— Sim, alô? — Ele disse, as palavras entrecortadas. Engoli em seco.
— Desculpe tê-lo acordado. Posso falar com a Lexa? — Minha voz soou vazia, ausente.
— Quem é? — Ele perguntou.
— É a Clarke. Desculpa, sr. Woods. Eu preciso conversar com a Lexa.
Ele soava obviamente irritado.
— Só um minuto.
Minha testa descansou contra o volante.
— Alô? — A voz de Lexa soou pastosa. Ela limpou a garganta. — Quem é?
— Sou eu.
— Clarke? — A voz dela avivou. — Faz horas que estou ligando pra você. Onde você está?
Minha garganta estava seca. Dolorida. Me recostei e falei:
— Estou sentada em frente à sua casa. Preciso de você.
Uma cortina na janela do andar superior se abriu.
— Já estou descendo — ela falou. — Não vá embora.
Eu ri, amarga.
Alguns segundos depois, Lexa saiu pela porta da frente, com a camisa de beisebol caindo na altura das pernas, um tênis de cano alto em um pé e o outro na mão dela. Ela correu pela calçada e cruzou a rua. A mão dela espalmou na minha janela fechada e ela espiou do lado de dentro, antes de dar a volta para o lado do passageiro.
— Clarke? Querida. — Ela fechou a porta e se virou para mim. Continuei a fitar adiante. Cega. Entorpecida. — O que aconteceu? — Ela perguntou.
Olhei para ela.
— Minha mãe me pôs pra fora de casa.
— Não. — Lexa saltou sobre o banco e passou os braços ao meu redor. — Clarke, não. — Ela me agarrou, mergulhou a cabeça no meu pescoço. — Ah, meu amor, não.
— Ah, meu amor, sim.
Lexa recuou.
— Você contou a ela? Sobre nós?
— Não. — Minha voz soou áspera, como eu me sentia por dentro. — Não precisei.
Lexa franziu a testa.
— Alguém expôs você? Quem?
— Chuta. Você tem uma chance.
— Não sei.
— Amiga sua e minha.
Lexa estava confusa.
— Octavia — falei. Ela balançou a cabeça.
— Não acredito nisso. Tem certeza?
Assenti. Eu tinha certeza.
— Você está tremendo. Está congelando aqui dentro. Onde está seu casaco? Devo ter rido de novo.
— Acho que esqueci nos dois minutos que tive pra empacotar as coisas. — Lágrimas queimaram meus olhos. — O que vou fazer, Lexa?
Ela me abraçou de novo.
— Fique aqui comigo, claro.
— Não posso.
— Pode, sim. Vem. — Ela saiu do lado do passageiro e correu para abrir minha porta. Me arrastou pela rua e para dentro de casa.
Os pais da Lexa estavam ambos acordados agora. O sr. Woods estava parado ao lado da escada, enquanto Indra perambulava pela cozinha, amarrando o cinto do robe.
— A mãe da Clarke a colocou pra fora de casa — Lexa informou a eles.
— Oh, querida. — Indra correu e me abraçou. Não pensei que houvesse restado lágrimas, mas uma inundação delas escorreu pelas comportas.
— Ela pode ficar aqui, não é? — Lexa disse. Havia desafio na voz dela.
Quando nenhum dos pais dela consentiu de imediato, eu disse:
— Tudo bem. Eu vou para um hotel.
— Ela pode dormir no sofá-cama — o pai da Lexa falou. Eu o vi lançar um olhar Indra. — Vamos conversar sobre isso amanhã de manhã. Agora vamos voltar pra cama e dormir.
Meus olhos se perderam na cornija da lareira, onde um relógio anunciava duas e trinta e cinco.
Por quanto tempo fiquei dirigindo? Por quanto tempo permaneci parada em frente à casa de Lexa? Que dia é hoje?
Houve uma agitação pela sala e, de algum modo, o sofá se transformou em uma cama.
— Isso é idiotice, pai. — Ouvi Lexa dizer em meio à névoa no meu cérebro. — Por que ela não pode dormir no meu quarto?
— Lexa — ele advertiu.
Ela xingou em um murmúrio quase inaudível. Em seguida, eu já estava debaixo das cobertas. Eu tinha tirado a roupa? Depois Indra estava acariciando meus cabelos, ou era a Lexa? E meu telefone estava tocando. Alguém colocou o celular nas minhas mãos?
— Alô? — Respondi baixinho.
— Oi, amor. Sou eu. Você está bem? Que pergunta idiota, é claro que não está. Quer conversar sobre isso?
— Acho que não. — Rolei, dobrando os joelhos junto do peito. Tremendo de novo, mas não de frio.
— Queria que estivesse aqui na cama comigo. Queria poder abraçar você.
— Fala comigo, Lexa. Fala comigo até eu adormecer.
— Já contei sobre a vez que meu pai me pegou beijando uma menina da vizinhança atrás da garagem? — Ela riu baixinho. — Meu primeiro amor. Eu tinha seis anos.
Sorri e me agarrei ao telefone, à voz dela, até que todos os outros sons na minha cabeça se dissipassem, calassem, desaparecessem noite adentro.
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O café da manhã na casa dos Woods era uma balbúrdia. Todos se dirigiam para a cozinha ao mesmo tempo, agarrando uma tigela do seu cereal favorito sobre o balcão. Colheres tilintavam enquanto uma caixa de leite passava de mão em mão. Lexa me colocou na cadeira ao seu lado. Do outro lado da mesa, Lincoln falou:
— Ei — e moveu o queixo, com uma expressão solidária. Lexa devia ter contado tudo a ele.
Aden apontou com a colher, a boca cheia de Froot Loops, e perguntou:
— O que ela tá fazendo aqui?
Lexa respondeu:
— Ela mora aqui agora.
— Não, não moro. — Fitei Lexa. As lágrimas ameaçavam transbordar de novo, então me levantei apressada.
Enquanto eu começava a dobrar os lençóis do sofá-cama, ouvi o sr. Woods dizer:
— Vamos, pessoal. Vamos nos mexer. — Senti que ele se aproximou de mim e se demorou ali. — Aguente firme, garota. — Ele segurou meu ombro. — Não é o fim do mundo.
Era fácil para ele dizer isso, ele estava vivendo o sonho americano. O relógio na cornija tocou oito horas e eu voltei para a cozinha.
— Esqueci meu dinheiro. Alguém poderia me emprestar cinco dólares pra gasolina, pra que eu possa ir à escola? — Não consegui me segurar, irrompi em lágrimas.
Lexa me abraçou. Do balcão onde estava passando o café, Indra falou:
— Por que você não fica em casa hoje? Você não está bem pra ir à escola. Lexa, leve-a pro seu quarto pra que ela possa dormir.
— Mesmo? — Os olhos da Lexa se arregalaram.
— Sozinha — a mãe dela entoou. — Vocês duas parecem exaustas, mas você vai pra escola. — Ela pousou um olhar sério em Lexa.
— Mãe…
— Não!
Lexa pegou minha mão e me arrastou pela sala e escada acima.
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Não conte nosso segredo
FanfictionCom o namorado dos sonhos, o cargo de Presidente do Conselho Estudantil e a chance de ir para uma Universidade de Ivy League, a vida não poderia estar mais perfeita para Clarke Griffin. Ao menos, é o que parece. Até que Lexa Woods chega na escola e...