Capítulo 24.

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Tentamos descobrir, entre nossos cronogramas apertados, quando conseguiríamos estar juntas. Lexa ajudava a mãe a organizar festas nos fins de semana e, ocasionalmente, fazia apresentações de arte performática. Escola de Polie não ia para a competição estadual de natação — grande surpresa —, então essa obrigação cairia fora do meu cronograma muito em breve. Durante a semana, o único momento em que Lexa estava livre era depois do trabalho, às onze da noite. Sugeri que nos encontrássemos antes de ir para a escola também.

— A piscina abre às seis e fica vazia até as seis e quarenta e cinco ou sete horas — contei a ela. — Existe esse programa de exercícios para os professores três vezes por semana, mas eles não costumam começar antes das sete.

Lexa gemeu.

— Ei. — Abaixei a aba do boné dela. — Todos nós temos que fazer sacrifícios.

Era difícil me manter longe dela na escola. Ela ainda devia estar me procurando entre as aulas, porque nos cruzávamos nos corredores três ou quatro vezes por dia. Sempre que isso acontecia, ela fazia contato visual e, sem mudar de expressão, apertava um punho fechado sobre o coração. E, todas as vezes, eu sentia um fluxo de eletricidade me atravessar.

Pelas duas semanas seguintes, fui encontrá-la todas as noites. Nossos encontros clandestinos eram no Blue Onion. Depois, Lexa me telefonava para me desejar boa noite e dormíamos com o telefone grudado na orelha. Era excitante, como ter um amante secreto. Ela era excitante. Minha vida aumentou em intensidade.

Uma noite, passei em casa depois do trabalho e Mamãe estava diante do fogão grelhando hambúrgueres.

— Ah, que delícia. — Abracei-a pela cintura. — Estou com tanta fome.

— Chegou uma coisa pra você hoje — ela falou.

— O quê? — Descansei minha cabeça na dela.

— Está na sala.

Fui adiante e fiz cócegas na barriga da Madi, que estava no colo do Kane.

— Ah, meu Deus. — Meus pés estacaram. — Isso é pra mim?

Mamãe ficou atrás de mim, limpando as mãos em uma toalha de prato.

— Seu nome está no cartão.

Nunca havia visto tantas rosas juntas. Devia haver duas dúzias delas, em um lindo vaso de cristal. Rosas amarelas, minhas favoritas. Meu estômago apertou. Não podia ser o Finn. Ah, não. Ele não faria isso. Na última ocasião em que nossos caminhos se cruzaram, ele nem deu sinal de ter notado minha existência.

Do vaso em cima da tevê, retirei o cartão do envelope da floricultura e li:

Para minha namorada. Para sempre. Amo você. C.

— Deixe-me ver. — Mamãe estendeu a mão.

Abracei o cartão junto ao peito.

— É pessoal.

Mamãe sorriu.

— As coisas parecem estar esquentando entre vocês dois. Tenho notado como você está feliz ultimamente. Devo começar a pesquisar os preços de vestido de noiva?

E Kane soltou um:

— Uh-oh.

Meu rosto queimou. Uma pontada de tristeza fisgou meu coração. Nunca haveria um vestido de noiva. Nunca haveria um casamento. Enquanto eu levantava o vaso, Mamãe lamuriou:

— Ah, você não poderia deixar ele aqui pra todo mundo ver?

— Talvez, mais tarde. — Sorri para ela e para o Kane. — Antes, eu queria ficar sozinha um pouco com elas.

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