Forty Seven

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Back to bad habits part 1

Katherine

- Chegamos!

Zabdiel anunciou assim que parou o carro na frente da portaria do meu prédio.

Depois de uma longa e desgastante madrugada na delegacia, nós finamente tínhamos sido liberados. Richard, Erick e Chris voltaram para casa sozinhos. Joel e Alison foram com os pais. E Zabdiel se ofereceu para me dar uma carona.

Ali não tinha aceitado minha companhia e nem a de Christopher. Eu entendia que ela precisava de espaço para digerir todos os acontecimentos da noite. Só que não estava cem por cento de acordo com isso. Não queria tê-la deixado sozinha tão cedo. Talvez porque eu precisasse mais do colo dela do que ela do meu naquele momento...

- Kath? - Zabdiel me chamou, apertando minha perna e me fazendo estremecer por inteira com o contato. - Você tá bem?

- Estou bem.

Confirmei em um sussurro. E não virei a cabeça para encará-lo. Permaneci com o olhar fixo na janela do carro, observando a movimentação de pessoas e veículos que transitavam pela rua como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Tomei uma respiração profunda ao sentir meus olhos se enchendo de lágrimas grossas. Eu estava tentando não ter uma crise de choro. Mas isso parecia uma missão impossível...

- Olha pra mim, Katherine - Zabdiel pediu e se aproximou de mim. Eu não obedeci. Porque não conseguia. Eu mal respirava. Não tinha forças para nada. - Kath, por favor... - insistiu, deslizando as mãos por minhas bochechas e segurando meu queixo delicadamente entre seus dedos. - Olha pra mim, nena.

Finalmente virei o rosto, agarrando seus pulsos com as mãos e percebendo o pulsar acelerado entre meus dedos. Zabdiel me analisou, com os olhos preocupados. E as lágrimas acumuladas começaram a escorrer abundantes por minhas bochechas.

- Nena...

- Isso é tão injusto - ralhei em um rompante, meus lábios tremendo. - A Alison é uma das melhores pessoas que eu conheço. Ela é a melhor pessoa do mundo. Não merecia estar passando por essa merda. Ela não merecia passar por nada de ruim... - meu soluços explodiram altos. - Não é justo!

A verdade era que eu não estava bem. Nem um pouco bem. A percepção de que o que tinha acontecido durante a madrugada não foi um pesadelo me atingiu em cheio. E eu acabei caindo num choro dolorido.

Zabdiel me puxou para perto e envolveu os braços ao redor da minha cintura. Assim como havia feito sempre que eu precisei no decorrer da noite. Ele me abraçou.

Eu me permitir chorar. Tudo o que estava guardado dentro de mim. Com lembranças das últimas horas surgindo como flashs na minha cabeça. Eu chorei com força. Porque estava quebrada. Em mil pedaços.

Zabdiel continuou me abraçando por tempo indeterminado. Ele me consolou enquanto eu desabava em seus braços. Minhas lágrimas encharcaram o tecido de sua camisa. Eu só parei quando já não tinha mais nada de desespero para colocar pra fora. Ou pelo menos era isso o que eu achava...

- Fica comigo hoje? - funguei baixinho, me esquivando do aperto de seu abraço. Zabdiel me olhou com os olhos arregalados e a postura rígida no banco, atônito. - Ainda tem algumas roupas suas lá em casa.

- Você não me devolveu todas?

- Parece que não - soltei uma risadinha abafada em meio às lágrimas. - Mas estou falando sério, Zabdi... - retomei o assunto, fixando meus olhos nos dele. - Não quero ficar sozinha no apartamento hoje.

Zabdiel não disse nada. Não pelos primeiros segundos que se estenderam. Ele apenas passou os polegares pelo meu rosto, enxugando os resquícios do choro recente em minhas bochechas. E não parou de me encarar nem por um momento. Havia paixão, melancolia e saudade em seu olhar. Eu reconheci a confusão de emoções. Tanta intensidade me pegou de surpresa.

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