#YvesFrancesa
A neblina turva escondia um pouco das montanhas, estava ligeiramente frio, mas Jiwoo não se importava, contanto que estivesse em total silêncio ao observar o sol nascer lento e preguiçoso. Havia dormido boa parte da noite, por mais que odiasse admitir, tinha algum aroma muito bom no casaco de Sooyoung que a fez dormir como um anjo.Acendeu o quarto cigarro, o colocando entre os lábios enquanto andava em direção ao rio. Queria sentir a água tocar sua pele, queria sentir algo vivo dentro de si.
Dongsan era uma cidade pequena, repleta por natureza ao redor e que mesmo assim não era tão admirada pelos moradores. Kim lembrava vagamente de quando passava horas se escondendo de seus pais por meio da natureza, até encontrar o rio.
Um dia deixou a água leva-la e descobriu que dava uma enorme volta pela cidade até chegar ao lado da igreja. O que era bom, ela poderia simplesmente fingir que estava rezando pra sei lá qual entidade.
Chuu sentiu o sabor amargo do suco gástrico em sua boca e o colocou pra fora, vomitou o que nem havia em seu estômago. Percebeu então que a fome estava sendo mascarada pelo quarto cigarro, o sortudo da vez. Se sentia vazia, derrotada e envergonhada, e por tantos motivos que sequer conseguia citar.
— Bonjour, cheminée! – A voz animada de Yves a fez revirar os olhos e lembrar da ideia que teve na noite passada.
Andou até a água e molhou suas mãos, limpando seu rosto logo em seguida. Odiava ouvir a voz de Sooyoung, mas ouvir a voz de Sooyoung rouca às 5 da manhã após acordar, era definitivamente muito pior.
Sentiu a garota se aproximar aos poucos, não só pelo som de seus passos como também pelo perfume francês forte exalando, ocupando o cheiro de cigarro que empregnava em suas narinas sempre que fumava. Essa era uma parte chata de fumar – não que Jiwoo tivesse encontrado tantas partes proveitosas assim –, entretanto, aquele cheiro tirava o seu charme.
— Com certeza ficaria bom em você... – pensou alto o suficiente para sair de seus lábios, e baixo o suficiente para que a francesa pudesse ouvir.
— Dormiu bem? Babou meu casaco inteirinho. – começou a provocar.
— Aquele lixinho que você me deu pra encostar a cabeça? Eu nem dormi com ele. — Deu de ombros, tombando a cabeça para o lado e avistando Yves molhar o rosto devagar.
Depois disso, quis fechar seus olhos pra sempre. Não acreditava no que estava vendo, preferia morrer do que acreditar que Yves estava mesmo tirando a roupa na sua frente. Ha Sooyoung, se despindo na sua frente.
Puta que pariu, eu vou gritar...
— Nada como um bom banho matinal, você vem, ruivinha? – A francesa perguntou, indiscreta e com um sorriso ladino.
Jiwoo estava tampando seus olhos, negava com a cabeça como se estivesse fugindo de algum pesadelo. Mas não, não era nenhum pesadelo, Yves estava mesmo seminua em sua frente, pronta para entrar na água.
E se eu olhasse? Tipo, uma espiadinha não ia matar ninguém...como se eu não tivesse o mesmo corpo que ela, né? Céus, eu odeio tanto essa garota.
— Eu deixo você dar uma olhadinha, Chérie. – Provocou, se aproximando de Kim devagar.
Jiwoo não sabia dizer o que era, se era o perfume francês ficando mais forte, o sol surgindo e batendo em seus corpos, ou até mesmo a água gelada do rio, que molhava seus calcanhares. A única coisa que sabia afirmar era que com certeza, por mais que odiasse Ha Sooyoung, ela era fodidamente linda.
Sentiu o corpo quente ainda mais próximo, as mãos macias lentamente tocavam a sua, o aroma ficava mais forte e adentrava nas suas narinas. Ela conseguia escutar seu coração, pulsar rápido e forte, podia sentir sua boca abrir e fechar devagar, acompanhando sua respiração descompassada. Jiwoo queria tanto apagar Sooyoung de sua frente, que sua presença a impactava ainda mais.
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O Amor (não) é Uma Corrida
Fanfictioncapa e banner por @alasca_ssi | hell graphic Em Dongsan, não existe muitas coisas atrativas, nada além de fazendeiros ricos, velhos fofoqueiros incrivelmente devotos à igreja, e adolescentes perdidos em seus próprios pecados. Em Dongsan, Kim Jiwoo d...