Capítulo 33.

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No domingo, Lexa e eu esfregamos o apartamento desde o teto até o chão. Ou o vapor de desinfetante me deu um barato, ou me manter ocupada afastou minha depressão.

- Mamãe vai mandar mais lençóis, cobertores e toalhas - Lexa falou. - E também coisas de cozinha. Acho que ela se sente culpada por abandonar você.

- Não. - Parei de raspar a crosta de cima do micro-ondas e olhei para ela. - Sua mãe é ótima. Você tem sorte e sabe disso.

Lexa mergulhou a esponja no balde e continuou a esfregar a parede.

- Eu queria pedir pra sua mãe... - Engoli em seco. - Deixa pra lá.

- Pedir o quê?

Suspirei.

- Se ela me contrataria por meio período. Eu preciso de mais dinheiro. Vou precisar comprar comida, pasta de dentes e xampu, tudo. Meu trabalho no Chalé das Crianças me paga uma ninharia.

- Preferia que você tivesse me dito que estava pensando nisso. - Lexa limpou uma teia de aranha que havia colado na sua cabeça. - Mamãe acabou de contratar uma ajudante de meio período. - Mas - ela estalou os dedos - aposto que meu tio contrataria você pra trabalhar no Hott 'N Tott. Ele sempre está à procura de gente pra trabalhar no turno da manhã.

- É? - Minhas esperanças aumentaram. - Isso seria ótimo.

- Vou falar com ele hoje à noite.

Vocalizei meu próximo pensamento:

- Talvez, eu tenha que largar a escola.

Lexa girou nos calcanhares.

- Não. O que está dizendo? Você não pode largar. Tem que se formar! Precisa. Que exemplo seria se a presidente do Conselho Estudantil abandonasse os estudos?

Revirei os olhos.

- Quem se importa?

Ela largou a esponja no balde e veio para o outro lado do quarto. Apertando meus braços, ela me fez girar e encará-la.

- Eu me importo. Você tem que se formar. Tem que ir pra universidade. Tem que pensar no seu futuro.

- Você fala igual a minha mãe.

- Ah, por favoooor... - Lexa parou. Mordeu o lábio. - Não está falando sério, está? Você não largaria a escola por causa disso. Por causa de... mim?

- Não é por sua causa. Não é culpa sua.

- Clarke - ela disse, me sacudindo -, não faça isso. Não faça nada de que possa se arrepender.

Como guardar segredo sobre nós duas? Eu não disse isso. O aperto dela estava machucando meus braços e eu me virei, afastando-me dela.

- Provavelmente não vou sair - murmurei.

- Prometa.

Uma vez que não fiz isso de imediato, Lexa falou diante do meu rosto:

- Prometa!

- Tudo bem, eu prometo. - Caramba.

Sorrindo, ela deu tapinhas nos meus braços e disse:

- Essa é minha garota.

Por que ela me dava a impressão de ser minha mãe, meu pai, minha amiga e minha amante, todos juntos em uma única pessoa? Porque ela era. Ela era meu tudo.

- O que você vai fazer ano que vem? - Perguntei enquanto ela voltava ao seu balde. - Ficar na Escola de Polis ou voltar pra Washington Central?

- Nunca mais volto pra lá. Não posso.

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