[16] Se cair uma tempestade, se permita cair também

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#YvesFrancesa

As férias de verão lembravam aos pequenos adolescentes de Dongsan, que ainda moravam em uma pacata cidade do interior, lembravam que ainda existiam os idosos curiosos em cada calçada, conversando com suas xícaras de café quentes, prontos para capturar cada cena que se passar na rua, e compartilhar com todos os detalhes aos outros moradores.

Não só eles, como também ainda existiam o sino da igreja, o pôr do sol cheio de esplendor, a chuva de verão, o sono até tarde e os amores que ainda continuam. Dongsan não tinha amor, era o que dizia Jiwoo.

Mas Jiwoo sequer entendia o que seu coração estava sentindo, e isso a matava mais do que qualquer coisa.

Agora, ela podia observar com calma, todos os idosos que gargalhavam nas calçadas, o pão saindo quentinho da padaria dos pais de Hyunjin, as pessoas andando não só em seus carros luxuosos, mas também em bicicletas surradas e cheias de marcas de uso, que carregam consigo memórias também.

Era possível admirar o rio, que corria por trás da igreja e deixava a cidade mais charmosa, a fonte principal que carregava o nome da cidade, a pracinha que gentilmente dividiam com os mais velhos e as crianças, os quais utilizavam de dia. E eles, os adolescentes irresponsáveis, utilizavam de noite.

Nas férias, até mesmo uma folha caindo no chão trazia melancólia. Saudade das risadas e da gritaria nos momentos das aulas, como também a animação para viver novos momentos, aventuras e amores.

O quão corajoso você precisa ser para amar alguém?

Era o que estava escrito com uma tinta spray, na parede traseira da Dongsan Quality School. E no momento, era também o que causava curiosidade nos alunos, por que até então, esse tipo de arte era quase inexistente pelas ruas de Dongsan.

Mas agora era tarde demais, o coração detalhado e realmente bonito ao lado da frase, deixava ainda mais presente a vontade dos alunos de verem mais artes como aquelas.

— Bom dia, Senhora! — Jiwoo cumprimentou uma das velhinhas que estava em frente a sua casa. Havia acabado de fugir da missa, já que havia cantado sua parte e agora queria apenas tomar um banho e descansar.

Porém, ela estava enganada.

Como um bom e rotineiro dia de sua vida, Jiwoo teria uma companhia daquelas.

Bonjour, Ma Chérie. — a francesa anunciou sua chegada, assim que a coreana pisou na calçada de sua casa.

— Bem que o padre falou que o diabo tava a solta. — ironizou, dando de ombros. — Pode ir saindo, Young.

— Não acredito que o padre falou isso olhando pra você, será que ele não sabe do seu segredinho? — Yves tentou rebater, mas falhou miseravelmente.

— Você podia inovar nas respostas, parece que tá fazendo control c, control v do que eu digo. — arrumou o seu vestido branco, levemente estampado com algumas flores nas pontas, e cruzou os braços, encarando a francesa.

— É que eu tô aprendendo o idioma dos fracassados, disseram que você é mestra nisso. — respondeu, dando uma piscadela.

— Filha da puta, pode ir saindo! — começou a empurrar a garota para fora da sua calçada.

O Amor (não) é Uma CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora