Forty Three

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Let it go

Joel

Tudo aconteceu muito rápido.

Eu me lembro de ter chegado na faculdade com antecedência e encontrado com os meninos logo na entrada. Depois de trocar cumprimentos tipicamente masculinos, nós resolvemos dar um tempo no refeitório até que as aulas começassem. Eu estava rindo de alguma piada horrorosa que Erick tinha contado quando Alison apareceu...

Foi aí que a coisa virou um grande caos.

Porque ela me bateu!

O primeiro golpe foi um tapa. Veio forte e rápido contra meu rosto. Nem tive tempo de me esquivar. O segundo foi um soco. Ainda mais surpreendente, não é? Um perfeito gancho de esquerda. Devo admitir. Forte e rápido também, mas inesperado. Acertou em cheio no meu nariz e nos meus lábios.

Praguejei com a lembrança recente.

Como diabos uma miniatura de garota podia ter uma mão tão pesada?!

Era nisso que eu pensava. Sentado num banco em torno de uma mesa redonda. E com meus amigos tentando me ajudar.

De alguma forma...

- Você acha que quebrou? - Chris perguntou enquanto se aproximava de mim, se referindo ao meu nariz e me segurando pelo queixo para encarar o estrago no meu rosto.

- Não, não! - balancei a cabeça em negação na mesma hora. - Se tivesse quebrado, eu não estaria aguentando de dor.

- Pelo menos isso.

Ele suspirou aliviado, ainda esquadrinhando o meu rosto de cima para baixo, em uma análise irritantemente minuciosa.

- O problema é essa porra de sangramento que não para por nada - Rich comentou, se sentando no banco do meu lado e apoiando os cotovelos na mesa. - Nem o gelo que a gente pediu pro Erick pegar deu jeito.

Soltei um grunhido de dor. Era verdade. Já devia fazer uns cinco minutos que meu nariz estava sangrando sem parar. Eu podia sentir o líquido denso e vermelho escorrendo pelo meu queixo e sujando minha camisa. Além do formigamento insuportável em uma das minhas bochechas. Especificamente na que havia sido atingida pelo tapa de Alison.

Caralho!

- Eu tô vendo... - Chris murmurou com o rosto contorcido em uma careta. - Acho melhor dar uma passada na enfermaria. Isso está feio pra caralho e vai precisar de cuidados! Será que vocês podem levar ele? - estava falando com Rich, Erick e Zabdi agora. Os meninos assentiram prontamente. - Ótimo! Eu tenho outro assunto importante pra resolver.

Ele avisou, me dando uma batidinha de leve em um dos ombros. Então se afastou e girou em seus calcanhares, fazendo menção de andar na direção da saída do refeitório.

- Você vai atrás dela! - afirmei, alto o bastante para que ele conseguisse ouvir.

Christopher parou quase que subitamente no meio do caminho. Depois se virou, me encarando com os olhos cerrados.

Eu engoli em seco.

Merda...

- Eu vou sim, Joel. Como você adivinhou? A Alison é mesmo o outro assunto importante que eu preciso resolver - ele confirmou, se aproximando novamente de mim. - Ou você não viu com ela saiu daqui? Nervosa e chorando pra caralho. Por sua causa!

- Fala sério, Christopher? - quase soltei um riso sarcástico, mas me controlei. - Eu quem deveria estar chorando. Foi ela que me deu um tapa e um soco no meio da cara!

- Porque você provocou e mereceu! Ela não ia simplesmente chegar e enfiar a mão no meio da sua cara por nada. Você deu motivos e sabe muito bem disso, Joel. Falar pra uma mulher grávida de risco que a filha dela estava usando drogas? E insinuar que ela fazia sexo por dinheiro também?! Não que tenha algum problema nisso. Cada um se sustenta do jeito que acha melhor. Não cabe a mim e nem a ninguém julgar. Mas a questão aqui não é essa. O que eu estou querendo dizer é que dessa vez você foi longe demais, Joel. Essa sua implicância ridícula com a Ali passou de absolutamente todos os limites agora. Ela só te deu um tapa e um soco, mas deveria ter deixado o seu rosto arrebentado. Era isso o que eu faria se estivesse no lugar dela. Você é meu irmão e eu te amo pra cacete. Só que não vou ficar passando a mão na sua cabeça enquanto você faz uma merda atrás da outra. Depois a gente vai conversar melhor sobre isso.

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