Dezessete

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ANASTASIA

Um cheiro horrível faz meu estômago dar cambalhotas sem pausa. Sinto uma vontade absurda de vomitar mas tento controlar praticando as respirações profundas que aprendi no curso de grávidas.

Olho em volto e noto pouca coisa. Parece um quarto pequeno com o colchão onde estou sentada e uma janela coberta por placas de madeira que impedem a passagem de grande parte da luz.

Entra alguma claridade pelas frestas da porta na minha frente e consigo ouvir alguns barulhos do outro lado, mas nada que possa me ser útil.

Lembro que me afastei dos seguranças por trinta segundos, nada mais que isso. Vi um body do Mickey em uma das araras e fui olhar. Foi o suficiente para Leila aparecer do nada e me dar uma coronhada na cabeça.

No meu estado quase desmaiado ainda consegui ouvir a voz do meu pai comemorando o feito antes de ser jogada dentro de um carro e tudo ficar escuro.

Escuto passos seguidos de sons de chave. A porta se abre e Ray passa por ela com um sorriso demente e uma bandeja com pão e água.

— Olha só quem acordou. — ele sorri e se abaixa na minha frente, colocando a comida ao meu lado. — Como se sente, Anastasia?

Eu arqueio uma sobrancelha e fico calada. Ele tenta tocar no meu cabelo, mas o afasto com um movimento brusco.

— Coloque as mãos em mim que eu mesma me certifico de arrancar cada um dos seus dedos. — Ray gargalha e agarra um tufo da minha nuca, puxando a minha cabeça para trás.

— Eu no seu lugar aceitaria tudo o que te espera calada, Anatasia. Você não está em posição de decidir alguma coisa, muito menos fazer ameaças.

— Você é um doente. — Ray dá de ombros e enfia o rosto na curva do meu pescoço.

— Sempre te achei tão gostosa, Ana. — sinto sua língua lambendo a minha pele e a vontade de vomitar volta com tudo.

Uso minha força para empurrá-lo para longe. Raymond perde o equilíbrio e cai sentado no chão. Aproveito a oportunidade e tento correr em direção a porta aberta, mas a minha barriga me deixa mais lenta.

Raymond fica em pé rapidamente e me puxa pelos cabelos antes de me jogar novamente no colchão sujo no chão.

— Agora sim você parece um saco de merda. — escuto a voz de Leila e olho na direção do som.

Ela passa pela porta com um sorriso vitorioso e também se abaixa na minha frente. Seus olhos brilham de ódio e ela me dá um tapa forte no rosto.

Sinto uma dor latejante no lado esquerdo da bochecha. Massageio o local e um gosto de sangue vem na minha língua. Toco o canto do meu lábio e uma gota vermelha vem na ponta do meu dedo.

— Isso vai te custar caro, Leila. Vou te esmagar igual uma barata. — ela bufa e tenta me bater novamente, mas seguro seu pulso antes do golpe e acerto um soco no seu nariz com a minha mão livre.

— Cadela maldita.

Leila grita e tenta estancar o sangue com o dorso da mão. Ela continua berrando meia dúzia de palavrões enquanto chora e eu rio.

I Want Your LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora