Capítulo 37

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             Meu pai sempre me disse que se eu fosse do tipo festeiro, eu deveria tomar cuidado com vários fatores:

              Primeiro e o mais importante, proteja sua bebida de gente idiota que possa colocar qualquer tipo de coisa dentro dela. Sério, isso é super importante.

              Segundo: Se você não está interessado em ninguém, não dê trela para idiotas que ficam te xavecando (palavras usadas pelo meu pai, senhor James Potter).

               Terceiro: Nunca perda a guarda...bom, são os primeiros, mas ainda tem vários, só citei eles para tentar entrar em contexto do que está acontecendo agora, bem...

                 Bêbado não chega nem perto da palavra que me descreve e desatento é um ótimo adjetivo para me descrever. Tudo passa pelos meus olhos como se fossem sombras totalmente desfocadas. O som está tão alto que está difícil até ouvir minha respiração que não tenho muita certeza mas parece estar bem forte.

2 semanas antes...
               

         - Cala a boca idiota, o garoto está exausto...

          - Eu sei, mas...

          - Quando eu mandei você calar a boca foi literalmente, então cala sua maldita boca, Blaise.

                Começar a falar o que eu estou sentindo vai me trazer uma enorme dor de cabeça, então não vou dizer, mas saibam que estou me sentindo completamente derrotado e acabado, esgotado no sentido literal da palavra. Não faço idéia de onde eu estou ou o que aconteceu depois que eu desmaiei, também não consegui indentificar de quem são essas vozes, bom...a grande parte delas.

            - Gina, o padrinho vai ficar bem? Oque exatamente aconteceu?

            - É difícil explicar, nem eu mesmo entendi. Pergunta pro Draco.

            - Não pergunta pra mim não.

            Parece muito que eu tô drogado, porque não é possível que eu não consiga falar pra esses sequelados calarem a boca. Também não fiz questão de me mexer para mostrar que eu estava relativamente acordado. Então, acabei dormindo novamente.

*********

             -...pensando bem, a rainha má ficou meio nojenta. Não que eu tenha algo contra idosos, mamãe falou que é falta de respeito, mas não tem problema pensar assim, né?

               Aos poucos meus sentidos foram voltando, agora eu não parecia alguém drogado, só alguém com ressaca e isso era o "normal" para mim. Já havia acordado a alguns minutos e ao perceber que a pirralha era quem estava contando a história da Branca de Neve para mim eu quis escutar cada palavra, mesmo que meu instinto de padrinho me mandasse acordar e esmagar ela em um abraço e pedir perdão por não ter cuidado direito dela.

                  - Não tem problema. - Consigo dizer, mas estranho pela minha voz sair bem rouca e estranha. - A maioria dos velhos são chatos.

                - Padrinho... - Ela sussurrou em completa surpresa. - Você está acordado ou alucinando?

                - Não sei, você é real ou é meu cérebro querendo me fazer de idiota? - Digo e abro os olhos olhando em sua direção e vendo a pirralha com um enorme sorrindo no rosto.

                 - Seu cérebro não me usaria para te fazer idiota. - Ela diz e então arregala os olhos e eu solto uma risada. - Com todo respeito é claro.

                 - Ah pirralha, eu morri de saudades de você. - Puxei ela e com o mínimo de força que eu coloquei, fiz ela se deitar ao meu lado em um grande abraço de urso.

                 Já havia pensado nisso antes, mas estando aqui agora e tendo certeza que é realmente ela, eu vejo que meu sofrimento anterior não foi egoísta, confesso que uma parte sim, mas não todo. Emília foi uma das pessoas que me trouxeram de volta para a realidade ou me tirou dela, de um jeito que eu teria batido na pessoa, mas com ela é diferente e não é porque ela é uma criança, porque um dia um garoto já roubou um pedaço da minha pizza e saiu correndo e ele não era pobre. Não, eu não bati nele, faz fiz ele chorar com minhas palavras sobre o futuro podre que ele teria se continuasse fazendo aquilo (hipocrisia? Talvez).

                - Eu fiquei com tanto medo de alguma coisa ter acontecido com você. Me desculpa, me perdoa, porfavor. - Peço, já sentindo as lágrimas molharem o meu rosto.

                - Tá tudo bem, Harry. Eu estou bem e você não precisa me pedir desculpas, você não fez nada de errado. - Disse com sua voz doce e calma. Uma tentativa de consolo bem falha.

               - Eu fiz. Fiz tanta coisa errada e deixei você ser levada, eu fiquei com tanto medo. - As lembranças daquele dia passavam muito rápido pela minha cabeça. A dor de todas as perdas e a dor de saber que ele havia levado ela e eu não pude fazer nada. - Eu dívia ter lutado mais...

                   - Não! Você está fazendo tudo certo, eu estou bem.

                   - Está bem... - Digo e então me afasto o suficiente para conseguir olhar o seu rosto e me perguntar o que raios havia acontecido. - Que merda aconteceu? Eu pensei que você estava sendo torturada pelo meu irmão gêmeo do mal.

              - É uma longa, longa história.

               - Então é melhor você começar a me contar, Tim, tim por Tim, Tim.

                 - Tabom, tudo começou...

Once Upon A TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora