Capítulo 11.

244 25 16
                                    

Fechei as torneiras do chuveiro, mas não ia desfilar seminua até os armários. No entanto…

Ela gosta de mim. Sorri comigo mesma. Imagino se ela…

Meu celular tocou. Antes que eu conseguisse pensar, Lexa falou:

— Deixa que eu atendo.

Enquanto secava minha cabeça na toalha, ouvi-a dizer:

— Quem? Não, desculpe. Para que número você ligou?

Dei uma olhada no meu corpo arrepiado e enrolei a toalha em volta dele, um pouco mais baixo do que de costume. Agarrando meu maiô molhado no chão, caminhei até os bancos, perguntando:

— Quem era? Minha mãe?

— Engano. — Lexa me observou de cima a baixo e deixou escapar um suspiro. Ela levantou de repente e disse: — Preciso de um café. Tenho que voar.

Caí no banco me sentindo envergonhada, exposta. Idiota. Comecei a me vestir.

━━━✿━━━✿━━━✿━━━

No caminho até o jipe, na hora do almoço, quando íamos para o McDonald’s, Ontari falou:

— Ah, mudando de assunto, Clarke, o Finn. Sábado à noite está cancelado. O Wells terminou comigo.

Estaquei no meio do estacionamento.

— Ah, não, Ontari. O que aconteceu?

— A coisa mais engraçada. A mãe dele não me aprova. Disse que sou velha demais para o Wells. Acho que os boatos de que sou uma vadia, chegaram até os ouvidos dela. — O olhar cortante dela me atravessou.

Quê? Eu nunca…

— Ah, desculpe — ela acrescentou. — Uma piranha.

— Ontari! — protestei. Depois, mais calma, falei: — Eu sinto muito.

E sentia mesmo. Ela parecia péssima. Nem sequer usava maquiagem hoje, o rosto estava pálido e manchado.

Ela fitou o horizonte.

— Nunca consigo fazer nada direito. — Os olhos dela se encheram de lágrimas. Estiquei os braços para abraçá-la, mas ela subiu no banco traseiro do jipe, se arrastando para o lado mais afastado e mantendo o olhar à frente.

Josephine e eu trocamos olhares. Acho que Josie já sabia. Ela se acomodou do lado da Ontari e deu um tapinha no joelho dela. Acho que sentia sua dor mais do que eu.

— Sábado à noite? — Finn falou ao meu lado. — O que tinha no sábado à noite?

Ops. Acho que esqueci de contar a ele.

— Nada. Não importa agora. — Ele ia dizer alguma outra coisa, mas eu o cortei dando-lhe as chaves do carro. — Você dirige. — Normalmente Finn ia no banco do passageiro, mas hoje ele havia trazido Coop, então pensei que gostaria da oportunidade de exibir a testosterona.

O McDonald’s estava apinhado de crianças pequenas, berrando e correndo atrás umas das outras no Playland.

Enquanto nós cinco ocupávamos uma cabine nos fundos, falei para Ontari:

— Quer que eu vá à sua casa hoje à noite? Pra conversar?

— Não. Estou bem. Ele é o filhinho da mamãe. E daí? De qualquer modo, já estava me dando nos nervos. — Ela enfiou um canudo pela tampa da Coca diet. — Então, sua amiga sapa vai enviar a proposta para uma Aliança Gay e Hétero? — Ela perguntou.

Não conte nosso segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora