CHRISTIAN
Meu celular vibra insistentemente enquanto tomamos nosso café da manhã mais tarde do que o previsto. Anastasia enfia um morango na boca e levanta a cabeça, tentando ler o nome no visor.
— Acho que é o seu irmão. — afasto meu jornal e pego o celular, o nome de Elliot piscando na tela.
— Isso não vai demorar, baby. — Anastasia assente, pegando um cachinho de uvas e se levantando da mesa.
— Não se preocupe. Vou acabar de arrumar a minha bolsa e já estarei pronta. — ela se inclina e me dá um beijo na bochecha antes de correr novamente para o quarto.
Suspiro pesadamente e aceito a chamada do meu irmão já sentindo meu coração apertar no peito.
— Espero que seja algo realmente importante. — Elliot bufa do outro da linha.
— A vida não é só sexo, idiota. — mordo o interior da minha bochecha para não rir. — Como estão as coisas?
— Tirando as ligações indesejadas do Ray está tudo bem.
— Ainda bem que tocou no assunto. — Elliot murmura com raiva e um arrepio percorre o meu corpo.
— Como assim?
— Mamãe fez um jantar ontem. Só para a família, nada de especial mas o Ray apareceu do nada e armou um escândalo. Falou coisas horríveis, te acusou de estar tentando acabar com a vida dele. Papai tentou acalmá-lo mas não deu muito certo e tivemos que recorrer à polícia. — engasgo com o meu café.
— O quê? O Ray está preso?
— Foi liberado agora à pouco. Ele deu bastante trabalho e o delegado preferiu mantê-lo por lá durante a noite. — balanço minha cabeça, me levantando da cadeira e caminhando para a sacada.
— Ele falou alguma coisa em especial?
— Tipo o quê?
— Sei lá. Eu entendo que ele poderia ficar chateado pela situação afinal a Ana é a única filha dele, mas essa raiva descontrolada é incomum. — murmuro com um suspiro. — Ele sempre foi tranquilo, me tratava como um filho.
— Eu também achei estranho. Não tinha muito contato mas nas poucas vezes que nos encontramos ele foi gentil. Acha que você pode ter feito algo que o ofendeu de alguma forma?
— Não me lembro de nada. Quando a Carla ainda era viva ela sempre ficava um pouco perto demais mas nada absurdamente estranho. Sempre suspeitei que ela não era muito feliz mas nunca escutei nada.
— Papai está muito bravo, não só pelo escândalo mas principalmente pelas coisas que ele te acusou. — passo a mão livre pelos cabelos e respiro fundo.
— Me ligue se acontecer alguma outra coisa.
— Pode deixar. Mande um beijo para a Ana.
Encerro a chamada e volto para a sala da suíte sentindo minha cabeça malditamente quente. Anastasia sai do quarto com um sorriso gigantesco e corre até mim, envolvendo os braços ao redor da minha cintura.