Capítulo 25.

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Lexa e eu passamos o sábado juntas. Um dia gloriosamente inteiro. Fomos à Casa das Panquecas para o café da manhã, depois dirigimos até as montanhas e estacionamos. Uma trilha aberta conduzia à Floresta Nacional Arapaho, então seguimos por ela, de mãos dadas e conversando, compartilhando nossos pensamentos mais íntimos, nossos sonhos. Compartilhando-nos. Mal notamos quando a neve começou a cair. Quando voltamos ao jipe, liguei o aquecedor e começamos a nos beijar. Terminou do modo como sempre terminava.

— Lexa — sussurrei rouca no ouvido dela, enquanto nos encolhíamos debaixo de um lençol na traseira do jipe, abraçadas uma à outra e morrendo de frio. — Detesto isso. Precisamos achar um lugar.

— Eu sei — ela disse, ainda respirando pesado. — Ando trabalhando nisso.

— Trabalhe mais rápido — falei.

Na segunda-feira, um coração de papel cor-de-rosa e um bombom Hershey’s Kiss estavam presos com durex na prateleira do meu armário. Ela andava deixando bombons para eu encontrar desde o Dia dos Namorados. No bolso do meu casaco. Na mochila de natação. Impresso na frente do coração, com uma flecha, estava escrito: Por cima. Eu o abri.
Esta noite, meu amor — ela escreveu —, me encontre depois do trabalho. TEMOS UM LUGAR.

Meu estômago deu um salto triplo. De jeito nenhum eu ia esperar até o fim do dia. Josie e Ontari me pararam do lado de fora do centro de mídia, logo antes do almoço. Eu andava me ocultando por ali na esperança de ficar fora do caminho do Finn. Ficar fora do caminho de todos.

— Estamos sequestrando você — Ontari falou, apertando um dos meus braços. Josie agarrou o outro.

— Aonde estamos indo? — Olhei da Ontari para Josie, e elas me carregaram para o corredor.

— A Ilha da Bulimia — Ontari falou. — Também conhecida como minha casa. Estamos tirando o resto do dia livre para fazer cookies de chocolate. Depois vamos comer toda aquela massa e enfiar o dedo na garganta.

— Não, não vamos. — Josie estalou a língua. — Vamos nos dar máscaras faciais e unhas postiças. Talvez fazer luzes nos cabelos. Vamos fazer maquiagem completa umas nas outras.

Meus pés se enterraram no carpete ao final do corredor e nós paramos.

— Não posso. Tenho prova de economia hoje.

As duas gemeram.

— Desculpem — falei, pegando meus braços de volta.

— Então, de noite — Ontari disse. — Sei que você jamais daria o cano no trabalho, senhorita Chata e Responsável, mas a gente pega você lá depois.

— Não. — Balancei a cabeça. — Tenho muita coisa a fazer. — Havia um desenho que eu precisava terminar essa noite. Tinha que ser feito essa noite sem falta.

— Viu? — Ontari virou para a Josie, com as mãos na cintura. — Eu disse que ela nos abandonou como amigas.

— Não — protestei. Por que elas pensariam isso? Porque estive totalmente incomunicável por semanas? Dã.

— Ontari me contou sobre o Finn — Josephine falou. — Você nem sequer me ligou.

Ela soou magoada. Meu coração afundou. Eu deveria ter contado a ela. Inventado uma história qualquer. Mas odeio mentir. Provavelmente, esse é o motivo para que eu seja tão ruim nisso. E meu plano de aperfeiçoamento pessoal não incluía me tornar uma boa mentirosa.

— Por que ele terminou com você? — Ela perguntou. — O que aconteceu, Clarke?

O que eu podia contar a ela? Que me tornei lésbica? Que sempre fui, só não reconhecia? Tudo o que eu podia dizer era… nada.

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