Capítulo 16

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             Se ouviram não comentaram, e eu agradeci mentalmente por isso.

                  Aquele dia foi...nunca soube a palavra certa para ser usada, não existia definição para aquele dia e eu venho tentando esquece-lo a muito tempo, a muitos anos.

                  Falei para a pirralha que somos uma família feliz, éramos a bons seis anos. Se naquele tempo eu achava que não era amado o suficiente, o sacrifício que Sirius fez por mim, só me provou o contrário. Assumir a culpa do assassinato para que eu não fosse levado para um reformatório...isso sim foi uma das maiores provas de amor que eu já recebi em minha vida. Naquele dia tão confuso, eu Finalmente acreditei que eu poderia amar e ser amado.

                  Ele não tinha que fazer aquilo, não tinha, mas ele fez...fez por mim. Sacrificou tudo da vida dele para que a minha não fosse sacrificada. Mas a culpa não foi embora rápido e fácil, ela ficou, manchou meu coração e lá permaneceu. Desisti de Harvard e de qualquer outra faculdade que tivesse passado, em minha cabeça não era justo com ele eu continuar meu sonho.

                 - Aqui tem 3 mil euros, tem quinhentos euros de juros. Se ele quiser mais, mande ele ir direto para o inferno. - Cho disse entregando a bolsa de dinheiro para Gina.

                - Não sei se é o certo, desculpa gente, mas eu estou me sentindo mal em pegar esse dinheiro. - Confessou com cara de vergonha.

                - Não precisa sentir nada, é dinheiro limpo. Só isso que importa. - Respondi tentando dar a merda de um nó na gravata que eu iria usar. - Não roubamos e pronto.

                 - Hunf, que dificuldade em dar um nó em uma gravata. - Theo disse depois de bufar pela milésima vez e me puxou pela gravata, começando a arrumar a mesma. - Pensei que usasse isso o tempo todo, você não trabalha em uma revista?

             Próximo demais...próximo demais... Próximo demais.

              Eu estava estático no lugar sem saber para onde olhar ou onde colocar minhas mãos ou como se quer respirar. Não sabia que Theo tinha tanta influência em meu ser, ao ponto de só de chegar perto, já fazer meu sistema entrar em pane. Senti um leve puxão na gravata e olhei para ele que estava claramente esperando uma resposta minha.

                 - E-eu trabalhava em uma revista de fofoca, pelo amor de Deus, era um dos únicos a burlar o código de vestimenta. - Respondo me batendo mentalmente por ter gaguejado e me bati mais ainda ao ver um sorrisinho no canto daquela boca linda dele.

                  - Você burla muitas regras, senhor Potter, mas hoje deve se manter na linha e se passar por um bom advogado. - Lembrou e eu revirei os olhos. - Não revire os olhos para mim. Se quer fazer o negócio, faça direito.

                  - Porque tem que ser eu? Você se passaria por um ótimo advogado. Aposto que até tem uma indentidade falsa para isso. - Rebati e sorri em vitória ao ver seu sorrisinho descarado sumir de sua face. - Não brinque comigo se não aguentar o troco, Theodore.

                 Dei um leve tapa em sua mão que ainda estava na gravata com o nó já feito. Antes de sair de perto dele, não pude deixar de notar o brilho de raiva que passou pelos seus olhos castanhos. Se Theo queria jogar, eu também entraria nessa, mas seria com os meus próprios termos e ele provavelmente não vai aguentar nem o começo.

                 Fui para o lado de Gina, que se encontrava quase comendo as unhas de tão nervosa. Estava com um lindo vestido vermelho meio colado ao seu corpo com um decote discreto, uma jaqueta de couro preta, um salto alto bem alto também preto e um toque em seu pescoço que brilhava mais que diamante: um maravilhoso colar de pérolas. Ela estava vestida para matar e eu aposto de mataria alguém de ataque cardíaco (confesso que até fiquei sem ar quando a vi tão linda).

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