.

                  - Mais está aqui, no livro. - Apontou para o livro e vi seus olhos se encherem de lágrimas. - Vocês tem que fazer isso, eu preciso dos meus pais, preciso encontrar eles e vocês são as únicas pessoas que podem me ajudar. Eu estou implorando, implorando para receber a ajuda de vocês, porque sei que são heróis e heróis sempre ajudam as pessoas que pedem ajuda. Não me tirem a última esperança que me resta.

                 Ela começou a chorar e eu comecei a me desesperar em silêncio. Minha amiga segurou meu braço e me olhou com culpa, sei que Cho é uma Maria Mole, mas está na cara que essa pirralha está dramatizando a história toda. Tínhamos que acalmar ela...tínhamos que nos acalmar primeiro e então acalmar a pirralha, fazer ela dormir e amanhã de manhã eu ligaria para o meu pai e ele acharia os pais dessa garota e então eu vou dar uma entrevista para a melhor revista de moda de Londres e enfim ser rico e trabalhar por quatro dias na semana e ficar bêbado todos os outros dias restante.

                  - Ok. - Falei e ela me olhou, as duas me olharam com espanto e revirei os olhos. - Ok, eu topo seja lá oque. Mas eu quero condições e isso eu inegociável.

                - Tudo bem, qualquer coisa. - A ruiva disse sorrindo e limpando as lágrimas, pequena cobrinha.

                 - Não vamos hoje e nem amanhã. Eu quero garantir esse emprego de algum jeito e também quero que Cho garanta o futuro namorado. - Ela ouvia atentamente. - Assim que tudo estiver garantido, vamos fazer uma pesquisa e achar exatamente onde essas pessoas estão e então vamos até lá e vemos oque acontece depois.

                 - Isso é um acordo que só beneficia vocês. Eu também tenho as minhas exigências. - Fiz um sinal para ela continuar a falar. - Não podemos demorar mais de duas semanas para ir procurar os outros e eu vou ficar aqui no seu apartamento até lá.

                  - Fechado.

                  Eu estou sendo uma pessoa ruim por mentir para uma garotinha de dez anos? Eu concerteza vou para o inferno e ninguém vai poder me tirar de lá.
            
             

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