ANASTASIA
Sinto o braço de Christian ao redor da minha cintura e seu corpo grudado no meu, mas não é isso que me desperta.
Meu celular berra sobre a mesinha de cabeceira. O toque para, mas volta segundos depois. Christian se mexe na cama e também acorda, sorrindo pra mim com carinho e dando um beijo na ponta do meu nariz. Ele afasta o cabelo bagunçado do meu rosto e pega meu celular, passando-o para mim.
Meu sorriso morre ao ver o "papai" escrito na tela. Eu o jogo sobre o colchão como se estivesse em chamas, desespero tomando conta do meu corpo e fechando suas garras ao redor da minha garganta. Christian me olha sem entender e pega meu celular, seu rosto ficando branco assim como o meu.
— Me dá, eu vou atender. — estendo a mão para ele, respirando fundo o máximo de vezes possível numa falha tentativa de me acalmar.
— Tem certeza? Ana, não precisa lidar com isso sozinha. Estamos juntos e vamos continuar juntos, nada e nem ninguém vai mudar isso. Eu sei que você já é maior de idade e não estamos fazendo nada de errado, mas não quero que lide com isso, deixa eu falar com ele.
— Não, Christian. Eu entendo o que quer dizer e juro que aprecio muito a sua tentativa de me proteger o máximo possível, mas eu quero fazer isso. No fundo nós sabíamos que essa hora ia chegar, confesso que não imaginei que seria tão cedo, mas chegou e eu quero resolver isso de uma vez para podermos seguir com as nossas vidas em paz. Quero ter tranquilidade para estar com você e dar início aos nossos planos. — me movo e seguro seu rosto nas minhas mãos, fitando seus olhos. — Eu te amo e nada vai mudar isso.
Christian suspira e me dá um pequeno sorriso, recolhendo as minhas mãos entre as suas e dando um beijo.
— Eu também te amo, garotinha.
Eu sorrio e respiro fundo, pegando meu celular e deslizando a tela, atendendo a ligação do meu pai em viva-voz.
— ANASTASIA! — estremeço com seu grito. Meu pai nunca alterou a voz para mim, nem quando eu fazia alguma merda muito pesada.
Eu engulo, sentindo os braços fortes de Christian me rodearem. Eu olho para ele e me encho de uma coragem que só ele pode me transmitir.
— Bom dia, pai. — minha voz não vacila e saí limpa, desprovida de emoções.
— Bom dia? Pro inferno você e o seu bom dia, Anastasia. Não acredito que está me decepcionando assim. — ele grita cada vez mais alto e tenho certeza que se eu estivesse com o telefone no ouvido já estaria surda.
— Do que exatamente está falando, pai?
— Não se faça de idiota porque isso você não é. Estão era esse o motivo de tanta euforia para ir para Seattle? Quando você começou a se comportar como uma prostituta, Anastasia? — eu ofego, me sentindo tonta por um momento.
— Pai, não é...
— O quê? Não é o que eu estou pensando? Jura? Eu não sou idiota, Anastasia. Você pode até achar que sim, mas não sou. Sempre confiei em você, sempre tive tanto orgulho de dizer que você era a minha filha só pra ir parar na cama do primeiro que apareceu na sua frente. Acha mesmo que ele vai te dar valor? Que vai te honrar? Ele vai se aproveitar de você e quando cansar vai jogá- la aos lobos e seguir a vida dele como se nada tivesse acontecido.