Capítulo 18.

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Estávamos concentrados em um exercício sobre tridimensionalidade quando Lexa levantou-se e andou casualmente, vindo deixar um bilhete sobre a minha prancheta. Ele saltou e foi parar na mesa, no espaço entre eu e Murphy. Ele esticou a mão para pegá-lo, mas o alcancei primeiro. Abri no meu colo. “Minha mãe vai provisionar o Duelo de Bandas da rádio KBTO no sábado à noite”, ele dizia. “Ela disse que vai pagar quinze dólares por hora, se você ajudar. É meu jeito de compensar você por faltar no trabalho. De quebra, a gente assiste ao show de graça. Só nós duas. Quer?”

A letra de mão dela era miúda, um garrancho. Escrevi minha resposta embaixo, depois me levantei e entreguei o bilhete. Eu ainda não tinha voltado para a minha carteira quando ela explodiu em uma risada.

“Só se você mantiver as mãos longe de mim”, escrevi.

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O sábado parecia nunca chegar. Enrolei o Finn dizendo que estava menstruada, isso sempre o repelia. Sei que eu precisava cortar as amarras, e faria isso no momento certo. Quando conseguisse fabricar as palavras. Tão logo eu as reunisse. “Olha só, Finn. Conheci outra pessoa com quem prefiro estar. Ah, e agora vem a melhor parte: ela é uma garota.”

Meu Deus. Eu nunca poderia fazer isso com ele. Lexa falou para eu passar na casa dela às quatro horas, para que eu ajudasse a carregar e montar o equipamento.

— Que tipo de show? — Mamãe perguntou enquanto eu me aprontava para sair. Ela tinha se convidado a entrar depois de trocar as toalhas do meu banheiro.

— Um show de rock, acho. É um duelo de bandas.

— Você vai com o Finn?

Passei uma escova no cabelo, querendo que ele fosse mais longo para que eu pudesse fazer algum penteado interessante. Cachos, tranças, qualquer coisa.

— Não. Com a Lexa.

— Onde você arrumou essa Lexa?

Minha cabeça levantou para travar olhares com Mamãe. O tom de voz dela me irritava.

— Você fala como se ela fosse uma doença.

Mamãe levantou um catálogo de universidade da minha cômoda e começou a folhear.

— O que você viu nessa garota?

Se ela soubesse...

— Ela é legal. Eu gosto dela.

Mamãe abaixou o catálogo e disse:

— Não quero você saindo com gente igual a ela. Depois de hoje, diga a ela pra ir procurar amigos em outro lugar.

Meu queixo caiu. Mamãe acrescentou:

— E esteja em casa antes das onze.

Desde quando eu tinha toque de recolher? E desde quando minha mãe escolhia meus amigos? Esperei até que os passos dela terminassem de subir a escada, então murmurei:

— Vá pro inferno. — E apontei o dedo do meio.

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O próximo capítulo é o onde as coisas realmente começam acontecer e estou feliz por finalmente ter chegado nessa parte da história. Já vou liberar ele para vcs, fiquem atentos!

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